Na espera de um amanhã ...
A realizadora vietnamita radicada nos EUA - Linh Tran - prossegue na sua primeira longa-metragem, frente a um território arriscado, a concepção de um filme sobre jovens desinteressados e possivelmente minado em autognose. Porém, desvia-se das armadilhas comuns localizadas nesta etapa prematura que facilmente cederia a presunções ou psicanalises “verdes”. Contudo, “Waiting for the Light to Change" é sobre jovens adultos, mais do que o respeito aos códigos banalizados do cinema para jovens (entendido a massas), uma obra de, e sobre, impasses narrativos (o título, por si, antevê esse feito), onde nada altera a sua natural composição, apenas se reflete sobre o passado e no passado se manterá (como a vida, que bem sabemos e vivenciamos).
Nesse jeito, as personagens terminam os seus arcos narrativos sem um propício desenvolvimento (ou metamorfose dramática), e em certa maneira persistindo em modo inactivo, sem deslumbramentos através de epifanias ou “evoluções” a mando das regras aristotélicas. A sensibilidade aqui vislumbrada é outra ‘coisa: uma “estância de passagem” durante uma semana, onde cinco jovens partilharão as suas experiências em ritos nada energéticos (fumar ao longo do acinzentado litoral, conversas de almofada e confissões à beira-rio), todas eles ligadas e ordenadas por memórias passadas, assuntos pendentes gradualmente construtores de um ambiente de aparente tensão, apenas entendido como advertências de "pólvora seca”, ou ameaças de bomba, mero bluff.
Linh Tran trabalha o tédio destes jovens impacientes e procrastinadores em um jeito ansioso e vergado à sua própria melancolia, sem nunca recorrer à condescendência. Em parte, é desta matéria que muitos regozijam sob efeito de “soju”, como regem os “contos” de Hong Sang-soo, porém, sem mimetizando o desengonçado estilo do sul-coreano, preferindo com isto, a estaticidade enquanto lugar reservado ao espectador para estes convívios efémeros. Contudo, existe algo na luz, mais concretamente a fotografia de David Foy, equilibrando o tom melancólico com a blindagem suscitada pela sensação de nostalgia, daquelas rutilantes recordações que desejaríamos malear à vontade da nossa contemporânea.
Uma descoberta em Slamdance [vencedor principal da edição de 2023] , um pseudo “coming-to-age” sobre jovens e as suas respectivas tristezas como parte fulcral da sua maturação.