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Cinematograficamente Falando ...

Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...

Cinematograficamente Falando ...

Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...

Cinematograficamente falando… por mim

Hugo Gomes, 10.07.22

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James Caan em Thief (Michael Mann, 1981)

O papel que sempre entendi por primordial nos textos sobre filmes é o do crítico-divulgador. Descobrimos coisas que nos entusiasmam e desejamos partilhá-las com as pessoas. Levar a que outros sintam desejo de ir ao encontro desses objectos. Falar-lhes com a nossa sensibilidade e alguma contextualização mas procurar que o texto reflicta sobretudo um ponto de vista individual. Quando falamos de filmes também dizemos um pouco sobre quem somos. Nessa medida é também isso que procuro naqueles que leio mais regularmente. Para ter informações gerais sobre qualquer filme apoio-me nas notas de produção. Os textos de crítica servem para encontrar um fio interpretativo, um estilo particular no texto redigido, um determinado modo apreciativo que pode até ser o oposto do meu, mas que reconheço, ao qual dou valor, e que me conduz a um filme mesmo que por contraste.

Independentemente da vaidade de cada um, estabelecemos uma rede de afinidades e de crispações que alimentam o relacionamento fisicamente distanciado mas intelectualmente próximo feito daquilo que vemos e do que os outros nos levam a descobrir. Gosto de uma escrita que seja clara e que não tenha medo das generalizações. Gosto de perceber as razões dos outros para escreverem o que escrevem, como enformam por escrito as suas opiniões, sem o receio de que se torne algo de definitivo sobre eles. Os tempos modernos da escrita para o online devem ter em atenção que todos navegamos em várias direcções em simultâneo, e que ao mesmo tempo que negociamos connosco a atenção a dispensar a um texto, temos já um conjunto de solicitações que lhe podem passar à frente.

Em última análise deve ser a motivação que vem de cada objecto a ditar e extensão da prosa que lhe iremos dedicar. Sou pela ausência de critérios apertados. Quando não se trata de ganhar a vida, cada qual que decida sobre o que quer escrever e a dimensão que terá a sua exposição. Mais cedo ou mais tarde, as ilusões que de início fomentam o nosso entusiasmo serão trocadas por uma concepção mais realista da razão por que fazemos o que fazemos, e a importância que isso terá para o próprio e para os outros. Pensar que sempre que escrevemos o fazemos primeiro e principalmente para nós, parece-me um programa mais duradouro que qualquer outro. A primeira relação que o crítico-divulgador estabelece é consigo mesmo.

 

*Texto da autoria de Ricardo Gross, jornalista na Agenda Cultural de Lisboa e crítico de cinema no site À pala de Walsh.

James Caan, esse patife ... (1940 - 2022)

Hugo Gomes, 08.07.22

O músculo da família Corleone (a sua morte em “The Godfather” foi das mais violentas que presenciei na minha juventude), um ator de fisicalidade cuja essa propriedade foi utilizada como um desafio performativo em “Misery”, e mais tarde, como bem sabemos, Hollywood não lida bem com a velhice dos ‘outros’, um homem relegado ao seu mau humor, sem nunca perder a “pinta”. James Caan atravessou um tempo, diverso de autores, linguagens e estilos, presença reconhecível nos anos 70 que adquiriu dimensão histórica nos anos 90  e no início do novo milénio, até por fim chegar aos últimos anos, demonstrando a sua descartabilidade (papéis relevantes faltaram na sua carreira em término). Mas quanto a isso, não há nada a fazer, só quando desaparecem é que sentimos a falta. Caan, o patife, o criminoso, o intolerável, pelos menos foi essa imagem transmitida anos a fio, e verdade seja dita, era bem bom naquilo que fazia.

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Silent Movie (Mel Brooks, 1976)

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Slither (Howard Zieff, 1973)

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The Godfather (Francis Ford Coppola, 1972)

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Misery (Rob Reiner, 1990)

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Dogville (Lars Von Trier, 2003)

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The Yards (James Gray, 2000)

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Dick Tracy (Warren Beatty, 1990)

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Rollerball (Norman Jewison, 1975)

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The Killer Ellite (Sam Peckinpah, 1975)

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Thief (Michael Mann, 1981)