Justin Amorim, e agora?
Em 2018 surgia entre nós um OVNI no cinema português, um projeto altruísta e fora dos parâmetros que designavam no nosso panorama, quer o dito autoral, quer o dito "comercial". Falamos de “Leviano”, o drama da família Paixão, as três irmãs (Adelaide, Carolina e Júlia) e a mãe (Anita), que guiavam o espectador para um turbilhão de luxúria, sonhos encantados e realidades destroçadas. Por detrás deste projeto que desde do início foi descrito como uma espécie de “Bling Ring” (Sofia Coppola, 2013) com “Spring Breakers” (Harmony Korine, 2012), encontramos Justin Amorim, que contra todas as hipóteses, executaria um trabalho hercúleo e multifacetado; produtor, realizador, argumentista, editor e responsável pelo guarda-roupa. Mesmo com o marketing apostado na altura, o filme não caiu nas graças do público (pouco menos de 5 mil espectadores, muito inferior à expectativa inicial) nem da crítica, sendo grande parte dela arrasadora.
Mas do seio dessa mesma crítica deparávamos com algumas vozes que tentariam resgatar um jovem realizador do automático desprezo que se avizinharia. Amorim era dotado de uma estética fabulista e pimba que repescava no encanto os seus limites, assim como as suas farsas, por outro lado, tínhamos um realizador de olhar tecnicista, avante nos planos-conjuntos e dos travellings vibrantes (talvez dos mais na história do nosso cinema) que nos faziam esquecer das fraquezas de um guião episódico e descosturado.
Contudo, sempre questionamos, o que é feito de Justin Amorim?