Não abras ... são especiarias, incensos e os anos 80 invocados
Bishal Dutta, nesta sua primeira longa-metragem, assumiu influências de um certo terror dos anos 80, ambientados em subúrbios e liceus e lidando, subliminarmente, com questões hormonais e existenciais dos seus jovens protagonistas. Não é segredo, e muito menos “A Nightmare on Elm Street” (Wes Craven, 1984) como principal “bullseye”. Nota-se o esforço, a vénia, a mimetização atmosférica, salpicando com especiarias da sua cultura.
“It Lives Inside” ("Não Abras") vive, maioritariamente, do seu espólio étnico e cultural, o folclore hindu como substância criativa (sendo que fim tudo se resume a equivalente figuras do ‘bicho-papão’), como lição ancestral moralista que a sua “final girl” - Samidha (Megan Suri), involuntariamente apropriada ao estilo de vida americano - lida com todas as adversidades. Espaço para sequela? Talvez, quem sabe, mas infelizmente, mesmo com os seus pozinhos tecnicistas e algum fulgor em determinados efeitos práticos (o tributo de Dutta não poderia ser vergado pelo facilitismo e artificialismo do CGI), o filme tende a comportar-se como uma variação previsível e demasiado branda para com a sua emanada violência, não somente gráfica, como também dramática. Digamos que estamos perante um produto jovial direcionado a adolescentes em massa, e por essa via, seguir a tradicionalidade da sua “venerada” década o qual não cansa em orar, mas de um período para o outro, o terror parece ter tomado outras direções, e aquele endereçado nos estúdios norte-americanos deseja apelar para camadas mais amplas de público, com isso não olhando a meios para a amenização do seu próprio 'terror'.
"It Lives Inside" é uma intenção saudosista que, por sua vez, revela-se imatura, dramaticamente fácil e terrivelmente revista. 'Coisas' que nem o twist cultural conseguem salvar, contrariando as sensibilidades contemporâneas.