Seth Graham-Smith reinventou o conhecidíssimo clássico literário de Jane Austen, Pride and Prejudice (Orgulho e Preconceito), provavelmente com o intuito de colocar mais "ação" nos recorrentes conflitos da aristocracia britânica do século XIX. O resultado foi Pride and Prejudice and Zombies, um livro que respeitou a estrutura dramática da célebre obra da escritora, ou seja o eventual "quem casa com quem" encontra-se imaculado mas submetido a uma "ligeira" diferença - as personagens vivem aqui um intenso apocalipse zombie.
Assim sendo, toda a donzela tem que "orientar" face a um confronto com os respetivos mortos-vivos (obviamente tendo o casamento como principal objetivo). Os seus dotes vão para além da dança, da boa etiqueta e da conversa de "chacha", as artes orientais de defesa e o manuseamento de mortais armas são tópicos acessos na educação destas garotas de berço de ouro. Um cruzamento fantasioso que em boas mãos resultariam num entretenimento dignamente "camp", mas tal não aconteceu. Esse cobiçado teor "trash" é um estatuto que forçosamente o filme assume, porém, o contratempo é real … tudo é encarado de forma demasiado séria.
Os enredos matrimoniais desta nobreza decadente e fútil ostentam uma dramatização de difícil escapatória, um empate para o segundo plano, esse que envolve "demónios comedores de cérebros humanos", que no fim acaba por perder-se no seu dito entusiasmo, adquirindo assim um severo tom constrangido. Pride and Prejudice and Zombies (o título português troca insolitamente Zombies por Guerra) tenta ainda invocar as afluências feministas do trabalho da escritora com um ativismo misândrico, o "rebento" desta relação é uma equivoca sobrevalorização da Mulher apenas adereçado a belas esculturais munidas de adagas e sabres. Novamente os produtores a confundir "guerreirices" com feminismo propagandista.
Tudo indica que Burr Steers (Charlie St. Cloud) desejava adaptar (mais uma vez) o clássico integral de Austen para o grande ecrã e que este projeto foi a única solução para concretizar a sua entrada em tal matéria, só que artes marciais e zombies estavam no contrato, sendo que não haveria outro "remédio" do que embarcar esses acessórios. Melhor destino teve a anterior obra de Seth Graham-Smith, Abraham Lincoln: The Vampire Hunter, que nas mãos de Timur Bekmambetov desfrutou de uma produção mais confiante e uma seriedade que funcionou no seu contexto. Quanto a Pride and Prejudice and Zombies, banhada é a palavra mais correta.
"To succeed in polite society, a young woman must be many things. Kind... well-read... and accomplished. But to survive in the world as WE know it, you'll need... other qualities."