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Cinematograficamente Falando ...

Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...

Cinematograficamente Falando ...

Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...

Dance with my self

Hugo Gomes, 04.02.23

A liberdade de um filme é medido pelo tempo que é dado às personagens para poderem dançar sozinhas. Ou parafraseando uma das obras menores de Ken Loach ["Jimmy's Hall"] - “We need to take control of our lives again. Work for need, not for greed. And not just to survive like a dog, but to live. And to celebrate. And to dance, to sing, as free human beings.”.

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Spider-Man 3 (Sam Raimi, 2007)

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Babylon (Damien Chazelle, 2022)

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La vie d'Adèle / Blue is the Warmest Color (Abdellatif Kechiche, 2013)

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Saturday Night Fever (John Badham, 1977)

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Frances Ha (Noah Baumbach, 2012)

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Pulp Fiction (Quentin Tarantino, 1994)

Ya no estoy aquí (Fernando Frias, 2019)

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Bergman Island (Mia Hanse-Love, 2021)

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Grigris (Mahamat-Saleh Haroun, 2013)

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L'événement / The Happening (Audrey Diwan, 2021)

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Kickboxer ( Mark DiSalle & David Worth, 1989)

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Jimmy's Hall (Ken Loach, 2014)

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Cold War (Pawel Pawlikowski, 2018)

"Ya No Estoy Aqui": outra odisseia de Ulisses ...

Hugo Gomes, 26.01.21

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O candidato do México ao próximo Óscar de Filme Internacional é apenas mais um a confirmar a tendência (para não falarmos de vaga) de um cinema latino-americano (sobretudo mexicano) para retratar manifestações de contra-cultura ou que, à sua maneira, resiste a uma sociedade que agrava as desigualdades sociais e premeia a violência. Esta (outra) forma de luta encontra-se neste filme de Fernando Frias representada por uma designação – Terkos – que se vai materializando para diferentes interpretações, seja a do nome de um bando de jovens delinquentes para o seu atípico gangue ou o próprio mojo, em constante anarquia com o que é socialmente aceite ou automatizado.

"Ya No Estoy Aqui" segue o seu protagonista pseudo-moicano Ulisses (Juan Daniel Garcia Treviño) na sua própria odisséia por uns EUA que está a receber os migrantes de forma pouco acolhedora. O motivo para passar a fronteira está relacionado com a violência do seu meio, impiedoso e não-clemente, que o obriga a se separar da sua família e procurar novas vivências num país de "gringos". Frias filma uma Nova Iorque distante, desconectada, onde o inglês é, por sua vez, uma língua estrangeira. Aqui, nenhum “sonho americano” se encontra ao alcance de Ulisses, apenas a subsistência e a subserviência com que o jovem sempre se revoltou no seu país de origem.

Como acontece com grande parte dos filmes envolvidos numa contracultura, há uma tendência de priorizar a sua estética e exaltar a sua ideologia, mesmo que sejam incoerentes. É o que volta a acontecer com “Ya No Estoy Aqui”, um olhar exótico (a certa altura com alusões ao tropicalismo xamânico) aos problemas dos costumes a que muito cinema mexicano está a ir repescar. Nota-se uma determinação em Frias ao narrar esta história, mas para a sua infelicidade, existe nesta relação intérprete/espectador uma distância emocional, que parte do próprio desinteresse de Ulisses em se ligar com o mundo que o rodeia, sem ser com a sua música de nicho. Entendemos o conceito, mas … e como há sempre o "mas", o espectador sente-se na obrigação de observá-lo como um pássaro raro, o que torna a sua jornada nada mais que um “entretenimento”.

"Ya No Estoy Aqui" é uma obra esteticamente competente, desenvolvida na própria credibilidade e filmada com não-atores, que se expõe não no seu próprio olhar, mas na pluralidade de quem o vai ver. Mas certamente que existem filmes mais desafiantes para a corrida aos Óscares.