O Cinema é ar puro do meio rural!
Hugo Gomes, 04.01.21
Em 2019, em conversa sobre o seu filme sensorial e sensação – “Aquarela” – o cineasta russo Viktor Kosakovskiy abordou, sob algum suspense, o seu próximo projeto. Falou-nos de uma obra que prometia ao espectador a impossibilidade de desviar o olhar. Um apogeu de cinema, sem música, climax, personagens, apenas porcos, galinhas, vacas e uma quinta harmoniosa.
Esse filme chegou a nós no último Festival de Berlim, e tem como título – Gunda - um ensaio que poderíamos equiparar a um Bela Tarr animalesco, onde, genuinamente, demonstra-nos o Cinema na sua forma mais pura, e como nós, perante todos os adereços trazidos pelas indústrias, vanguardas ou parâmetros hoje confundidos como linhas-guias cinematográficas, esquecemos dessa mesma elegância. Contra tudo e contra todos, Gunda é Cinema, meio primitivo na sua conceção o que não impede de ser rico e sincero. Talvez seja isso que realmente falta ao Cinema de hoje em dia – a sinceridade e o seu concreto minimalismo!
Torcemos para que Gunda tenha presença nas nossas salas em 2021. Merece e merece muito mais.