Dorme que o teu mal é sono! (III)
Inside Llewyn Davis (Ethan & Joel Coen, 2013)
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...
Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...
Inside Llewyn Davis (Ethan & Joel Coen, 2013)
Mais para ler
Inside Llewyn Davis (Ethan & Joel Coen, 2013)
Mais para ler
The Big Lebowski (Joel & Ethan Coen, 1998)
Vejam como o tempo corre! São nove, os anos que comemoro de longevidade deste espaço que parece cada vez mais fazer parte do meu “eu”. E como cheguei aqui? Um pouco … bem … não quero mentir … muita da teimosia minha em manter vivo este estaminé, mesmo sob as críticas que recebia, nunca baixei os braços e tudo fiz para mantê-lo o mais profissional possível. A minha paixão cinematográfica, que condiz com o meu lado crítico, aquela minha faceta que gosta de criticar tudo e todos, a minha curiosidade de descobrir e explorar os cantos e recantos. O meu compromisso, a rotina criada, a interação que quero manter. E por fim, um agradecimento a quem acreditou em mim e aos meus assíduos leitores que me acompanham há quase uma década.
Agora o porquê da natureza deste discurso, bem, os dias não têm se tornado mais fáceis, e os anos indiciaram menos empatia a este espaço. Pois, o mundo está a evoluir, a blogosfera está a adaptar-se, é um autêntico campo de vida ou morte. As redes sociais apoderam-se destes espaços e mesmo sob o meu esforço em readaptar o Cinematograficamente Falando … a novas gerações, é difícil em confrontação com o meu “eu primitivo”. Aquele que acredita na cinefilia, cada vez mais abalada e desprezada, aquele que acredita que o lugar dos filmes são nas salas de projecção, na “magia” dos festivais de cinema, na continuação do formato físico de home video e nas tertúlias cinematográficas como grandes poços de sabedoria ou confirmação da nossa.
Estes nove anos foram um tremendo alcance, uma luta para manter este espaço vivo. Porém, terão que acontecer algumas mudanças, mudanças que possam tornar este Cinematograficamente Falando … mais expressivo. A ver vamos.
Contudo, um muito obrigado a todos vós, que me acompanham e que nunca deixaram de o fazer.
CONFORME SEJA AS VOSSAS ESCOLHAS, BONS FILMES!
Mais para ler
Em “Inside Llewyn Davis” seguimos um músico folk que, após o desaparecimento trágico do seu parceiro, decide aventurar-se numa carreira a solo, arriscando tudo para o conseguir. É uma viagem que parece adquirir certos contornos de Lewis Carroll, aliás, como já havia referido, são muitos os pontos comuns com a obra datada de 2000 dos Coens (“O Brother, Where Art Thou?”), que se envolve num poço de excentricidades transcrita nas situações que o protagonista viverá ou das personagens que encontra no seu atribulado caminho.
Tudo isto envolvido numa atmosfera que parece rasgar visceralmente a sua melancolia interior, onde a fotografia de Bruno Delbonnel reforça tal sentimento. “Existe uma certa beleza triste na derrota“, já dizia Fernando Lopes no filme “Lovebirds” de Bruno De Almeida, já em “Inside LLewyn Davis”, os Coens conseguem invocar tal poesia da queda, tal filosofia de vida que no cinema norte-americano parece cada vez mais fortalecer os audazes. Este é uma corrente contrária à fixação do cinema local independente em relação ao estereótipo do “loser“. Porém, sabemos que a personagem de Oscar Isaac não preenche tais requisitos. Por vezes de má índole, este é uma figura pela qual torcemos mesmo frente aos infortúnios que o perseguem. Tudo descrito numa interpretação de corpo e alma pelo ator que tem vindo nos últimos anos tem deixado algumas marcas celebrativas. Ele entrega-se a um desempenho dito coenesco, enriquecido com perfomances musicais, emotivas e nada confrangedoras.
Por fim, temos um elenco ao dispor dos realizadores, demonstrando profissionalismo e versatilidade no seu tom; John Goodman, Justin Timberlake, Carey Mulligan, Adam Driver, o há muito desaparecido F. Murray Abraham, e o gato (quem ver o filme irá perceber a menção).
“Inside Llewyn Davis” é pura melodia de rua, triste mas enigmática, um dos melhores dos Coens em muitos anos.
Mais para ler