Sem Lei nem Ordem, apenas Sacanas ...
Até à data, com apenas uma exceção (“The Man from U.N.C.L.E” merecia um pouco mais de carinho), orçamentos com manobra são prejudiciais a Guy Ritchie. Isto não implica que ele seja um realizador versátil e moldável, até porque o seu estilo, bem vincado nas suas primeiras obras, parece-nos hoje repetitivo e cansativo, no entanto, seguimos em frente com esta sua nova produção - “The Ministry of Ungentlemanly Warfare”.
É o seu “Inglourious Basterds”, uma missão secreta em plena Segunda Grande Guerra, com um bando de arruaceiros ao serviço da “nobre” Coroa inglesa, para pôr fim ao domínio nazi em um ou outro momento crucial (dispositivo reciclado que garanta ênfase a estes spin-offs do tão badalado Conflito Mundial). Com base numa operação real - secretamente ocultada até há pouco tempo (estejam descansados, o filme faz questão de nos situar com as habituais vinhetas) e que, reza a “história”, serviu de inspiração para Ian Fleming e o seu 007 - somos apresentados, desde o primeiro momento, à irrequietação de militares indisciplinados, outros ilícitos, mas todos eles (supra)dotados nos seus próprios ofícios. Não existe muita personalidade por estas bandas, disso é garantido, apenas gallows humours a rodo nos seus métodos pouco ortodoxos, e ainda assim agem para o bem da Nação.
A desviar a atenção de um caricato bigode de Henry Cavill, há no tal cardápio uma versão de Mata-Hari na pele de Eiza González (tal como os restantes do elenco, mera ‘boneca’ sem qualidades personificadas), como já é tradição, um nazi pior que os prŕoprios nazis, aqui, rimando com o mencionado filme de Tarantino, em que o seu dissidente alemão, Til Schweiger, é uma espécie de Amon Goeth higienizado, e a “cereja no topo do bolo”, um Churchill preso a uma caricatura imperceptível (Rory Kinnear). São estes os elementos que, juntamente com pirotecnia e disparos ritmados, formam esta boys band especial sem especialidades.
É dos filmes mais anónimos da carreira de Ritchie, que nem o seu característico frenesim sobressai com o devido direito. Acredito que se trata de outra “encomenda”…