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Cinematograficamente Falando ...

Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...

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Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...

James Earl Jones(1931-2024): um ator com voz enquanto corpo, e corpo enquanto voz

Hugo Gomes, 10.09.24

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Com Almirante James Greer em "The Hunt for Red October" (John McTiernan, 1990), papel que repetiria por mais duas vezes (1992 e 1994, ambos sob a batuta de Phillip Noyce)

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Como Balthazar, o Rei Mago, no bíblico "Jesus of Nazareth" (Franco Zeffirelli, 1977)

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Field of Dreams (Phil Alden Robinson, 1989)

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Pilotando o Enola Gay em "Dr. Strangelove or: How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb" (Stanley Kubrick, 1964)

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Foi a voz de Mufasa na animação "The Lion King" (Roger Allers & Rob Minkoff, 1994), repetiu a façanha na versão em hiper-realista de 2019.

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Outra voz célebre, a de Darth Vader, o vilão e "anti-heroi" da saga "Star Wars"

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"Coming to America" (John Landis, 1988)

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"Exorcist II: The Heretic" (John Boorman, 1977)

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Vilão de peso em "Conan The Barbarian" (John Milius, 1982)

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No atípico western "Grim Prairie Tales: Hit the Trail... to Terror" (Wayne Coe, 1990)

Estará na altura de a Disney eutanasiar a Marvel?

Hugo Gomes, 10.11.23

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Há uns dias, a Variety publicou um artigo exaustivo denominado de “Crisis at Marvel” [com assinatura de Tatiana Siegel], que seguindo a trajetória tremida da “fábrica de super-heróis” da Disney desde 2020, tentava ‘penetrar’ numa eventual crise criativa, financeira e executiva. Num dos pontos que vai desde o encolher de ombros à situação de “Blade” (o que faremos com o Diurno?), até ao embaraço envolto de Jonathan Majors e o seu processo judicial (o ator seria o grande vilão pós-Thanos neste novo ciclo) e por fim, a incerteza que o seu novo capítulo, "The Marvels", constantemente adiado, poderia manifestar num box-office que dava sinais de "fadiga" ao subgénero.

Nia DaCosta, a realizadora e recém-sequestrada a esta pretensiosa linha de produção, tentou acalmar com declaração de estarmos perante uma obra colorida e cheia de humor e respeitosa para com as suas personagens, isto, reconhecendo o cansaço deste cinema nas audiências e ainda a expansão do universo Marvel que retiraria o entusiasmo dos espectadores, atribuindo a termo “trabalho de casa” à sua imperativa e entrelaçada continuidade. Com a estreia do filme que prossegue as aventuras da personagem de Brie Larson (Captain Marvel) e consequentemente a novas caras nessas demandas heróicas, apercebemos não só da exaustão no público (isto em época pós-Barbenheimer) como também da limitação palpável que a fórmula parece atingir ou de já ter atingido. 

Diria que foi em 2017 que "Logan" de James Mangold quebraria o subgénero, trazendo a mortalidade como a última pedra da arquitetura; o resto seriam divagações e variações do mesmo, por vezes liderando projetos mais ambiciosos do que os executados ("Endgame", ou melhor a razão para esta crise identitária) e por vezes autorais ("Zack Snyder’s Justice League"), com "The Marvels", somos remetidos às origens da sua própria ambição. Se, por um lado, temos a enésima peça desse universo, palavra que substitui franchise nesses "vales de estranheza", por outro, temos o esquemático, o efêmero e a infantilidade a tomar as rédeas.

Ou seja, se o primeiro ponto leva-nos a uma narrativa em permanente ganchos com os filmes anteriores, os paralelos e agora, com as séries de televisão, do outro, sob o medo e ameaça da “fadiga”, levou-se a um brutal corte na duração, dando a nós o “filme mais curto” da saga. Seria um alívio para as contínuas reclamações de “filmes longos”, principalmente no cinema de super-heróis, é igualmente o calcanhar de Aquiles em todo este projeto, porque com isso somos encaminhados a um rasurado desenvolvimento às três pancadas quanto às suas personagens, sem ênfases nem humanização (mais um vilão para esquecer … oops, já esqueci), e um enredo que nos primeiros 10 minutos já está por si saturado e enfadado. Pois é, mais um macguffin, mais um Fim do Mundo para ser adiado, mais uma equipa, mais uma lição, o mesmo dos mesmo, sem volta a dar. 

O final abre a porta para mais “multiverso”, tema deste arco narrativo marvelesco que vem consolidar a ideia de zero consequências, e ainda a opção de apostar em lides mais joviais, contrariando as audiências fiéis que “cresceram” ao longo destes 15 anos de filmes prescritos e que clamam por variações mais adultas e negras. “The Marvels” é genérico até à quinta casa e em comparação com os restantes “episódios”, é uma parede artística que a Disney terá que derrubar a todo o custo. Porém, outras vozes levantam, e questionam um cenário mais pragmático, o de matar este Universo, dar o seu devido ponto final. Não há vergonha nisso. Agora, transladá-lo para o pequeno ecrã (leia-se streaming em formato série), isso sim, já é vergonhoso.   

A.I. por A.I., no que é que o cinema "original" se tornou?

Hugo Gomes, 29.09.23

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É na atualidade pertinente (com uma greve sindicalista de argumentistas e atores à mistura) que nos chega um filme como "The Creator", uma produção distópica apropriada pela Disney (uma vez que a 20th Century Studios, sem a Fox, é apenas uma fachada), que viabiliza uma luta entre uma sociedade militarista, mas humana (EUA, quem mais?) e uma nação mista com androides de A.I. nas lides de uma insurreição. "A A.I. é 'amiga'", lê-se nas entrelinhas, encontrando refúgio num super-país multicultural situado em territórios asiáticos não definidos (só que reconhecíveis). Oriente contra Ocidente e vice-versa... Que leituras geopolíticas, bem como sociais, podemos fazer aqui!?

Apesar de poucos recursos e financiamento, mas com ideias e cautela em abundância, Gareth Edwards passou de "Monsters" (2010) - um "darling" indie de ficção científica com extraterrestres girafídeos a invadir o nosso mundo e um drama intimista como pano de fundo - para milionários capítulos de sagas duradouras (ora "Rogue One", uma versão lobotomizada de "Star Wars" agraciado excessivamente pelos adeptos, ora "Godzilla", o reboot à americana com espírito nipónico-trash), embarcando posteriormente no meio-termo naquilo que tem sido catalogado como uma distopia original, o que levanta algumas questões quanto aos termos a serem usados, e muito mais nas consequências pós fenómeno “Barbenheimer” ainda por apurar.

A verdade é que é através da sua não-originalidade que "The Creator" transmite uma sensação de frescura, uma mera máscara facial, tal como aquela "vendida" aos seres sintéticos que “sonham com a ovelha elétrica” (saudação a Phillip K. Dick, porque em nenhum momento “Blade Runner” abandonou a minha mente), inspirada por lugares exóticos, como a Ásia vista através de postais ou em coletivas memórias oriundas do nosso século passado (é difícil não pensar no Vietname, sob os seus signos cinematográficos, quando assistimos às inúmeras intervenções militares dirigidas por uma ácida Allison Janney). Nesse sentido, o seu lado não-franchisado - se for bem-sucedido no teste do box-office - poderá promover uma nova onda de produções em Hollywood (a revenda de produções recicladas como "originais", matando a sede de um público em tremenda secura criativa). No entanto, o Cinema não deve ser apenas visto como um negócio, mas também como um veículo de ideias, e, como a ficção científica é um género repleto delas, esperava-se mais do que simplesmente o mero emaranhamento dos velhos tópicos. As ideias estão apenas soltas como borboletas, orbitando em torno do seu objeto graciosamente, porque a maior parte do filme consiste (e insiste) em lugares-comuns, presos a um esquemático mundo construído, e de nariz empinado (ai, “cinema adulto para massas”, julga ele).

São clichés até à quinta casa, reunião de elementos básicos para o espectáculo global, previsivelmente priorizando a emoção (manipuladora) em detrimento da razão, ou, melhor dizendo, da ideologia (escondida naquele molho de choraminguices). E para um filme que aborda questões pertinentes, esperava-se mais discernimento do que instinto contido, mais do que plataformas messiânicas ou sacrifícios heróicos, e acima disso, além de um dominante belicismo. Em suma, "The Creator" fala sobre a humanidade nas A.I. (uma convergência de "espécies", como é referido em certo momento), mas soa como se fosse criação da mesma, seja a nível argumentativo (e narrativo), seja a nível técnico (é preciso ir além do "bem filmado" e considerar que tipo de personalidade, vulgo simbolismos, as imagens nos trazem). É um barrete disfarçado, com mais fama que proveito.

Raya e a automatização do "caça-memórias"

Hugo Gomes, 08.03.21

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É certo que em relação à Disney temos por hábito revelar uma sede insaciável por uma fonte de nostalgia. Memórias agarradas às infâncias de gerações que assumiam as animações disnescas como eventos cruciais no seu percurso de crescimento pessoal e emotivo. Não querendo ser o vilão da história, serei eu a quebrar a “magia” confortante desse limbo – o tempo não volta atrás, por isso é escusado procurar nestas novas produções, uma inocência que nós, enquanto crianças de supostos futuros risonhos, víamos e guardávamos no sigilo da nossa feliz ignorância. Com “Raya and the Last Dragon”, a última criação do estúdio nesse departamento animado, é mais que esclarecedor que tudo é ligado por fórmulas … e valha-nos Deus … já nem sequer esforçam a contornar essa inércia.

Fantasia que une mitologia e folclore do sudeste asiático com uma mensagem clara de Paz Mundial (a utopia servida de solução para um mundo cada mais dividido e polarizado), o filme, que é dos mais adultos desde o fracassado “The Black Cauldron” (1985), é um festim de animação como manda a tecnologia mais avançada hoje disponível, e obviamente, um feito noticiado na representatividade na indústria (as vozes originais estão encarregues a atores asiáticos ou de descendência asiática), mas impedido de avançar nos seus territórios criativos pela imperatividade de uma narrativa formatada.

Infelizmente é este o resultado que nos é oferecido, e ao mesmo tempo não querendo desdenhar a eficácia desses mesmos truques, porém, não encontramos motivos de felicidade no somente “bom trabalho”. Depois de “Soul” (sabendo tratar-se de uma animação com selo Pixar, mas a esta altura do campeonato tudo pertence ao mesmo “patrão”), o arrojo ficou à porta para nos entregar mais do mesmo.

Contudo, há uma lição aprendida no meio disto tudo, a ausência de momentos musicais, possivelmente evitando a exaustiva coletânea reunida no campeão de box-office (mas perdedor criativo) que foi “Frozen 2” (2019). Uma ausência que garante-nos um enredo fluido e sem quebras, como o rio crucial que atravessa toda esta jornada.

Disney canibal de memórias fartas

Hugo Gomes, 12.07.19

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Estão a ver aquele filme de animação de 1994 com o selo Disney que conquistou uma geração, para além do grande êxito de bilheteira que se tornou? Estão? Pois, fiquem com ele bem juntinho ao coração, porque esta "modernice", aliás objeto oportunista, é somente fogo-de-vista. A Disney e o seu constante ato de canibalismo.

"Dumbo": à conquista dos céus, longe do coração

Hugo Gomes, 27.03.19

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Talvez seja difícil falar sobre este “Dumbo” em imagem real sem mencionar o original de 1941, a animação que conquistou o Mundo e arrecadou um importante prémio em Cannes e o Óscar de Melhor Banda Sonora.

Hoje possivelmente um pouco esquecido devido à obsoleta narrativa e do sistema politicamente correto que condena a fase negra "disnesca", foi uma animação importante historicamente que nos remete para a problematização da discriminação em tempos de Guerra. A raça orgulhosa dos elefantes (ou, será melhor, elefantas) que desprezavam o pequenote de orelhas colossais que, certo dia, descobre o dom de voar, poderia servir de uma alusão amenizada aos ideias da supremacia branca doutrinadas pelo sistema nazi. 

Olhando para trás e com uma perspectiva de século XXI, é evidente que em “Dumbo” (a animação), essa contextualização à sua contemporaneidade e ao mesmo tempo, ao contrário do senso comum, é um filme longe do chamado “happy ending” tradicional, visto que a ênfase do elefante voador, surgido de "paraquedas" num último ato (logo após a uma sequência alucinante de bebedeira por parte do nosso protagonista paquiderme), é sobretudo um escapismo ao ambiente vivente da altura. O impossível desta criatura alada é a impossibilidade de uma paz encontrada numa Humanidade em extremo conflito, daí justificar aquele final feliz rompante, caricato e, de certa forma, absurdo para com a coerência narrativa.

Fugindo do longínquo filme original, este novo “Dumbo” é marcado por outras demagogias, nomeadamente mais capitalistas do que criativas. Em plena febre dos "remakes live actions" do seu espólio, a Disney decide contratar o já perdoado Tim Burton (após a curta de 1984 "Frankenweenie", chegou a estar numa espécie de lista negra do estúdio) e atribuir-lhe a batuta desta reimaginação.

Convém sublinhar que “Dumbo” afasta-se do antecessor tentando, através da sua limitação produtiva, encontrar uma liberdade artística. Obviamente que, sendo diferente das cópias exatas que o estúdio lançou nos últimos tempos, o filme de Burton destaca-se dos demais, mas sem isso afirmar a sua superioridade. Descartando-se ratos e outros animais falantes e com foco no elenco humano, esta versão está acorrentada à sua forma de "filme de família" pavoneada com um político correto que se tenta demarcar dos tempos obscuros de 1941.

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Primeiro, o pouco ou desconstruído fascínio pelo ambiente circense, expresso num circo em decadência e um vilanesco Michael Keaton (há traços de Walt Disney aqui) e um contrato faustiano pela apropriação da atração principal (sim, o elefante voador). Não existe mística aqui, tudo decorre como negritude aos mundos dos espectáculos e da hipocrisia de uma suposta crítica ao capitalismo pelo qual vincula na sua jornada narrativa. Por outro lado, próximo do final surge a mensagem de proteção de animais nestes universos e o "castigo divino" aos humanos que cometem essa infração (ao contrário do filme de 1941, onde os atos ficavam impunes). Jogando com esse manual de regras, Tim Burton, despido dos seus gestos "burtonescos", é um mero realizador anónimo perante os "ditames" do estúdio da Disney.

O resultado é um objeto visualmente espampanante (curioso que, tirando os cavalos, não existe nem um animal que não seja fruto de CGI), corrido pelos lugares-comuns do filme domingueiro e com personagens vazias que servem apenas de utensílios para a emancipação da nossa estrela de quatro patas (mesmo que Danny DeVito e o atrapalhado sarcasmo correspondam exatamente às expectativas). Uma exceção: quando o antagónico Michael Keaton assiste pela primeira vez à planagem pelos céus e com isso agradece o regresso à infância e à novamente crença no impossível.

No fim, quer narrativamente, quer visualmente, quer criativamente, é com filmes como este "Dumbo" que nos fazem acreditar que nada nos surpreende nestas versões em imagem real da Disney.

Personagens gays na Disney ... ou muito barulho para nada

Hugo Gomes, 18.03.17

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"The Beauty and the Beast" (Bill Condon, 2017)

No ano passado, num divulgado trailer de “Finding Dory”, era possível ver duas mulheres com uma criança, imagem essa, que instantaneamente foi deduzida como um casal de lésbicas. A homossexualidade iria por fim entrar no universo Pixar, um prenuncio que suscitou euforia para a comunidade LGBTQ e profecias de destruição moral por parte do leque mais conservador. Até à sua estreia, “Finding Dory” usufrui deste tipo de publicidade, positiva ou negativa, consoante a perspetiva e ideologia de cada um. O resultado foi, simplesmente, fogo de artifício, as duas personagens nada de relacionado davam a entender. Para algumas publicações e órgãos de comunicação, a oportunidade foi vista como um total desperdício.

Um ano depois, não propriamente no seio Pixar, mas nos estúdios Disney, o anúncio de por fim, uma personagem gay neste Universo, levantou, igualmente, muitos festejos como também reações espontaneamente negativas em relação à nova versão de “The Beauty and the Beast” (“A Bela e o Monstro”). Desde a boicotes, censuras em cinemas norte-americanos, alterações da classificação etária em território russo, adiamentos na estreia em alguns países como a Malásia, de forma a conseguir cortar a respetiva sequência, ou seja, o Mundo ficou de pantanas ao ter conhecimento numa persistência homossexual nas produções dirigidas a famílias.

Será isto uma ameaça real aos velhos valores morais, ou tudo se deve ao facto de vivermos num Mundo cada vez mais governado pelo populismo e por mentalidades arcaicas? Que perigo encontraremos numa personagem destas num filme orquestrado para uma vasta gama de audiências? Caros leitores, antes de mais, não existe qualquer perigo nisto. Mais uma vez, a oportunidade foi desaproveitada, a dita cena “homossexual” é vista por breves segundos e utilizado como um veículo cómico (quantas comédias é que utilizam a homossexualidade como gag e são devidamente aceites em sociedade conservadoras?), provavelmente de forma a não prejudicar o frame-to-frame que o filme ousa em assumir-se. O veredito é que até nesta vertente de ser avant-garde do cinema familiar, “A Bela e o Monstro" converte-se igualmente conservador e reservado nesta matéria.

Sendo assim, a Disney provou ser capaz para tocar no tema, e sem precisar de grandes anúncios, veja-se por exemplo na chuva de beijos num segmento da série infanto-juvenil “Star Vs the Forces of Evil”, que sim, passou na televisão e não usufrui de igual mediatismo.

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Star vs. the Forces of Evil (2015 - 2019)

Perdendo o ar da sua graça ... pelo conformismo

Hugo Gomes, 17.03.17

MV5BMTU5NDEyOTkwNl5BMl5BanBnXkFtZTgwNDAyOTE1MDI_._Temos efeitos visuais, cenários grandiosamente artificiais, um elenco que está ali para cumprir o cheque e zero em criatividade. The Beauty and the Beast chega quase a ser um frame-to-frame da amada versão animada, aquela que resgatou a Disney das ruas da amargura. É um filme espalhafatoso que demonstra o quanto o estúdio está empenhado em manter a sua rigor mortis de conformismos mercantis.