Bosque desecantado
Paulo Branco convida-nos a entrar neste "A Forêt de Quinconces" (“O Bosque dos Quincóncios”), apostando em Grégoire Leprince Ringuet como um imerso talento do cinema mais autoral. Protagonizado pelo jovem realizador, este é um romance pouco convencional que se vai gradualmente afastando do realismo que inicialmente arranca.
A separação violenta de um namoro prolongado anos a fio, o desespero que aproxima o nosso protagonista aos efeitos do conto de fadas e das maldições folclóricas. Envolvendo-se em pedantismo reflexivos quanto à natureza dos seus gestos e as consequências que seguem à deriva das suas decisões. É o cinema que folga os lugares-comuns do realismo formal e segue avante para um território povoado por outros autores, porém, maduros, como é o caso de Christopher Honoré (uma evidente referência neste musical tragicómico). Mas comparar o inexperiente Ringuet a Honoré é quase visto como um sacrilégio. É preciso muita “fruta” para os colocar lado a lado, principalmente na segurança em conduzir este universo nada palpável.
“O Bosque dos Quincóncios” peca por isso, pela insegurança, pelo sufoco de uma réstia de talento que poderia germinar neste mesmo mato. A genialidade não são meras faíscas provocadas pela fricção do enredo e dos conhecimentos cinematográficos que Ringuet parece pôr em prática (entre as quais uma vibrante sequência musical a marcar espaços entre as melhores seleções do cinema recente). As interpretações são, também elas, meras variáveis. O nosso jovem é nervoso quer na direção, quer em ser dirigido … pelo próprio, obviamente. Por fim, existe um certo snobismo algo presunçoso que nos faz estremecer, querendo encontrar a saída deste mesmo bosque, olhando para trás, na busca de possível vislumbre que remete-nos à luz autoral. Se Grégoire Leprince Ringuet será, ou não, um nome a ter conta neste mesmo universo cinematográfico, só o tempo dirá. Mas a previsão após este filme-maçarico é de variabilidades baixas.