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Cinematograficamente Falando ...

Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...

Cinematograficamente Falando ...

Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...

Quem não tem cão, caça com "boneco" ...

Hugo Gomes, 15.09.24

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Não apenas no género de terror, mas também em muitos outros, incluindo os prestigiados de classe A, a limitação orçamental geralmente estimula a criatividade, tornando-se o atalho possível para atingir os mesmos fins, o qual “carinhosamente” apelidamos de "know-how" (um dos exemplos mais citados desta via, é a de "Jaws", de Spielberg, onde a falta de recursos levou a que o tubarão fosse mostrado apenas parcialmente, criando suspense e eficácia no terceiro ato). "Oddity", escrito e realizado por Damian McCarthy, segue este princípio, utilizando o orçamento disponível sem comprometer a sua narrativa. No entanto, o que promete em teoria nem sempre se concretiza no ecrã. Mas já lá iremos...

A narrativa acompanha uma médium, proprietária de uma loja de relíquias e artefactos amaldiçoados (Carolyn Bracken), que, de luto pela sua irmã gémea assassinada, investiga o homicídio. Esta busca leva-a a um manequim de madeira da sua coleção como objeto dessa vingança, que inevitavelmente invoca a imponente figura da mitologia judaica: o Golem, a estátua de barro que ganha vida para proteger ou vingar o seu criador, presente em várias obras cinematográficas, principalmente como parte da passerelle monstruosa do expressionismo alemão (em 1915 e 1920). Contudo, em "Oddity", esta entidade simbólica é subaproveitada, resultando numa sensação de adereço supérfluo neste conto cocktalizado de vendettas e fantasmas.

Fica-se com a sensação de uma criação de um universo mais amplo, alinhado com as tendências atuais, o que faz com que o filme, por vezes, soa como um episódio-piloto de algo maior do que é. No entanto, acerta naquilo que “carradas” e “carradas” de produções do género falha abruptamente: na criação de uma atmosfera sinistra, uma tapeçaria de tensão que nunca se quebra completamente e isso deve-se a esse tostões contados que nunca atentam ao puramente visual, e sendo o sugestivo como ambição principal. 

"Oddity" destaca-se pela sua ambiência e assim ficamos...