Procura-se novo "Twilight" ...
Em 2013 deparamo-nos com vários pretendentes para a vaga deixada pela saga-fenómeno “Twilight" na direção do vasto público jovem e maioritariamente feminino. Contudo é em agosto que surge aquele que já é apelidado como o mais forte candidato para tal, “The Mortal Instruments: City of Bones”, a adaptação do primeiro livro da série literária escrita por Cassandra Clare.
Trata-se de um livro que reúne os elementos necessários e básicos da literatura juvenil da moda em sincronização com um teor sobrenatural rico e gótico. Quanto ao filme em si, Harald Zwart, realizador já “pedalado” em território adolescente com as aventuras de Cody Banks e o recente reboot de “Karate Kid” com Jaden Smith como protagonista, não teve mãos a medir no tratar a obra como ela aparenta ser: entretenimento inconsequente para jovens visualmente e esteticamente manipuláveis e com um baixo nível de exigência.
A verdade é que “The Mortal Instruments” é rico em termos cénicos, eficaz nos atributos técnicos e esforçado para agradar a “gregos e troianos”, ou seja, dosear o romance mais bacoco, mas de fácil suspiro para as fãs, com sequências de acção e um toque de terror para aqueles que se encontram de fora neste circulo de devoção. Mas as maiores fraquezas deste “episódio-piloto” não estão na sua por vezes rebuscada história ou produção. Estão obviamente na sua inerência, numa introdução às “três pancadas” e um desenvolvimento algo anorético de personagens e tramas que tornam o filme de Zwart num vazio prolongado e vistoso.
A juntar a isto temos um elenco disfuncional, admitindo também que grande parte da culpa não advém dos atores mas sim da fraca composição de que foram convertidas as personagens para o grande ecrã. Contudo, Lily Collins não tem estofo de protagonista e Jamie Campbell Bower, já habituado a estas “andanças” graças a sua pseudo-experiência na saga “Twilight”, é desequilibrado, ainda que ocasionalmente invoque alguma classe para as cenas mais românticas.
Por fim, são dezenas de personagens secundárias fúteis, descartáveis e desperdiçadas, um triângulo amoroso sem arestas devidamente limadas e uma narrativa fast-forward algo embaraçosa com o objetivo de adaptar o maior número de páginas possíveis que cumprem com o resto da fita. Tudo se resume a uma obra inconsequentemente adolescente, apressada e desleixada. Somente para fãs e talvez nem isso.