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Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...
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Se Shakespeare vivesse no nosso tempo e tivesse ideias alienadas acerca de realidades alternativas, então a premissa de “Upside Down: Um Amor entre dois Mundos” não ficaria muito longe dessa suposição. A história centra-se no casal Adam e Eden que vivem um romance proibido, não apenas por ambos pertencerem a classes sociais diferentes e a sociedade em que cada um habita, reprova tal relação, mas porque vivem em mundos-gémeos opostos cuja gravidade os puxa para os seus lados.
Um blockbuster independente, como havia citado o realizador Juan Diego Solanas durante a sua produção, “Um Amor entre Dois Mundos” é um exercício visual de perder o fôlego onde graças aos efeitos visuais engenhosos consegue-se criar um cenário criativo, original e na sua forma … belo. Dentro dessa mesma distopia concentra-se uma crítica social onde as diferentes gravidades servem como alusões à distância entre as divergentes classes sociais. Porém, como é o caso de muitos exercícios do foro visual, a fita fica-se simplesmente por um ideia e todo o entusiasmo envolto desta, sendo incapaz de aprofundar não só as mensagens subliminares que se encontram aqui mas também o próprio romance, frágil como o seu rigor narrativo. Narrativa essa que parece ter sido criada com o efeito de única e exclusivamente tirar partidas daquelas lindas imagens surrealistas e do simbolismo para com o romance exposto.
Depois da beleza ser por fim explorada e do conteúdo não possuir mais cartas a dar, o filme faz o seu golpe suicida, decidindo cair num desfecho fácil, incoerente, demasiado preguiçoso e falso para justificar a distopia social. Parece que Juan Solanas tinha razão – blockbuster independente – espírito disso até tem. Vale pelo esforço de Jim Sturgess (enquanto que em relação a Kirsten Dunst ficamos unicamente pelo sorriso) e do carisma de Timothy Spall, porque de resto é simples fogo de artifício!
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