Já procuraram os vossos "ovinhos" da Páscoa?
Monty Python and the Holy Grail (Terry Jones & Terry Gilliam, 1975)
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Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...
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Monty Python and the Holy Grail (Terry Jones & Terry Gilliam, 1975)
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De momento não consigo desassociar Dom Quixote de Terry Gilliam. Não pelo cansativo “fado” que se concentrou no realizador e ex-Monty Python para levar a cabo a sua (re)adaptação (para conhecer mais recomenda-se uma espreitadela ao documentário “Lost in la Mancha” de Keith Fulton e Louis Pepe), mas porque encontramos naquela figura decadente e alucinatória um pouco de Gilliam, um homem deslocado da sua realidade que vê gigantes em moinhos, negando a extinção da Idade da Cavalaria, é Quixote de la Mancha como poderia bem ser o cineasta.
O falso-nobre que persegue a sua não-conquistada Dulcineia (uma idéia acima da mulher, da mesma forma que Ofélia foi para Fernando Pessoa), acompanhado pelo seu arrastado escudeiro Sancho Pança, manifestou-se como peça-chave do nosso imaginário moderno, do trágico, da inegável teimosia, e da contracorrente contra manifestações culturais, isto numa obra literária de Miguel de Cervantes y Saavedra, história essa, tal como a distorção hoje vulgarizada de tragédia (ora trágico, ora cómico, conforme o nosso olhar), maleável a diferentes interpretações. Já o cinema de Gilliam (que só não partilha essa multi-perspectiva), mais desprezado do que amado, é um trabalho árduo e hercúleo que condiz com a sua trabalhada designação de enfant terrible do realizador, homem incapaz de cumprir orçamentos, demasiado fascinado por atos maiores que si.
Por entre um seguro “Twelve Monkeys” (1995) e “Brazil” (1985) ou do mais convencional “The Fisher King” (1991), existem assumidos falhanços que nem por isso deixam de ser interessantes e cativantes no sentido da idealização e ambição do projeto do propriamente do resultado final, seja “The Adventures of Baron Munchausen” (1988), “The Brothers Grimm” (2005) ou "The Imaginarium of Doctor Parnassus" (2009), todos distinguidos por uma fantasia algo impenetrável e em seu jeito deselegante, mas que conservam um espírito fértil nunca deveras transposto para o grande ecrã. “The Man who Killed Don Quixote”, em outra medida, é um desastre que respira Gilliam em todos os seus poros, não somente pelo mundo fantástico que choca sem medos com o real evidentemente egocêntrico, mas pela desorganização que a alucinante alternativa dimensional se comporta. Um vertiginoso "agressor" que, de nenhuma maneira, se faz de convidado, ao invés disso, invade-nos, interrompe-nos e intromete no nosso imaginário. Assim, surge entre nós um filme perturbado de produção perturbada - com atrasos e mais atrasos face ao imbróglio judicial - um “conquistador” cansado, linguarudo e ausente deste mesmo mundo.
É cliché resumir a tudo como uma “produção fora do seu tempo”, mas é catastroficamente fora deste mundo, e convém dizer que é preferível um Gilliam assim, que riposta em gigantes invisíveis (acredito que não seja o filme imaginado pelo realizador desde a sua primeira abordagem nos ano 90, mas entre querer e ter vai uma distância), do que um Gilliam domesticado. Nesse sentido, Gilliam é o nosso, e último, Dom Quixote do Cinema.
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