Capitão América e a Guerra Televisiva
‘Apanhado’ num desses canais por cabo, e deixado no ar como “música de fundo”, dou por mim maravilhado ao rever partes e partes de “Captain America: Civil War” no pequeno ecrã enquanto desfrutava de uma ceia, ou melhor, de um jantar a horas indecentes. E nesse vislumbre, deslumbrei-me com a seguinte ideia, há muito decretada, mas comprovada: tudo aquilo que via não se distinguia em nada dos enésimos seriados policiais ou de salvamento que transbordam as grelhas destes mesmos canais. A planificação, muito fechada, a sonoridade tão desinspirada, e até aqueles momentos explicativos do “plot”, com inúmeras reações do recetor da conversa, e além disso, a ação que perdeu a sua grandiosidade (ou se calhar nunca a teve), são características que não fazem avançar o filme do seu propósito de seriado. Recordo Nuno Markl numa das suas intervenções, sempre apaziguadoras e cheias de cultura pop, a defender este universo cinematográfico como “é a minha novela!”. Agora, dou-lhe razão: estes filmes não foram concebidos para o grande ecrã, mas sim para uso doméstico. Ou melhor, Martin Scorsese estava certo e simplesmente tudo aquilo não é Cinema. Até fui para a cama “contente”, recordando na altura da sua estreia o quão fui “massacrado” pelos geeks insaciáveis e proclamadores disto ser cinema “moderno”(?): sempre fora sofrível televisão, sabia-o desde o início. Isso e a Disney não dar a mínima para ambiguidades. A sua “política” (as aspas são importantes para a diferenciação) envelheceu muito mal!