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Cinematograficamente Falando ...

Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...

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Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...

As belas trazem a morte consigo

Hugo Gomes, 30.03.19

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Michel Poiccard (À Bout de Souffle, 1960) assim como a “oitava maravilha do Mundo” King Kong são “criaturas” fora do seu habitat natural que deambulavam numa selva de asfalto em busca de uma salvação possível, sob a conveniência de salvaguardar o seu projectivo romance. Ambos foram traídos pelo que mais amavam, consequentemente fuzilados à queima-roupa, sendo o alcatrão, o seu improvisado túmulo. A multidão cerca-os de igual forma nos dois casos.

Os diálogos finais e últimos atos pouco diferem, mas cujas divergências poderiam ser trocadas que mesmo assim preservariam o exacto simbolismo. Enquanto que na leva de Poiccard facilmente ouvir-se-ia “It was beauty killed the beast”, e no caso do símio “Qu'est-ce que c'est, "dégueulasse"?”.

Mas a cerimónia fúnebre está longe da convergência. Num deparamos com a morte da besta, enquanto que o outro é a morte do cinema clássico e a longa vida para o cinema moderno.