Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...
Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...
Mais para ler
Vencedor de um prémio no Festival de Berlim em 2008, “Irina Palm” marca o regresso de Marianne Faithfull aos papéis principais - a atriz e cantautora marcou a Sétima Arte por ter sido possivelmente a primeira actriz a dizer “fuck” num filme, o na altura muito controverso "I'll Never Forget What is Name?” (Michael Winner, 1967), ao lado de Oliver Reed, Carol White e Orson Welles.
Nesta obra de Sam Garbarski, desempenha Maggie, uma avó que por amor ao seu neto, doente e necessitando de um tratamento caríssimo, trabalha numa casa de alterne, não como prostituta, mas sim masturbando homens através de um glorious hole. A sua personagem que inicia a fita sendo conservador e dedicado irá transformar-se num ser mais flexível e sem tabus, ao mesmo tempo que se converte numa estrela no seu ramo, daí o nome artístico “Irina Palm”. No elenco podemos ainda contar com o carismático Miki Manojlovic, o ator de “Underground” (Emir Kusturica, 1995), como o falso-proxeneta da história.
Pelo resumo acima, julgamos estar perante uma premissa motivadora para uma comédia de costumes em jeitos burlescos, mas não, o que encontramos é um drama com todos os ingredientes regidos ao registo de realismo britânico. A curiosidade levou-nos aqui para encarregarmos com a desilusão do seu tom, porém, uma lição pode ser leccionada aqui, entre o cómico e o dramático há uma linha ténue que pode ser encilhada e trabalhada conforme a perspetiva. Talvez a ambição de trazer à luz a verdadeira definição de tragédia pessoal (trágico + comédia), ou os limites do humor e como estes devem ser refletidos na nossa sociedade. É possível encarar isto, só que “Irina Palm” é um filme moderato quanto à sua estética e na sua abordagem, o qual todas as reflexões assumem "muita areia para a sua camioneta”.
Agora, o que podemos extrair na jornada de Maggie, talvez mais por sobrevivência do que demandas libertárias, é o quão conservadora a sociedade (principalmente a britânica) comporta perante o sexo e as possibilidades da sua exploração (em meios legais e de progressão de carreira, obviamente). No final das contas, o interesse do filme está na sua temática e o contacto das personagens para com esta (o desenvolvimento da personagem de Faithfull revela, longe do ativismo e da ideologia, mas a normalização para com aquele ambiente), dos que as suas respostas e questões.
Mais para ler