Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Cinematograficamente Falando ...

Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...

Cinematograficamente Falando ...

Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...

Dance with my self

Hugo Gomes, 04.02.23

A liberdade de um filme é medido pelo tempo que é dado às personagens para poderem dançar sozinhas. Ou parafraseando uma das obras menores de Ken Loach ["Jimmy's Hall"] - “We need to take control of our lives again. Work for need, not for greed. And not just to survive like a dog, but to live. And to celebrate. And to dance, to sing, as free human beings.”.

247166985167.jpg

Spider-Man 3 (Sam Raimi, 2007)

margot-robbie-1-1600x900.webp

Babylon (Damien Chazelle, 2022)

maxresdefault.jpg

La vie d'Adèle / Blue is the Warmest Color (Abdellatif Kechiche, 2013)

saturdaynightfever-1000x600.webp

Saturday Night Fever (John Badham, 1977)

still2_wide-f4478ad9af45dd687aeb8a5258f7ec0a0fd842

Frances Ha (Noah Baumbach, 2012)

tumblr_nxtf72ZQAc1r6lrdfo1_1280.png

Pulp Fiction (Quentin Tarantino, 1994)

Ya no estoy aquí (Fernando Frias, 2019)

f6ec20cd1c21755a1d8f90a420528e7a.jpg

Bergman Island (Mia Hanse-Love, 2021)

grigris.webp

Grigris (Mahamat-Saleh Haroun, 2013)

image-w1280.webp

L'événement / The Happening (Audrey Diwan, 2021)

kickboxer-dance-51.gif

Kickboxer ( Mark DiSalle & David Worth, 1989)

jimmys-hall-2.jpg

Jimmy's Hall (Ken Loach, 2014)

hUr3EpW7AEiDg6B7HMGIGc4iOKUapA_original.jpg

Cold War (Pawel Pawlikowski, 2018)

"Dance to me to the end of love"!

Hugo Gomes, 13.06.19

8_1_2_13.png

8 1/2 (Federico Fellini, 1963)

ddbc4bc83385da373349d3c803eca7dd.jpg

Scent of a Women (Martin Brest, 1992)

swZ3BwYTq1rvgNuePVkyLm4UQv1Ov_by_h264_3800_640x360

Pulp Fiction (Quentin Tarantino, 1994)

transferir.jpg

Mia Madre (Nanni Moretti, 2015)

big_1451905405_image.jpg

 The Lobster (Yorgos Lanthimos, 2015)

verdes.jpg

Os Verdes Anos (Paulo Rocha, 1963)

Sem Título.jpg

Le Notti Bianche (Luchino Visconti, 1953)

"Gotti" - Um Verdadeiro Padrinho Americano, dizem eles

Hugo Gomes, 28.07.18

gotti-crop-1529679463.jpg

Um filme biográfico sobre a vida do chefe do crime organizado John Gotti seguindo as direções óbvias e quase ditadas da award season nunca funcionaria no grande ecrã, e infelizmente esse foi o resultado que obtivemos.

O porquê? A primeira causa da repudia para com este trabalho algo pessoal de John Travolta, produtor e estrela, é a saturação dos códigos do dito cinema mobster, bem reconhecidos por parte do público, e não referimos a nichos, mas sim à apelidada “grande audiência”. A culpa? Bem, de crimes organizados, esquemas e mafiosos, a nossa Sétima Arte está mais que preenchida e nos últimos anos, desviando dos conceitos rasurados da Warner Bros. e do noir dos 40’, Francis Ford Coppolas e Martins Scorseses restauraram todo esse imaginário, transformando sobretudo o crime representado em grandes romances enxertados. Pouco se evolui neste subgénero depois das incursões scorseseanas (e sem esquecer da riqueza drámatica da série Sopranos), e os melhores trabalhos deste campo em pleno século XXI encontram-se refugiados nos autores de velha escola ou em outros cantos do mundo (em Hong Kong tivemos a trilogia “Infernal Affairs” e no Japão a trilogia “Outrageous” de Takeshi Kitano, só para dar alguns exemplos).

Mas voltando ao caso “Gotti”, desde o primeiro plano em que a encarnação de Travolta quebra a quarta parede mencionando os perigos que é viver numa outra Nova Iorque (Viver e Morrer em Nova Iorque bem podia ser um prolongação do célebre filme de William Friedkin), o filme tende em ‘sobreviver’ à deriva do previsível método narrativo agora endereçados ao subgénero. A ascensão e, por fim, queda de um dos “padrinhos” acarinhados fora do imaginário da criação, aliás apesar desta submissão pelo já concretizado, “Gotti” tenta reafirmar-se como o autêntico em muitas das suas compreensões de historieta. “O Verdadeiro Padrinho”, manchete que representa essa sobreposição da figura real acima de qualquer similaridade fictícia, enfim, o retardar da morte de um artista, neste caso de um filme automatizado sem poder de reação nem de ação.

Dentro dessas falhas evidentes, existe pouco trabalho no que requer a aprofundar o ambiente envolto deste John Gotti, desde os secundário que por vezes não saem de simples menções até às encruzilhadas narrativas que não encontram meio termo na sua condução (o início é exemplo disso, sem nunca saber para que lado temporal seguir do registo). É um exercício esquemático, demasiado despreocupado com a sua natureza, e nisso reflete na proclamada crítica jurídica que o último terço poderia representar. Nesse sentido, “Gotti” parece glorificar o homem e os seus crimes ilícitos em prol de um ataque furtivo ao sistema judicial e governamental dos EUA. Por outro lado, ouve-se os bens comunitários por parte da comunidade apoiante deste “padrinho”, mas tal é sentido ao de leve pelo simples facto … novamente mencionando … a ausência de trabalho para além da colagem de factos e eventos, com fins de aproveitar o reescrito cinematográfico.

Quanto a John Travolta, nota-se a caricatura involuntária, o de criar uma figura imponente e ao mesmo tempo cair na ilusão do estereótipo vincado. Por outras palavras, o seu risco é em vão, o ator não consegue libertar-se de uma aprisionada carapaça. Tudo isto leva-nos a considerar que “Gotti” é realmente um produto falhado e sem fôlego para ingressar no grande ecrã … porém, está longe dos “horrores” escritos pelos comparsas norte-americanos vinculados no seu sistema de agregação de críticas. Por entre atentados cinematográficos, já vimos piores daqueles lados. Essa é a verdade.