Um anjo no Cinema, um diabo na Terra: para Alain Delon a Sétima Arte foi sua e apenas sua.
La prima notte di quiete (Valerio Zurlini, 1972)
Rocco e i suoi fratelli (Luchino Visconti, 1960)
Plein soleil (René Clément, 1960)
Um galã, um “adónis", um “anjo de olhos azuis”, uma figura controversa, uma “besta” disfarçada, um sedutor endiabrado, o “ator mais cool”, o senhor, o heroi e o vilão. Estas e muito mais designações ou cognomes para aquele que foi, em todas as perspetivas, uma imagem incontornável do nosso tempo, do nosso cinema, do conceito tido e fora de Hollywood de estrela de cinema. Alain Delon, com as suas enigmáticas íris azuladas, o rosto angelical petrificado o qual conservou até à sua avançada idade, sucumbiu pelas leis da Natureza, a lição é que nem ele é eterno. O primeiro Ripley do cinema, o parceiro do crime de Melville, o nêmesis da dupla da improvável Charles Bronson e Toshiro Mifune, a outra e conturbada metade de Monica Vitti em desígnios antonionianos, as suas carícias no corpo de Romy Schneider com piscina incluída, a vida, essa, maldita que lhe pesou nos ombros pela condução de Visconti, mais a nostalgia de um leopardo numa das mais belas incursões cinematográficas de sempre. Olhar para Delon é mirar cinema em toda a sua forma, e, tendo em conta o seu “ponto final”, quer o seu lado heroico, quer o seu lado ‘velhaco’, consoante a posição de quem a égide, de momento nada mais importa. O corpo vai, e o espectro, esse, emoldurado no Cinema, persiste. Longe de tudo. O cinema fazia parte do ADN de Delon, não há rosto mais patrimonial destes últimos anos que a dele.
"L'Insoumis" (Alain Cavalier, 1964), filme que serviu de inspiração para a capa do album "The Queen is Dead" da banda The Smiths
Com Romy Schneider em "la Piscine" (Jacques Deray, 1969)
Le Samouraï (Jean-Pierre Melville, 1967)
L’Eclisse (Michelangelo Antonioni, 1962)
Com Agnès Varda na rodagem de "Les Cent et une nuits de Simon Cinéma" (1995)
Le Cercle Rouge (Jean-Pierre Melville, 1970)
Com Charles Bronson na rodagem de "The Red Sun" (Terence Young, 1971)
Com Claudia Cardinale no magnífico "Il gattopardo" (Luchino Visconti, 1963)
Zorro (Duccio Tessari, 1975)
Nouvelle Vague (Jean-Luc Godard, 1990)
Astérix aux Jeux olympiques (Frédéric Forestier & Thomas Langmann, 2008), um dos seus últimos papéis
Alain Delon (1935 - 2024)