Masmorras, dragões e Hugh Grant!
A legião de adeptos do homónimo jogo de tabuleiro poderão respirar de alívio perante a megaprodução deste novo “Dungeons and Dragons”, de forma a esquecer a primeira tentativa, em 2000, um pré-Senhor dos Anéis que ficou infame pelo desempenho caricato de Jeremy Irons (segundo o “mito”, o ator aceitou o papel para poder comprar um ‘castelo’). Porém, apesar do agrado e das suas potencialidades comerciais, “Honor Among Thieves” é um resquício daquilo que parece restar à indústria hollywoodesca cada vez mais órfã de filmes adultos, recorrendo à incentivação de novos franchises e o apelo à nostalgia.
Desta feita, os argumentistas de “Spider-Man: Homecoming” (John Francis Daley e Jonathan Goldstein, que também assinaram a realização da comédia “Game Night”) não tem mãos a medir do que criar um sucessor espiritual dos serões destes “freaks and geeks”, satirizando o seu lado 'tutoralesco' por entre masmorras intermináveis e antagonistas a saltar de qualquer esquina (e um dragão obeso … sim, um dragão obeso!). Depois de uma saturação do dito e dominante cinema de super-heróis (até à data, os recentes episódios das franquias de capa e super-poderes encontram-se estagnados no box-office), “Dungeons & Dragons: Honor Among Thieves” auto-voluntária-se em apontar o caminho a seguir, não é o mais “espinhoso” e arriscado, é somente o atalho feliz, sem chatices (Hugh Grant num papel de vigarista, é como peixe dentro d' água) e de pouca comoção.
Humor, fantasia (“rios” dela, sem imperatividades de mitologias próprias) e “brincadeiras parvas” pelo meio, ingredientes para a criação do filme-entretenimento, genérico e esquecível para o resto da História. Segundo Steven Spielberg, Tom Cruise e o seu “Top Gun: Maverick” salvaram a indústria, mas no fundo ela mantém-se a salvo na sua passividade. Voltemos a lançar os dados.