Vozes do Irão passado ecoa no Irão de hoje
Ebrahim Golestan (1922 - 2023)
Kiarostami, Panahi, Farahi, Rasoulof, entre outros, os “monumentos” do cinema iraniano hoje citados vezes sem conta, não nasceram ontem, nem caíram do céu, integram, sim, um legado construído tijolo a tijolo, reflexo a reflexo. Hoje, aos 100 anos, Ebrahim Golestan, um dos pais dessa modernidade soada em estado de resiliência desde o seu ínicio, despediu do mundo, deixando uma obra que captou a transformação de um Irão, que por mais reformas “sofridas”, viria a culminar naquilo a atualidade nos presenteia (basta ir à notícias e entender do que falo). Resistência, palavra de ordem ou punho erguido, a opção de luta, mas nele, o segue o pensamento-base que Golestan (assim conhecido) incutiu nos seus dramas familiares ou nas curtas-documentais sobre mudanças agrárias ou petróleo em plena combustão. Parte da sua obra foi vista na Cinemateca no início deste ano, em forma de “capturar” a atualidade de revoluções (ou supostas promessas de revolução). Deste lado, com este texto ingrato (diria até despreparado) recomendo o filme que espiritualmente povoa nestas palavras - “The Brick and the Mirror” - um jogo de éticas e moralidades, com responsabilidades que “reflectem” (novamente invocado) um Irão de amanhã.
The Brick and the Mirror (1964)