Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Cinematograficamente Falando ...

Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...

Cinematograficamente Falando ...

Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...

#Metoo à moda medieval

Hugo Gomes, 28.10.21

6e64dc37-762b-4c15-810f-e438c06dea3b_5b77ccb0.webp

Basta a entrada do primeiro plano, uma vista aérea sobre um arena gélida e uma Paris medieval, para percebermos que o grande épico do cinema americano se encontra falido, depenado da sua grandiosidade e rendido aos facilitismos e possibilidades da tecnologia. Em “The Last Duel” constatamos que esse género é reavivado com dificuldade, mas nunca verdadeiramente ressuscitado. Nem era isso que pretendia Ridley Scott, o homem que anda anos a fio agarrado a um dos seus últimos grandes êxitos – “Gladiator” –, que opera como o ilustrador de um filme que vai mais além do que a reconstituição histórica.

O relato real de um dos últimos duelos judiciais em França, em 1386, entre o Cavaleiro Jean de Carrouges e o respeitado escudeiro Jacques de Gris, momento histórico que serviu de inspiração a trovadores e a relatórios minuciosos que fecundaram estudos contemporâneos, foi a matéria para as penas de Matt Damon e Ben Affleck, a dupla de atores e argumentistas consagrada por “Good Will Hunting” há quase 25 anos, fazerem um estudo sobre o papel da mulher nesta autêntica era das Trevas.

Em jeito formal, "The Last Duel" descortina-se em três atos paralelos, três perspetivas. Se preferirmos, “verdades” sobre algo que aconteceu, como uma espécie parcial de “Rashomon” (a obra-prima de Akira Kurosawa de 1950). Mas ao contrário da evidente inspiração nipónica, este filme não tende a refletir a essência da verdade propriamente dita, mas sim a denunciar o entranhado e impune patriarquismo que dominava aquela época sangrenta. Aqui, Jean e Jacques (Damon e Adam Driver) combatem pelas suas honras, mas no centro do seu confronto de feira está uma alegada violação, que, como se pode ouvir a certo momento, não é um “crime contra a mulher”, mas "contra o património do seu tutor legal”.

Portanto, “The Last Duel” lava-se nas águas modernas de um revisionismo histórico #MeToo, desafiando-nos a olhar para estes tempos de peste e cruzadas com uma consciência contemporânea, evitando com isto ceder abruptamente ao básico panfletarismo e elevando dramaticamente a visada Madame Marguerite interpretada por Jodie Comer como a recompensa do embate entre homens viris.

Por outras palavras, “The Last Duel” (um título deveras denunciados se pensarmos que Ridley Scott atingiu a sua primeira notoriedade em 1977 com um filme chamado “The Duellist”) é uma tentativa de desmistificação não só do evento histórico, mas de um género que, anos a fio, esteve profundamente centrado no imaginário masculino. Só que, voltando ao início, a contradição é que a espetacularidade cinematográfica deste género está moribunda, tendo perdido o seu poder produtivo para se encostar ao mero artifício tecnológico. Resta o intimismo que se encontra nas personagens e há uma aproximação a isso neste filme, mas, mais uma vez, sublinhe-se, fica-se pela aproximação...

Adeus John Hurt ...

Hugo Gomes, 28.01.17

kane3.webp

The first thing I am going to do when I get back is get some decent food.Alien (Ridley Scott, 1979)

1984_2-1600x900-c-default.jpg

April the 4th, 1984. To the past, or to the future. To an age when thought is free. From the Age of Big Brother, from the Age of the Thought Police, from a dead man... greetings.1984 (Michael Radford, 1984)

MV5BZjM2YzRjYzQtNWRiYi00OTIyLThjNzQtNWQxMjU3MDgzOT

“Catch the midnight express.” Midnight Express (Alan Parker, 1978)

7b5e5167-2a0e-4e04-978c-859eecf15a1e_3360x1542.jpg

“This is the sad tale of the township of Dogville.” Dogville (Lars Von Trier, 2003)

john-hurt-the-elephant-man.webp

“I am not an elephant! I am not an animal! I am a human being! I am a man!The Elephant Man (David Lynch, 1980)

legiao_hO5JdHlLUE6mQ8FiIy7M2uNeXspWc9GfRwYgrxPTS1.

“In the absence of light, darkness prevails. There are things that go bump in the night, Agent Myers. Make no mistake about that. And we are the ones who bump back.Hellboy (Guillermo Del Toro, 2004)

MV5BMGY5MjVhOGQtMTQxZC00NWMwLWI3MWEtYzU1MTQzMzUxY2

“I want this country to realize that we stand on the edge of oblivion. I want every man, woman and child to understand how close we are to chaos. I want everyone to remember why they need us!” V for Vendetta (James McTeigue, 2005)

l-intro-1662995889.jpg

“Oh, no. Not again.Oh, no. Not again.” Spaceballs (Mel Brooks, 1987)

ghows-PA-ea305e42-5a4c-47de-83ab-e21efd96519b-9b5a

“Survivors! Wash yourselves. The water supply section ... wash away the blood …” Snowpiecer (Bong Joon-ho, 2013)

MV5BNTMxMzA5M2MtZjI0Yy00NTVjLWJkMDMtYjUxMmZhMDYxY2

“The powers that be have been very busy lately, falling over each other to position themselves for the game of the millennium. Maybe I can help deal you back in.Contact (Robert Zemeckis, 1997)

Talking Heads!

Hugo Gomes, 27.02.15

vlcsnap-2011-10-04-14h36m09s137.png

Freddy Vs Jason (Ronny Yu, 2003)

maxresdefault.jpg

Alien (Ridley Scott, 1979)

AL.020915.voices1.jpg

The Voices (Marjane Satrapi, 2014)

True_Coola.jpg

Dragon Ball Z: The Return of Cooler (Daisuke Nishio, 1992)

re-animator-head.jpg

Re-Animator (Stuart Gordon, 1985)

Hausu-1977-1.jpg

Hausu (Nobujiko Ôbayashi, 1977)

princessmombidisappointed.jpg

Return to Oz (Walter Murch, 1985)

the_brain_that_wouldnt_die_-virginia_leith_-_photo

The Brain That Wouldn't Die (Joseph Green, 1962)

01c3-wr-mysteries-of-the-organism.jpg

WR: Mysteries of the Organism (Dušan Makavejev, 1971)