"Do you hear me?"
Universal Soldier (Roland Emmerich, 1992)
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...
Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...
Universal Soldier (Roland Emmerich, 1992)
Mais para ler
Será que vale a pena matutar o porquê de Hollywood continuar a persistir em obras do calibre de “Midway”? O presunçoso documentário-propagandista bélico vencido pelo CGI que descarta qualquer veia humana e emocional e sobretudo tom crítico ao cenário geopolítico evidenciado? Claro que não. Esse tipo de reflexões não faz sentido numa indústria que anseia captar a nostalgia (seja a nível material, seja a nível formal) e a mensagem definida por razões comerciais.
O resultado é mesmo este, “Midway”, que deveria restaurar a fé no "ex senhor blockbuster" Roland Emmerich (“Day of Independence”, “2012”), mas é pólvora que não arde, apenas intensifica as velhas manias de um cinema que não tem importância para as novas audiências, muito menos para as mais experientes. Isso é tão evidente que Pearl Harbor, o grande fracasso militar dos EUA de 7 de dezembro de 1941, é apenas descrito neste cinema como uma via direta para uma retaliação, uma espécie de mensagem motivacional para o ego de um país que então se mantinha neutro perante as atrocidades da Segunda Guerra Mundial na Europa e Ásia.
"Midway” repesca a homónima batalha do Pacífico que, após esse fatídico ataque à Marinha no Havaí, ditou a alteração do rumo do conflito entre os norte-americanos e os japoneses que todos sabemos como acabou. É o pretexto para expor patriotismo cego, coletânea de condecorações e pirotecnia salta-pocinhas sem desenvolvimento alguns das suas personagens… perdão, figuras pedagógicas e estereotipadas (com cabeças de cartaz para justificar um informativo "power point" final). No fim de contas, perante este retalhista narrativo (até Dennis Quaid pede licença para se coçar e sai de cena), a equívoca moral desta "história" é que a Segunda Guerra Mundial foi vencida por “cowboys”, homens de coragem e patriotismo mas sem equipamento de topo, movidos por atos inconsequentes e igualmente emotivos.
Vazio por vazio, "Midway" consegue pelo menos a proeza de nos fazer chegar a sentir uma ligeira saudade do trio amoroso de “Pearl Harbor” de Michael Bay formado por Ben Affleck, Josh Hartnett e Kate Beckinsale. Porque até nele existia um certo fascínio militar e um “esforço” (mesmo em vão) de ficcionar uma história. Aqui, Roland Emmerich apenas ensaia um embrião de videojogo bélico, involuntariamente ridículo e preso às convenções dos “factos reais”.
Mais para ler