Não foi certamente a última vez que o vi, mas não deixaria de mencionar a sua, talvez, última grande presença. O momento em que Hal Holbrok resiste à despedida do jovem Emile Hirsch, na pele de Ron Franz em “Into the Wild” (Sean Penn, 2007), o – “Let me adopt you” – é de uma calorosa subtileza e sensibilidade que só um ator com tal longevidade, experiência e também vivência poderia retribuir. Hoje em dia, “Into the Wild” é quase um sacrilégio ser relembrado por muita cinefilia (muito por culpa de “The Last Face”), mas é um filme de pequenas ‘coisas’, e Hal Holbrok, não sendo necessariamente ‘pequeno’, faz parte dessa espontânea magia.
Fora do território selvagem, o ator, que nos deixou aos 95 anos, nunca fora um protagonista emancipado (assumindo como tal em projetos pouco memoráveis), ao invés disso, um secundário de luxo, um valioso suporte do enredo em causa. Quem não esquece o seu obscuro conselho de “Follow the money” em “All The President’s Men” (Alan J. Pakula, 1976), que curiosamente partilha convivência com o seu sermão elitista em “Wall Street” (Oliver Stone, 1987) - “The main thing about money, is that it makes you do things you don't want to do” - ou da sua indignação enquanto padre Malone ao confrontar o criminoso segredo em “The Fog” (John Carpenter, 1980) - “The celebration tonight is a travesty. We're honoring murderers”.
Wall Street (Oliver Stone, 1987)
All The President's Men (Alan J. Pakula, 1976)
The Fog (John Carpenter, 1980)
Magnum Force (Ted Post, 1973)
Lincoln (Steven Spielberg, 2012)
The Unholy (Camilo Vila, 1988)