Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Cinematograficamente Falando ...

Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...

Cinematograficamente Falando ...

Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...

Táxi!!

Hugo Gomes, 25.11.23

cs88kouz4ea41.jpg

Like Someone in Love (Abbas Kiarostami, 2012)

Johnnycab_Main.jpg

Total Recall (Paul Verhoeven, 1990)

AGmqCQw8YGv1kyhzmb6yVMb26NeRLQ.png

Night on Earth (Jim Jarmusch, 1991)

0dee7814df17af838a71aca56f443f6d.jpg

The Fifth Element (Luc Besson, 1997)

collateral_001.jpg

Colateral (Michael Mann, 2004)

1313948.jpg

They All Laughed (Peter Bogdanovich, 1981)

Taxi-Driver-2.webp

Taxi Driver (Martin Scorsese, 1976)

8a8QjNv3Ziqc2tGjRmq34VEqMjq-1200-1200-675-675-crop

Taxi (Gérard Pirés, 1998)

descarregar.jpg

Taxi (Jafar Panahi, 2017)

taxijack.jpg

No Táxi do Jack (Susana Nobre, 2021)

helpme.webp

Scrooged (Richard Donner, 1988)

a_taxi_driver_main_copy_-_h_2017.webp

A Taxi Driver (Jang Hoon, 2017)

92de35_58cd4a7bc91b46a08d609cde242271f2~mv2.webp

The Day After (Hong Sang-soo, 2017)

Sem título.jpg

It Must be Heaven (Elia Suleiman, 2019)

i641731.jpg

The Bone Collector (Phillip Noyce, 1999)

01-2884.jpg

2046 (Wong Kar-Wai, 2004)

HT_Still.jpg

Happy Together (Wong Kar-Wai, 1997)

234144_1345973.jpg.1500x1002_q95_crop-smart_upscal

In the Mood for Love (Wong Kar-Wai, 2000)

Feliz dia do Pai!

Hugo Gomes, 19.03.23

337008798_751072733321515_3170120300742559862_n.jp

Big Fish (Tim Burton, 2003)

337011657_174202215410382_2197380158413157031_n.jp

Like Father, Like Son (Hirokazu Koreeda, 2013)

337030957_160600940224810_6062842017374487755_n.jp

Star Wars: Episode VI - Return of the Jedi (Richard Marquand, 1983)

337042285_1179420046046962_1462728816289411928_n.j

Adeus, Pai (Luís Filipe Rocha, 1996)

337124959_1202134287110311_4478726944244977133_n.j

The Lion King ( Roger Allers & Rob Minkoff, 1994)

337133586_734219725027965_2298174610992482547_n.jp

The Son (Florian Zeller, 2022)

337139808_910172320122905_610387028790539993_n.jpg

Life is Beautifull / La Vita è Bella (Roberto Benigni, 1997)

337159015_225959713290898_319834541658155584_n.jpg

Ladri di Biciclette ( Vittorio De Sica, 1948)

337160623_1405949700192738_2742009318098493363_n.j

The Pursuit of Happyness (Gabriele Muccino, 2006)

337269837_935604370809556_7282751185680635386_n.jp

The Kid (Charlie Chaplin, 1921)

"Pinocchio": desta vez um filme que não mente sobre o seu legado

Hugo Gomes, 05.11.20

161116851660087b0401b3b_1611168516_3x2_md.jpg

O amado livro infanto-juvenil (mas de contornos negros) do toscano Carlo Collodi, “As Aventuras de Pinóquio”, que muitos de nós o recordamos como a animação da Disney em 1940, foi fruto de muitas imaginações, readaptações e sobretudo tentativas em live-action. De facto, o enredo é agora devolvido à sua terra natal (antes da versão americanizada de Guillermo Del Toro chegar), pelas mãos de um dos incontornáveis autores italianos no ativo (Matteo Garrone), no qual deparamos com um novo propósito do conto, o da redenção.

É cruel regressar a 2002, quando no auge da sua popularidade, o ator e realizador Roberto Benigni (5 anos depois de ter vencido o Óscar em “La vita è bella”), decidiu embarcar numa revisão de “Pinocchio” em ares de Fellini cansado. O pior é que o ator, na altura com os seus 50 anos de idade, assumiu-se como o próprio boneco de madeira que sonhava ser menino de carne-e-osso, deixando o espectador à mercê da sua descrença. O resultado foi embaraçoso e ridículo, levando Benigni a um evidente estado de desgraça (nem mesmo a regressão com “La tigre e la neve” em 2005 o conseguiu erguer a sua anterior ribalta). Portanto, vermos aqui como Geppetto, o carpinteiro responsável pela criação da marioneta sem fios, entende-se como um gesto de misericórdia por parte de Garrone que funciona numa espécie de “refresh” à igualmente exausta e faminta personagem.

Quanto a este “Pinocchio”, com as promessas de uma fidelidade ao tom do conto original (desprendendo de qualquer vínculo imaginativo com a dominante animação do estúdio do Rato Mickey), somos envolvidos num devaneio que preserva a sua ingenuidade e moralidade sufocante, dois ingredientes ao serviço de uma fábula igualmente austera e ambiguamente gótica que joga oscilantemente com uma fantasia interveniente, mas naturalizada. Aliás, o realizador havia tomado notas no seu anterior e exuberante “O Conto dos Contos” (“Il racconto dei racconti”, em 2015), uma adaptação de um conjunto de histórias de Giambattista Basile, de como representar um imaginário apenas traduzido na voz de trovadores, o misticismo bruto e o desencanto em relação ao seu próprio “encantamento”.

Com “Pinocchio”, é aplicado uma alma dignamente rústica no tratamento desta mesma fantasia, e por si, um curioso reflexo antropomórfico na ambiência que as reduz como meros signos de um improvável coming-of-age. No reforço dessa mesma aura, um virtuosismo no sector dos efeitos visuais, desde a caracterização aos esforçados CGI (que nunca tomam a narrativa como gratuita) que concedem a credibilidade deste mundo, demasiado encharcado para a nossa devida contemporaneidade.

É um objeto sem esplendor, mas com afinco, esculpindo um protótipo do verdadeiro coração de “Pinocchio”, a fim de dar o devido descanso às lentes disnescas que imperam na nossa cultura.

Foi culpa da Lua

Hugo Gomes, 10.10.20

la_voce_della_luna.jpg

Não faremos suspense algum em relação ao facto de “La Voce della Luna” (“A Voz da Lua”) ser o último dos trabalhos de Federico Fellini (falecido em 1993, três anos após o seu lançamento). Ou que foi criticado à época e nem mesmo os mais "fellinianos" conseguiram contrariar a tendência. Mas hoje, com a distância do tempo, podemos desenterrar nestes "iluminados lunares" um sereno e triste adeus, o de um homem derrotado por uma indústria que lhe falhara.

Baseado no romance “O Poema dos Lunáticos”, de Ermanno Cavazzoni, que também co-escreve o argumento, “A Voz da Lua” permanece o deambular de um louco, inocente e de perceção encantada perante um mundo em forte e rápida mudança, discutindo com os velhos “amigos”, eremitas de um destino não-concretizado. Nesta jornada, Roberto Benigni (antes do sucesso global de “La vita è bella”) assume este seu papel-tipo, o mesmo que levaria até às últimas consequências em “Pinocchio”. E assim somos paralelizados com o percurso de um cineasta, grande e “mentiroso”, homem forte de um movimento que fortaleceu uma máquina operativa de cinema em italiano.

O brilho do maestro Fellini tenta resistir ao seu possível esquecimento, provocado por um "boom" televisivo que seria um útil instrumento político em Itália e também o carrasco do estilo dito “felliniano”, que soaria cada vez mais caducado perante a chegada de novos autores, estéticas e formalizações. Neste contexto de decadência de um sistema italiano a torná-lo obsoleto, Fellini foi preservado como uma "espécie em vias de extinção", ou, apropriando-nos de “A Voz da Lua”, um lunático convencido que o seu ambiente se mantém intacto ao longo da existência artística.

Hoje, “A Voz da Lua” parece-nos o soneto melancólico de um eventual adeus, mas fora isso, é a sua entropia "felliniana" que o mantêm próximo do brilhante satélite que é o realizador. Aquelas personagens caricatas, excêntricas e convidativas de uma Itália de outros palcos, as constantes invocações do passado que se distancia mais e mais, deixando-nos nus face a um futuro sem filões, são marcas de Fellini recitadas num esforço incansável, mas reveladoras do seu imenso cansaço. Uma fadiga assente em persistência.

É o filme de Fellini mais fascinado com o desencanto à sua volta com o imaginário que criara ao longo de décadas de cinema. É Fellini e basta, mas o Fellini triste e inconsolado. Uma obra que merece uma nova vida para além do seu maldito estatuto. Merece, sim, compaixão.

#Neverforget

Hugo Gomes, 28.01.20

pjimage (6).jpg

Ontem, dia 27 de janeiro, comemorou-se os 75 anos da libertação do campo de concentração de Auschwitz.

Um dia para relembrar e nunca esquecer que experienciamos o Holocausto, hoje cada vez mais fomentando como uma “mera opinião politica” alicerçado a uma certa ideologia que se infiltra nas sociedades ocidentais. Mas não seguiremos por esse caminho tenebroso, a memória é aqui a nossa moral. O “Shoah”, essa palavra sem tradução atribuída de forma a assinalar e distinguir, assume-se como a garantia de que tais trevas não se repetirão. Infelizmente, o “andar da carruagem” segue em direção desses mesmos erros passados.

No cinema, a memória mantêm-se viva, quer no registo documental, quer na ficção, de forma a garantir o “Never Forget” (nunca esquecer).

1956-retrait-du-film-nuit-et-brouillard.jpg

Nuit et brouillard (Alain Resnais, 1956)

22619id_655_049_primary_w1600.jpg

Kapô (Gillo Pontecorvo, 1960)

holocaust_documentary-1024x640.jpg

German Concentration Camps Factual Survey (Sidney Bernstein & Alfred Hitchcock, 2014) 

lavieestbelle3.jpg

La vita è bella (Roberto Benigni, 1997)

https___cdn.evbuc.com_images_87682021_46106069997_

Shoah (Claude Lanzmann, 1985)

84162749_146647490126790_7459374224734420992_o.jpg

Treblinka (Sérgio Tréfaut, 2016)

82956543_146647620126777_4612845616647634944_o.jpg

Denial (Mick Jackson, 2016)

83579013_146647500126789_4874111565344800768_o.jpg

The Boy in the Striped Pyjamas (Mark Herman, 2008)

636199582147845610-596073867_schindlers-list3-1024

The Schindler's List (Steven Spielberg, 1993)