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Cinematograficamente Falando ...

Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...

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Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...

Pixar com memória de peixe

Hugo Gomes, 22.06.16

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Atenção à navegação, “Inside Out” foi só faísca, a originalidade já não mora na Pixar e a prova está nesta sequela / spin-off de um dos maiores êxitos do estúdio. Muitos são aqueles que emocionaram com Nemo, o pequeno peixe-palhaço que perdeu-se do seu progenitor e cujo reencontro tornou-se no leitmotiv de uma demanda pelo fundo marinho, mas mais foram os que realmente “derreteram” com Dory, o cirurgião azul com problemas de memória que funcionou numa das mais divertidas personagens secundárias do reino da animação.

Acompanhado pela voz da mundialmente conhecida apresentadora Ellen DeGeneres, Dory tornou-se numa trademark a não perder de vista, que facilmente poderia ser rentabilizado numa nova aventura animada com um leve sabor estival. Em “Finding Dory” seguimos a mesma fórmula de “Finding Nemo”, ou seja, um início que nos leva ao passado trágico da personagem e uma procura pelos entes queridos que resulta em mais uma interminável viagem pelos cantos e recantos do Oceano.

Mas como não poderia faltar, visto que a fórmula tem que ser repetida, o Homem está presente como uma manifestação antagónica, uma mensagem ecológica com evidentes inspirações do polémico documentário de 2013 – “Black Fish” (de Gabriela Cowperthwaite) – o qual adverte ao espectador o perigo do cativeiro para algumas espécies marinhas e a hipocrisia das ditas instituições marinhas (com alusão à Sea World) que proclamam reabilitar os seus provisórios “habitantes”.

Claro que toda esta temática é uma “faca de dois gumes” que nunca é, de maneira alguma, debatida numa animação provida de claros fins morais. Novamente a família como o vetor de toda a demanda e a ingenuidade de uma educação ecológica de igual adjetivo. Obviamente que todo este teor é servido por um grafismo de “arrasar”, nunca a água teve de forma tão realista representada numa animação CGI, e um humor ligeiro anexado a algumas personagens construídas de forma inteligente. E sim, como não poderia faltar de enumerar, a aparição do primeiro casal homossexual numa produção animada da Disney, nem que seja por instantes, o que não deixa de ser uma pequena proeza.

Porém, não deixa ser desconcertante um filme, mesmo tendo como objetivo o público mais infantil e as famílias, apostar numa credibilidade, quer visual, quer comportamental, quer no argumento e no fim possuir uma ou outra “gafe” que nos faz pensar se os envolvidos pesquisaram alguma “coisa” sobre a condição de um peixe. Por fim, fica o conselho, não deixe as vossas crianças sozinhas perto de um aquário depois de assistirem a este filme, porventura poderão fazer o que acharem mais “correto”.