Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Cinematograficamente Falando ...

Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...

Cinematograficamente Falando ...

Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...

Um longo título para nada!

Hugo Gomes, 25.01.19

_MG_9373.jpg

Nicole Brending repesca as bonecas da sua curta-estreia “Operated by Invisible Hands” (2007) para nos trazer o que inicialmente poderia ser indicado como “um retrato do século XXI”. Em jeito de “Vox Lux” (ou talvez não!), este “Dollhouse: The Eradication of Female Subjectivity from American Popular Culture” foca-se na fictícia ascensão e queda de uma jovem estrela pop passando pelos lugares-comuns que tomam forma os tabloides e as tragédias VIP.

Uma criança convertida em astro precoce, pressionada por uma mãe autoritária e controladora, inserida em escândalos sobre escândalos e um turbilhão de decadência ao som das drogas, álcool e sexo desmesurado, elementos que à partida levam-nos à base de muitas das famas “fabricadas” por aí tidas na indústria musical e cinematográfica. Brending expõe esse relato sob a cadência de um mockumentary (falso-documentário), ou falsa-reportagem chique se quisermos especificar, que acompanha em “exclusivo” os tormentos dessa problemática child star.

E a realizadora faz isso através de bonecas, um utensílio artesanal que o afasta da logística comum da atuação e corrompe a ingenuidade de tais brinquedos. Enfim, idéias que em outras mãos e em outras mentes resultariam numa crítica ácida às espinhosas voltas e reviravoltas da celebridade. Ao invés disso, “Dollhouse” proclama-se como um imaturo júbilo por parte da artista que cede à piada fácil, derivativa e ofensiva no ponto de vista que ridiculariza a comunidade LGBT (com a comunidade trans em especial consideração) e às novas gerações, sempre atribuindo-as a indignidade do ofendido fácil. É que na máscara do seu politicamente incorreto, Brending é uma feminista "conservadora" que olha de cima para todos os novos movimentos e ideologias de género (está acima do termo TERF, o qual muitos querem-lhe atribuir).

Com isto salienta-se, deambulando pela sua perversidade fingida e sem noção crítica, e sem paladar a nível cinematográfico (quer narrativamente, como tecnicamente, é tudo uma “brincadeira de crianças”), “Dollhouse” é uma experiência que resulta em inocuidade. Pior, como primeira longa-metragem é um sinal de incompetência. Simplesmente medonho!