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Cinematograficamente Falando ...

Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...

Cinematograficamente Falando ...

Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...

Don't Call me Angel

Hugo Gomes, 26.11.19

Não há céu para estes ‘Anjos’, nem boas intenções que o valham! Elizabeth Banks direciona um reinício / reboot desatento às necessidades de uma indústria estancada na (não)criatividade. O que ficou nas nossas mãos é um projeto insonso aos mais diferentes níveis cinematográficos, seja na edição extremamente decoupada sem noção de espaço nas sequências de ação, seja nas “falinhas mansas” de um guião visto e revisto. No final das contas, Kristen Stewart sobrevive em jeito de graça.

Elizabeth Banks toma decisões erradas ... e alguém achou boa ideia fazer disso um filme!

Hugo Gomes, 12.05.14

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He is lying to us, there is no subway in Los Angeles.

Filmes como "Walk of Shame" existem aos "trambolhões", encontrando harmonia no género da comédia que já nos presenteou com propostas mais bem arregaçadas. Chamemos, e aparentemente é assim que ‘gostam’ de ser categorizadas, de malapatas, e dessa incursão algo distorcida à lá Lewis Carroll, damos de caras com exemplos como o seu apogeu "After Hours" (Martin Scorsese, 1985), ou no brainstorm “charrado” de "Harold & Kumar", como modelos de inspiração e de ofegação [de saudades]. O que os une é o simples facto do protagonista (ou protagonistas) tentar chegar a um determinado ponto ou executar uma simples tarefa, o qual torna-se impossível de ser atingida, visto que no percurso "tropeça-se" em impasses intermináveis ou situações caricatas que fariam qualquer um perder o juízo. 

Mas viremos a página, e fiquemo pelo rodapé, ou seja, por este filme de Steven Brill ("Little Nicky", só por isto já não se adivinhava algo de “bom”): as aventuras e desventuras de uma repórter - Meghan Milles (Elizabeth Banks) - prestes a ser promovida, mas cuja promoção está em risco devido a um “simples” contratempo, o de não conseguir chegar à sua estação a horas, após uma noite de "bebedeira" e sexo casual. Escusado será dizer que "Walk of Shame" (tendo "Ressaca de Saltos Altos" como título traduzido) arrasta-se desesperadamente até a fórmula estar completamente extraída. Até lá, temos ao nosso dispor situações previsíveis dentro da comédia norte-americana, gags mais que vistos e revistos, e de claro mau gosto, e todo um conjunto de personagens disfuncionais guiadas somente pelo estereótipo. 

Ao contrário do agonizante mas calculadíssimo "After Hours" (julgo ser o filme mais subvalorizado da carreira de Scorsese, e por um lado uma das suas tomadas mais geniais), "Walk of Shame" não consegue construir um quadro vivo e delirante como prometido; ao invés disso, utiliza a temática da emancipação da mulher enquanto armadura (o alvo é tão incerto que nem se leva a sério esse comentário social). Uma comédia inútil que remete o espectador a uma revisão da carreira de Elizabeth Banks. Mesmo possuindo carisma e um certo brilho nos olhos, parece ligar-se cada vez mais a projetos passageiros sem relevância alguma ou a personagens secundárias de igual termo ("The Hunger Games"). Só desejo as melhoras para a atriz, porque depois desta experiência esquecível será difícil recuperar o estatuto.