Fellinihead ou Lynch Vita?
Federico Fellini com David Lynch e Isabella Rossellini durante a rodagem de “Intervista” (1987)
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Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...
Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...
Federico Fellini com David Lynch e Isabella Rossellini durante a rodagem de “Intervista” (1987)
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Silencio, No hay banda!
… e agora? Quem nos dirá o tempo?
Quem interrogará o primata até sabermos o que Jack realmente fez?
Quem nos aterrorizará com prematuros fetosos ou bochechas gigamórficas?
Quem nos conduzirá pela rota das especiarias de Arrakis, ouvindo pensamentos e a salivar por Sting emergindo de vapores?
Quem poderá decifrar o mistério daquele tronco?
Onde está Laura Palmer?
Porquê que David Bowie desapareceu num estalar de dedos?
Porque ninguém o ouve?
Quem nos elucidará sobre as perversidades atrás das cortinas e dos veludos azuis?
Quem nos ensinará o que é ser humano, mesmo que as feições sejam monstruosas?
Quem criará coelhos antropomórficos e os soltará numa Hollywood incendiada pelas mais nefastas coincidências?
De que tem medo Laura Dern?
Quem se esconde no beco do dinner?
O que têm em comum cowboys e franceses?
O que está na caixa?
Para onde nos leva a estrada perdida?
Seguindo em frente, alcançaremos a felicidade?
Enigmas para os quais não desejo respostas. Desejo apenas que se mantenham como tais, enigmas. Eternos enigmas. Porque Lynch, um dos senhores absolutos da minha cinefilia (se tivesse cinco euros por cada vez que vi “Mulholland Drive", conseguiria pagar um jantar a uma equipa de futebol no Gambrinos), preencheu o meu mundo com tais mistérios. Foi com ele que, em tenra idade, descobri que o cinema não era em linha recta. Era algo além da compreensão imediata, um território onde nem todas as questões precisam do seu par solucionável.
Curiosamente, quase como uma madalena proustiana, foi perante uma turma de adolescentes que falei pela primeira vez sobre Lynch. Sobre “Twin Peaks", sobre “Dune”, sobre “Eraserhead”. Abordei Laura Palmer e os cavalos misteriosos que surgiam no seu quarto. “Sexo com solípedes?”, perguntou, chocado, um colega – estávamos na Escola Agrícola, daí o palavreado. Ficaram atónitos com aquelas descrições. Eles, sedentos de um cinema escapista, tão comestível quanto possível, não conseguiam conceber que algo tão delirante, tão ilógico, tão críptico pudesse brotar de uma tela.
David Lynch, o cineasta que, nos últimos tempos, tem sido negado financiamento – uma mostra de que mistérios estão a faltar numa Hollywood cada vez mais em linha recta.
A ti, Lynch, as memórias, a minha perplexidade, a minha vénia. Espero que o tempo esteja maravilhoso onde quer que estejas. Possivelmente um tempo lynchiano!
David Lynch (1946 - 2025)
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Wanda (Barbara Loden, 1970)
Tão distante, tão perto. A década de 70 afasta-se cada vez mais da nossa contemporaneidade, contudo nunca se falou tanto, ou igualmente se repescou, aqueles anos como agora. Saudosismos, reavaliações, ou as lições embutidas que as promessas do amanhã anotam como suas, este período, marcante para várias artes além do cinema, refletiu numa subversão e consequentemente numa ruptura das velhas fórmulas e estéticas acompanhadas pelo teor “Novo Cinema” que difundiria pelo mundo afora desde os 60. Nos EUA, a sua nova vaga foi entardecia para a década seguinte, abraçada por “movie brats” e denominada por “Nova Hollywood”, a frente contra a decadência do velho sistema e a imposição de novas vozes, personagens e historietas, assim como novas preocupações, quer sociais e políticas, desencantando a ficção tida cinematográfica. Apesar da relevância desta onda, o cinema norte-americano não viveu apenas de “Novas Hollywoods”, mas dificilmente mesmo é ignorar essa sua influência nos mais diferentes quadrantes.
Sendo assim, voltamos ao Alvalade Cineclube, que ano passado nos presenteou com uma rota ao cinema dessa década. Nesta sequela, tendo arrancado no passado dia 8 de novembro com “Wanda” de Barbara Loden, seguimos pela Nova Hollywood e as suas ramificações, com tempo para “truques” de kung fu e pesadelos paternais. Com quatro sessões, e desta vez decorrendo no Cinema Ideal, o ciclo “América ‘70” prossegue nesse cenário cinematográfico de outros tempos e de novos entusiasmos. Falamos novamente com o programador Bruno Castro sobre a mostra, eventualidades e possibilidades.
Voltamos à tão aguardada segunda ronda pela América dos anos 70, aqui, ao que parece, ocasionalmente nos desviamos da trilha da Nova Hollywood que estava tão presente na primeira parte. Como foi feita a seleção dos filmes para esta "sequela" e qual a razão por trás da escolha destes títulos específicos?
Ficamos a pensar nesta questão da sequela depois de, há um ano atrás, teres perguntado especificamente se fazia sentido voltar a repetir. Foi algo que ficou em cima da mesa. A ideia desta vez foi, em primeira instância, manter a possibilidade de contarmos com uma visão feminina dentro do programa, e é aí que surge o “Wanda", da Barbara Loden. Quando há um ano tínhamos passado o filme do Cassavetes - “Mulher sob Influência" - constatamos que deveríamos ter esta possibilidade de termos um olhar feminino naquela década, e achámos “Wanda" a escolha totalmente óbvia, até porque não é um filme muito visto em tela em Portugal, apesar de ter passado algumas vezes, não é muito disseminado … não é fácil também devido a questões de direitos e afins. E a cópia que existe habitualmente em Portugal é em película, não foi o nosso caso que contamos com uma cópia digital.
A partir daí, desta vez, a intenção foi de facto fugir um bocadinho da ideia da Nova Acrópole, daí surgindo títulos como o “Enter the Dragon", do “Eraserhead", e , por fim, do “Blue Collar". Tentamos a outra fase da moeda dos 70's. Não insistir apenas nesta ideia da Nova Hollywood, ou seja, não fazer uma sequela direta, mas encontrar dentro da década de 70 pistas para aquilo que aconteceu depois. E daí também, por exemplo, a questão do “Eraserhead”, o início de carreira do David Lynch, que nós possivelmente não associamos o próprio Lynch aos 70's, mas as ‘coisas’ começaram daí.
Eraserhead (David Lynch, 1977)
É uma evidência da década de 70 ser um espaço de liberdade criativa, ou seja, não só do ponto de vista formal, não só desta possibilidade de surgirem novos realizadores com novas abordagens, fora daquilo que eram os mecanismos normais dos estúdios e da forma de fazer cinema, como também do ponto de vista artístico, se quisermos. Este espaço enorme de liberdade onde parecia não haver grandes convenções: e quer o “Eraserhead”, quer mesmo o “Enter The Dragon”, são bons exemplos dessa ideia de liberdade e, portanto, focamos nessas possibilidades, não fugindo da ideia das personagens e das narrativas, e deparando com outras linhas de discussão e, devido a isso apresentamos outros tipos de convidados desta vez.
No caso do "Eraserhead" vamos contar com Vasco Araújo, artista plástico, pintor, precisamente porque queremos olhar para os filmes de outra perspetiva e de não estagnar num sítio tão cinéfilo puro e duro.
Ao explorar novamente esta América, descobrimos que existe um público interessado nas propostas e no cinema deste período. No geral, como correu o primeiro ciclo de exibições? As expectativas foram cumpridas?
Sim, foram aliás cumpridas e ultrapassadas. Em primeira instância o conceito da década de 70 era que era uma premissa muito nossa, mas foi muito interessante perceber que há vários tipos de público para este tipo de iniciativa e por exemplo, no ano passado, na sessão do “Taxi Driver” deparamos com jovens de 16, 18 anos que nunca tinham visto o filme e muito menos em tela, e cinéfilos infiltrados com 60 anos, que não só viram o várias vezes, como ainda desejavam lá voltar.
E, portanto, eventualmente a cinematografia americana de 70 tem esta capacidade, esta elasticidade de chegar a públicos muito diversos e de os "resgatar" por uma abordagem de cinema que é bastante diferente. E isso significa que de facto, aquele ciclo correu muitíssimo bem e como tal decidimos regressar a ele. Era uma aposta sedutora, nós gostamos sempre de correr alguns riscos depois e ao mesmo tempo perceber a existência de audiências possíveis para este tipo de iniciativas.
Confesso que fiquei surpreso por ver “Enter the Dragon” nesta mostra, não porque não faça parte do cenário cinematográfico americano da época, mas porque parece destacar-se em termos de estilo e perspectiva política-social, em comparação com os outros filmes. Bruce Lee e a sua equipa poderiam justificar um ciclo de artes marciais? E já agora como olha para esse subgénero numa óptica de importância (ou não) cinematográfica?
Olhando para o “Enter the Dragon” … Bom, em primeira instância, a ideia de surpresa, nós gostamos sempre de ter um joker no meio destes ciclos. Ter algo que de facto nos aufere aquele sentimento WTF. No ano passado foi através do "Car Wash", um filme muito diferente dos restantes do ciclo, este ano acontece com o caso “Enter the Dragon", até porque o trabalho do Bruce Lee está completamente associado ao Hong Kong e aqui contamos com uma produção americana, devido à possibilidade da América de 70s acolher produções que não tinham necessariamente a ver com o seu próprio contexto, sendo outro espaço de liberdade que não sabemos se voltou a repetir depois.
Bruce Lee e a sua equipa poderiam justificar um ciclo de artes marciais? E já agora como olha para esse subgénero numa óptica de importância (ou não) cinematográfica?
Temos dúvidas, ou por outra, o Bruce Lee claramente podia justificar um ciclo de artes marciais, temos dúvidas se existiria público para esse efeito. Parece existir um goodwill muito grande relativamente a este tipo de filmes o que não reflete necessariamente em público, e portanto, dificilmente olharemos para essas questões, sobretudo as questões de género ou de subgénero que colocas na ótica de importância cinematográfica. Tem mais a ver com a possibilidade da sua contextualização, mais do que outra coisa.
Enter the Dragon (Robert Clouse, 1973)
Não temos a certeza de que o cinema de artes marciais seja um subgénero cinematográfico, sinceramente, mas estamos seguros de que ele teve, em certa medida, um contexto específico, bastante concentrado, apesar de existirem exemplos ao longo do tempo. Existe um período muito específico desse ponto de vista, no qual havia a capacidade de integrar a dimensão das artes marciais com outras componentes narrativas, entre outras abordagens. Isso, de alguma forma, foi-se diluindo ao longo do tempo ou viu surgirem outras abordagens um pouco distintas, algumas mais plásticas e visuais, outras mais focadas na tradição asiática, o que não era o caso das propostas que referi, e assim por diante. Mais adiante, temos alguns exemplos ligados à comédia slapstick.
Não estamos inteiramente seguros que isso possa fazer sentido. Pode fazer sentido sim encontrar objetos que, num outro contexto como este específico, podem encaixar e fazer sentido para audiências, mas não enquanto proposta muito concreta. Portanto é uma ideia que eventualmente não fica assim tão a pairar.
É inegável que Paul Schrader continua a desempenhar um papel direto e indireto neste prisma cine-americano, como demonstrado por um dos seus filmes mais reavaliados, "Blue Collar".
Nós queríamos ir ao Paul Schrader há algum tempo. Interessa-nos a sua faceta enquanto realizador, visto que Schrader argumentista, encontra-se mais visível, o seu trabalho está muito revisitado. Interessou-nos ir a uma visão direta de realização, e mais antiga, claramente, até porque o Paul Schrader recente não estamos a avaliar qualitativamente, é diferente.
Este “Blue Collar” tem uma série de características muito interessantes, a questão do dilema moral dos personagens. O próprio Richard Pryor, que acaba por ser uma espécie de grande figura ali no meio, que se foi perdendo depois ao longo do tempo de outra forma, interessou-nos esta lógica também ligada a um movimento sindical e a forma como ela era vista e trabalhada, e portanto também vamos ter na sessão do “Blue Collar”, Manuel Carvalho da Silva, ex-dirigente da CGTP, para a conversa e trazendo com isso um ângulo muito laboral, um outro olhar para este “Blue Collar” e isso interessou-nos mais do que outra coisa.
O que poderá dizer sobre os convidados? Que tipo de dinâmica espera criar através dessas interações?
Sobre os convidados … o que tentamos sempre é ter convidados, até este ano mais que a do ano passado, e com poucos especialistas. Não gostamos da ideia de especialistas, tentamos fugir dela como o “Diabo da cruz”, o que pretendiamos era procurar vozes que tenham opiniões diferentes sobre os filmes.
Como já referido, no “Eraserhead” vamos ter o artista plástico Vasco Araújo, com uma visão claramente diferente sobre aquilo e, portanto, não nos interessa a ideia de género, por exemplo, ligado a terror ou a bizarria, mas outro tipo de abordagem. E na última sessão, para além de outro convidado, o Carvalho da Silva, também com uma visão sobre mais a ideia do mundo laboral do que cinefilia. Interessa-nos sempre haver esse tipo de discussão, sair do filme e não ficar fechado dentro dele. O ano passado conseguimos isso em espaços. Dependeu um ‘bocadinho’ dos convidados. Neste caso específico fizemos um esforço claramente maior para que isso aconteça.
Blue Collar (Paul Schrader, 1973)
Finalmente, teremos o desfecho da trilogia?
A resposta permanece a mesma que há um ano: não temos certezas. Tudo dependerá da avaliação que faremos disso e também muito do contexto do próximo ano, se se adequar. Não apreciamos a ideia de um festival ou de uma mostra cíclica que se repete. Isso significa que, muito possivelmente, há casos em que até podemos realizar uma vez ou duas, mas não necessariamente transformar isso numa iniciativa que ocorre anualmente e se consolida. Dependerá muito do que acontecer na programação ao longo do ano e do que pretendemos fazer também em torno desta questão dos anos 70. Isso pode implicar assumir outra abordagem, explorar diversas direções ou integrar-se em outros tipos de iniciativas. Esta é uma questão que estará claramente em discussão, mas, por enquanto, ainda é muito precoce para fazer essa avaliação.
Toda a informação sobre o ciclo aqui
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Children of a Lesser God (Randa Haines, 1986)
Com Paul Newman em "The Hustler" (Robert Rossen, 1961)
Na série "Twin Peaks" (David Lynch, 1989 - 1991)
O seu papel mais icónico, a obcecada e ultra-religiosa mãe de "Carrie" (Brian De Palma, 1976)
Ruby (Curtis Harrington, 1977)
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"It's been a pleasure talking to you." Robert Blake ("Lost Highway", 1997) David Lynch
Robert Blake (1933-2023)
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Em “Dune” parto do princípio de que é possível admirar a beleza nos fracassos, ou encontrar fascínio nas derrotas. David Lynch deverá ter sentido esse peso ao transpor a saga literária de Frank Herbert ao grande ecrã após a sua visível ascensão na indústria (“The Elephant Man” e a nomeação ao Óscar garantiram esse holofote), com o desafio de criar no limitado e artisticamente rígido seio de uma produção de milhões envolvidos. O próprio considerou não ser fã do bestseller, aliás de nem sequer ter lido uma única página, pelo que a sua presunção iria levá-lo a uma mazela que ainda hoje recupera na distinta reputação.
Mas fora aprovações e reprovações, devo afirmar, ou antes de mais declarar a minha afeição por uma quimera cinematográfica como esta nas proximidades da estreia da versão (prometedoramente mais fiel) de Denis Villeneuve. Posso encaixar “Dune” algures na minha trajetória pela descoberta pelo meu “eu” cinéfilo, até porque bem cedo e durante algum tempo foi este o filme que o encarreguei do estandarte do “mais estranho” visto (talvez influenciado pelos pensamentos destas personagens que acompanhavam-as e que colocavam o espectador no conhecimento das suas aflições).
Como Lynch, não li nenhuma obra de Herbert sequer, mas a imaginação aqui envolvida, uma ópera espacial contra todas as outras óperas espaciais, ou diria mesmo, ópera-rock tendo em conta a muito atípica banda sonora de TOTO, no qual concentrava um design vanguardista em conformidade com efeitos especiais contemporaneamente inovadores e rapidamente antiquados, e uma carnalidade presente e interveniente (a relembrar as marcas lynchianas deixadas pelo seu inaugural “Eraserhead” ou já referido drama de selo de ouro-óscar), uma história de monstros como disse em jeito orgiástico João Bénard da Costa, numa defesa ao realizador em épocas de crucificações e indiferenças geracionais.
Mas é nesse último ponto que ressalto na minha revisão, uma aura carnal que povoa em toda uma ficção cientifica steampunk, desde o “barão voador”, o nosso grande e asqueroso vilão (Kenneth McMillan), com mórbida sede pelos corpos de jovens ou das fantasias nunca materializadas para com o seu sobrinho, um Adónis assassino-nato interpretado por Sting, ou da sugestão de um incesto edipiano entre o nosso protagonista (um jovem e “verde” Kyle MacLachlan, futuro muso lynchiano) e a sua mãe (uma magnética Francesca Annis) e posteriormente o nascimento de um prematuro para desligar-nos da lógica natural das ‘coisas’, sem referir no meio disto uma criatura fetal que parece ter sido arrancada dos pesadelos paternais de “Eraserhead”. Esta ode ao físico sexualizado e fluído das personagens e relações, são meras manobras distrativas da cerne deste Duna Lynchiano, porque nela encontramos uma entranhada e aos poucos desvendada teologia, o reconto messiânico num universo crente de Deus e que em nome Deste se prega uma nova ordem (passando a ideia da carne ser mera futilidade pecaminosa que será substituída pela limpeza do espírito e do metafisico).
“Dune” falhou o seu objetivo, o de se tornar num êxito instantâneo e duradouro, e com isso a sua oportunidade de se converter numa nova Bíblia cinematográfica, a de um rebelde ideológico contra a tremenda força imperialista (Jesus Cristo é sempre fonte do nosso imaginário). Falhou, porém, a viagem por esta desconjuntura e por vezes esquemática tragédia leva-nos a repensar na definição de “fracasso”, ou a (im)possibilidade de os amar, mesmo conhecendo os seus irremediáveis defeitos e despejos. Mas voltando a referir Bénard da Costa, tal como ele, é naquele prólogo, com uma jovial e cintilante Virginia Madsen a jogar-se pelo ecrã estrelado (à boa maneira de Lillian Gish em “The Night of the Hunter”) e a contextualizar por palavras, sublinha-se, este universo que iremos num ápice penetrar, o qual deparamos na essência deste filme-bastardo, o seu “faz-de-conta”.
Em tempos que a ficção científica requereu a sua seriedade absoluta, (re)ver “Dune” retira-nos do nosso realismo omnipresente e faz-nos acreditar na artificialidade com que se narra uma epopeia.
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Persona (Ingmar Bergman, 1960)
Mulholland Drive (David Lynch, 2001)
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Mulholland Drive (David Lynch, 2001)
"Hoje sabemos que o sonho é um grave distúrbio psíquico. Uma coisa sei eu: até hoje, o meu cérebro era um mecanismo cronometricamente regulado, fulgurante, sem um grãozinho de pó, mas hoje ... Sim, hoje veio o desarranjo: sinto um corpo estranho no cérebro, assim como quando se tem uma pestana finíssima alojada num olho. Sentimo-nos exatamente como sempre fomos, mas a pestana alojada no olho não nos deixa descansar nem um segundo, não podemos esquecê-la."
- Evgueny Zamiatin, Nós (edição Antígona)
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Yojimbo (Akira Kurosawa, 1961)
Wild at Heart (David Lynch, 1990)
Island of the Evil Spirits (Masahiro Shinoda, 1981)
Eurotrip (Jeff Schaffer & Alec Berg, 2004)
The New York Ripper (Lucio Fulci, 1982)
Female Prisoner Scorpion: Beast Stable (Shun'ya Itô, 1973)
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Twin Peaks: Fire Walk With Me (David Lynch, 1992)
Je me Suis mis en Marche (Martin Verdet, 2015)
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