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Cinematograficamente Falando ...

Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...

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A propaganda que nasce do ativismo

Hugo Gomes, 12.12.15

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Começo por descrever Racing Extinction, o novo documentário de Louie Psihoyos, como um filme propaganda. Porém, tal definição nos coloca na ténue posição de como definir os tons propagandistas e o porquê desta obra usufruir de tal tom. Como acontecera com The Cove - A Baia da Vergonha, o anterior e galardoado trabalho de Psihoyos, Racing Extinction explicita um problema a nível global que deveria sobretudo ser colocado imparcialmente para além de qualquer política, ideologia social ou antropocentrismos.

A verdade é que vivemos em tempos negros, tempos em que se discute a crueldade envolto na conceção de um bife, mas que se esquece perfeitamente do desaparecimento não travado de um rinoceronte. Tempos em que se fala do abandono de um animal de estimação mas que se ignora o desflorestamento das florestas tropicais e a gradual exterminação da diversidade biológica que habita nesse ecossistema. Ou seja, Racing Extinction, sem soar como tal, critica o próprio ambientalismo moderno, e implora por uma mudança radical de todos para impedir a chamada quarta Grande Extinção em Massa. Psihoyos indicia um filme sobre os parâmetros do jornalismo de intervenção, demonstrando a preservação como uma atitude pensada que busca a cerne do problema e não comete em atingir o ativismo reacionário.

É triste depararmos com tal situação, o desaparecimento de uma fauna e flora única por este mundo fora, mas para o travar há que sermos melhor do que aqueles que anseiam destruir. Racing Extinction é propaganda sim, e quantas lições dá aos mais variados produtos dessa categoria.