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Cinematograficamente Falando ...

Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...

Cinematograficamente Falando ...

Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...

Injustiça à Liga

Hugo Gomes, 15.11.17

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Não se consegue salvar o Mundo sozinho”, nem sequer levar um franchise às costas. “Justice League” adivinhava-se a léguas como um ser atribulado, desde a perda do seu realizador Zack Snyder, que abandonou por motivos de tragédia familiar, mas encontrava-se igualmente pressionado pelos estúdios, o que obrigou a diversos reshoots.

O resultado está aqui: a reunião da equipa mais desejada é um blockbuster automatizado, sem estilo e colado a cuspo de forma a cumprir os requisitos mercantis. E é pena meus amigos, visto que, tal como acontecera com “Suicide Squad”, andam por estas bandas personagens que realmente nos cativam o interesse. É uma barafunda, mas um caos virtuoso. Ou pelo menos aparenta ser, escondendo as suas mazelas e o orgulho ferido, isto após o “tira tapete” a Snyder com o seu Batman V Superman” (um filme que continuamos a defender). A anarquia mesclada com a genica de alguém que tinha algo para mostrar é hoje abalada pela passividade deste ser escorregadio, com escassos vislumbres de reanimação – nem sequer de sofisticação.

Veremos as coisas por este prisma, antes que se condene o trovador ao invés da cantiga, “Justice League” irá fazer dinheiro … muito mesmo … não é o horror, a ofensa declarada ao cinema de entretenimento atual, nada disso. Estamos somente perante uma perda, estilística e progressiva, a um trilho que o poderia afastar da concorrente Marvel (que para ser sincero não tem ficado melhor com tempo, apesar da exceção do bravo “Thor: Ragnarok”). Tudo soa oleado, do mesmo óleo que o estúdio da Disney tem contaminado os seus produtos, um líquido espesso que branqueia aos poucos a sua negritude que tão bem serviria de contraste à rivalidade.

Assim, temos um Jason Momoa a servir barbaramente como Aquaman, um Ezra Miller a entender-se como um antídoto à seriedade contida na trupe, um Ben Affleck cansado do traje e um Ray Fisher com pouco palco, enquanto que Gal Gadot continua a usufruir graciosamente a sua limitação interpretativa. São os “misfits” honrosos que nos convidam a duas horas de ritmos inconstantes, consolidados a um terceiro ato desesperadamente estapafúrdio (contudo, há que relembrar que a DC tem-se preocupado cada vez mais com o elemento civil) e um vilão em CGI que manifesta preocupações quanto ao rigor do produto.

Cai bem dentro da saga, cai mal no panorama do Cinema enquanto entretenimento em evolução.  

Salvando o Mundo! Outra Vez!

Hugo Gomes, 24.04.15

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Depois de “Guardians of the Galaxy” ter expandido o Universo Cinematográfico da Marvel, expondo uma outra equipa de super-heróis, voltemos agora à "velha" trupe num confronto directo com um inimigo comum, ou por outras palavras, mais do mesmo. 

Joss Whedon novamente no leme, contagia toda uma narrativa com as suas intervenções cómicas porém, enquanto que o primeiro "joint event" resultou numa "experiência modesta" (não sejamos esquecidos quanto ao mastodôntico orçamento) e nervosa, com “Age of Ultron”, a confiança está ao rubro. Em consequência disso temos um extensivo prolongamento do enredo, no qual se concentram mais personagens (talvez demasiadas) e respectivos subenredos (acontece tanta "coisa" em simultâneo), apostando assim, numa ênfase dramática mais acentuada. 

É um entretenimento que resistirá no teste dos espectadores, mas infelizmente é povoado por concertantes lugares-comuns geográficos e etnográficos, estereótipos servidos para simplificar todo um Mundo criado. Se prestarmos atenção aos propósitos subliminares do filme, encontramos na iniciativa “The Avengers” um excesso de militarismo, apenas descaindo na figura do mais anedótico dos vingadores, Hawkeye (Jeremy Renner), que comporta-se como um autêntico Tio Sam: "we want you to join in our cause". Mas claro, fazer leituras políticas aqui é quase tão descabido como ir a um restaurante de fast food pedir uma sopa. Avancemos para o próximo episódio.