Lamentos e lamentos ...
Na manhã de segunda-feira, antes do visionamento de imprensa de “Fast X”, alguém que costuma presença neles (sinceramente nem sei se é jornalista ou o que faz na vida, se calhar é só mascote) dirige-se ao enviado do Público, com dedo em riste, reclamando sobre o fraco destaque do seu jornal perante filmes como aqueles que iríamos ver a poucos minutos. “Só querem saber de ciclo de japonês sei lá o quê [óbvia alusão à Kinuyo Tanaka], e esquecem dos filmes que as pessoas realmente querem ver”. Perante as provocações deste ser, o representante do jornal do P vermelho aponta para o cartaz gigante com Vin Diesel estampado e responde: “Estes filmes já estão vendidos antes de sequer estrear”.
Como podemos ver, 90% dos órgãos de comunicação falam de “Velocidade Furiosa”, de Daniela Melchior (das enésimas entrevistas exclusivas) e como Portugal deve-se sentir “orgulhoso” por integrar a trama de um produção hollywoodesca e bilionária. Ninguém quer saber do resto, como Cannes, onde só notícias de Johnny Depp e Indiana Jones parecem preencher as grelhas mais genéricas. Porquê de não passarmos disto?
Relembro de um ano, 2018 para ser preciso, em Cannes, na fila para ver “já não sei o quê” (em homenagem ao ser do parágrafo acima), em que ouvia a conversa de dois distribuidores que comentavam a qualidade do, na altura, último filme de Jafar Panahi ["3 Faces"], até que um deles lamenta: “Estamos aqui a ver estes filmes, muitos deles maravilhosos, e o Mundo só quer saber e falar de ‘Infinity War’.”
Lamentos e lamentos ... é a vida! O romantismo do Cinema é resiliente, o mercado é outra ‘coisa’.