Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Cinematograficamente Falando ...

Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...

Cinematograficamente Falando ...

Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...

Sangue e a Cidade

Hugo Gomes, 08.03.23

scream-6666.png

Após seis filmes enquanto assassino-protagonista, Jason Voorhees [“Friday the 13th”] migra para Manhattan continuando a matança em largos número, por sua vez, após assumir a propriedade de “Scream” do falecido Wes Craven e do argumentista Kevin Williamson, a dupla Matt Bettinelli-Olpin / Tyler Gillett decide transportar Ghostface para Nova Iorque para uma eventual “mudança de ar”. Em certa parte funcionou com o terceiro filme, ambientando o dito slasher pós-moderno e desconstrutivo em terras de Hollywood (mesmo que a ausência de Williamson fizesse sentir na intriga), e inspira neste novo modelo da saga que pouco ou mais nada tem a acrescentar. 

É correria e facaria, de pés assentes na sua nostalgia herdada e piscadela de olhos a novos públicos (adeus Neve Campbell, olá Jenna Ortega) seguindo o manual de “como conquistá-los”. Para isso recorre-se a um capítulo graficamente violento (o mais explícito de toda a franquia) e um “punhado” de easter eggs que nos transporta para uma montra memorialista quanto aos restantes filmes (união geracional, operando num só uniformizado). Bettinelli-Olpin e Gillett “brincam” à Wes Craven, mimetizando tiques e toques e atentando com “chico-espertice” o seu legado, sem os refrescos necessários para construir um próprio, porque o desejo é mais simples que isso (prestígio em tão pouco esforço). Contudo, comparativamente ao filme anterior [o inequívoco “Scream” apenas], é mais confiante, desenrascado e ritmado (a sequência no metro é das visualmente mais bem-sucedidas em toda esta confusão, quase redimindo a obra), para esboçar velhas fórmulas, praticadas uma e outras vezes, a caminho de uma exaustão (e com uns quantos plot holes). 

Depois disto, e seguindo a trajetória de outras sagas slashers, daqueles que tanto adoram invocar, o Espaço é possivelmente a última fronteira e o seu degredo final (se realmente acontecer, leram aqui primeiro).