Val Kilmer (1959 - 2025): uma estrela demasiado estrela para Hollywood
Segundo a história, após um final CUT, Frankenheimer gritou: “Now get that bastard off my set”, dirigido a Val Kilmer, então uma vedeta reluzente, contagiado pelo próprio estrelato, que numa suposta adaptação de H.G. Wells [“The Island of Dr. Moreau”], em que seria o protagonista, auto-sabotou-se, relegando-se a secundário. Kilmer era assim: galã, rebelde, selvagem, autodestrutivo, os anos 90 poderiam ter sido o seu tapete vermelho, sobretudo depois de o seu cachê ter engrossado com o látex de “Batman Forever”, o que não se cumpriu, talvez por feitio, talvez pela tragédia que o dilacerou – um cancro na garganta. Hoje, o “wingman” mais famoso, o nosso “Iceman”, partiu. Mas, para além das ‘cutucadas’ com Tom Cruise, havia vida na sua arte, e numa Hollywood cada vez mais correta e disciplinada, recordamos a sua indisciplina e despedimo-nos, à memória do seu papel mais icónico (e, para mim, o seu mais convincente holofote), Jim Morrison em “The Doors”, um astro desintegrado por excesso de combustão.