Hlynur Pálmason no vasto território entre Deus e o Diabo: "levei muito a sério esta ‘coisa’ de ser cineasta"
Nos últimos suspiros do século XI, um jovem padre dinamarquês, Lucas (Elliott Crosset Hove), é enviado em peregrinação pelas terras indômitas da Islândia com o objetivo de documentar a região. Perdido na imensidão selvagem, num ambiente quase xamânico, ele debate-se com uma fé debilitada e com os prazeres que lhe foram negados até então. Através da fotografia, Lucas consegue encontrar um sentido para essa experiência alucinante.
"Godland", terceiro longa-metragem do islandês Hlynur Pálmason, radicado na Dinamarca, é um "coração das trevas" à maneira de Joseph Conrad, onde a selva congolense é substituída pelas planícies gélidas da Islândia. O protagonista segue à deriva em uma terra de desconhecidos, navegando entre o terreno e o sobrenatural. O filme retrata vivências, sensações, e não só, um hino à fotografia como demarcador histórico, conferindo a Lucas o papel de "arquivo vivo".
O Cinematograficamente Falando... conversou com o realizador sobre esta jornada à Terra de Deus.
Gostaria de começar com uma intersecção às origens, quer suas, quer deste projeto. O Hlynur é islandês, mas estudou cinema na Dinamarca, em “Godland” deparamos com um dinamarquês que parte para a Islândia, o oposto da sua jornada?
Não tinha considerado essa perspetiva anteriormente, mas é uma excelente forma de encarar a situação. Na verdade, é provavelmente o oposto do que eu fiz, de certa forma, e isso deve-se ao facto de estar ligado a dois países. Por exemplo, nasci na Islândia e vivi lá durante alguns anos. Depois mudei-me para a Dinamarca para estudar e criar os meus filhos, onde também residi durante vários anos, e posteriormente regressei à Islândia. Conheço muito bem estes dois lugares, a língua, a cultura, tudo. Por vezes, sinto-me como se estivesse no meio destes dois países, não me considerando totalmente islandês nem dinamarquês.
No entanto, existe uma relação histórica entre estas duas nações. A Islândia esteve sob a coroa dinamarquesa, alcançando a independência em 1918, e a completa independência apenas em 1944. Assim, existem muitos momentos históricos, conflitos e eventos que ambos partilham. Da minha parte, sentia que não sabia o suficiente sobre esta relação, então procurei um filme que pudesse abordar ambos os países numa só narrativa, abrangendo tanto as suas virtudes como as suas fraquezas. Por isso, estava a explorar essa questão e a tentar perceber como poderia criar um filme sobre isso. Acabei por ficar interessado nas diferenças entre estes dois países, ao colocá-los lado a lado.
Em certa parte, consegue ser mais castigador para com a personagem do Lucas, jovem padre dinamarquês [o protagonista], o que leva a questionar, sendo que o filme tem produção dinamarquesa se essa reconstrução não trouxe alguma dificuldade ao investimento?
De facto, é interessante porque a Dinamarca é o principal produtor e investiu mais dinheiro do que a Islândia. Essa é uma das razões pelas quais adoro a Dinamarca. Nem todos os países fariam isso ao ler este argumento. Isso apenas mostra o quão justo é esse país. Claro que tem os seus problemas, como em todos os países, o que se reflete em todos os seres humanos. No entanto, considero essa autocrítica uma atitude louvável. Quando fiz o filme, tentei não retratar ninguém de forma exageradamente maniqueísta. O Lucas tem as suas falhas, fragilidades e problemas, mas acredito que, no fundo, ele é um "bom homem". Não é desumano, está apenas a lutar. E ele luta também com a sua fé, duvidando de si mesmo. E penso o mesmo sobre o Ragnar (Ingvar Sigurdsson), o guia. Ele é encantador, mas provavelmente também fez coisas loucas, e nós aceitamos isso, o que também é interessante. Como espectadores, decidimos o que aceitamos e o que não aceitamos, porque muitas vezes queremos nos identificar com personagens boas ou “coloridas”. Mas, na realidade, frequentemente identificamo-nos mais com o padre adulto, alguém que não achamos tão interessante. É isso, uma luta contra o tempo.
Vamos agora à génese do filme, que acredito tenha tido origem numa antiga fotografia encontrada numa caixa na Islândia. No entanto, esta não é uma história real, e sim fictícia.
Sim, comecei a escrever "Godland" em 2013. No entanto, e durante muito tempo, não estava a funcionar. Foi quando comecei a trabalhar com a câmara de placa húmida, carregada de uma sintaxe própria, que o filme começou a se desenvolver de uma forma bastante intrigante. Acredito que a história começou a funcionar porque criei-a para mim mesma, como se ela estivesse residida numa caixa com os seus negativos. Perguntei-me como seriam esses negativos. E se houvesse uma rapariga numa dessas fotografias? Quem seria essa rapariga? Qual seria o seu nome? Qual teria sido o contexto em que ela a fotografou? Qual a história por detrás? Estavam sozinhos? Era uma foto íntima? Ou havia outras pessoas por perto? E essa pessoa, seria o pai dela ao fundo? Comecei a imaginar todos esses negativos e a construir uma trama inteira em torno deles. Assim, reescrevi completamente a narrativa, e funcionou muito bem. Apresentei o projeto às pessoas com quem trabalhei, contei a história dos negativos, e elas realmente se envolveram. Então decidimos avançar. Também no filme, pretendia envolver o público da mesma forma que fomos envolvidos quando falamos sobre o filme. Portanto, faz parte da ficção. Faz parte da narrativa. Mas é uma narrativa criativa. Não é algo que encontrei.
Hlynur Pálmason
Então, não existem arquivos de fotografias que tenha consultado para ser mais autêntico. Existem arquivos nacionais na Islândia que mostram como as pessoas viviam e trabalhavam?
Sim, de facto, trabalhei nisso. Analisei muitas fotografias. Também colaborei com um homem chamado Hróðný Kristínar, que reside no norte da Islândia. Ele trabalha no Museu de Fotografia e em outros locais. Ele é um fotógrafo de placa húmida, utilizando a mesma técnica que era usada por volta de 1875. Assim, na realidade, recriamos todas as fotografias nós mesmos, com os atores e usando o processo autêntico. Isso levou bastante tempo, mas permitiu-nos criar a nossa própria caixa com os negativos dentro. Portanto, de certa forma, recriamos todo o processo. Sim.
O grande conflito do seu filme encontra-se no interior do protagonista Lucas, a sua fé. “Godland” é uma jornada de fé, mas aqui a fé é corrompida e deve sobretudo ser restaurada. O que pode dizer sobre essa luta, esse abalo naquilo que supostamente um padre não deve, de todo, perder?
Acredito que já tive muitas [crises de fé] ... Quero dizer, para mim, fazer um filme é muito mais uma jornada de autodescoberta. Estou constantemente a questionar-me, embora nem sempre seja tão bom a responder todas as minhas dúvidas. Estou a tentar compreender esta personagem. Acho que ele duvida porque é um ser humano, todos nós duvidamos, creio eu, por sermos exatamente isso. Lucas duvida da sua fé, mas não só, duvida dessa encobida missão. Talvez ele tenha uma ideia um tanto romântica, talvez ingénua, sobre o que é, sobre quem ele é. Não sabe nada sobre o país, não sabe nada sobre a natureza. Os elementos exaurem-no, o clima, a natureza, drenam cada gota de energia dele. E acho que é isso que eu faço. Sinto que o clima molda-nos, assim como a paisagem nos molda. É preciso conhecer, é preciso respeitar. É preciso compreender essa parte para poder viver neste lugar. E acho que era isso que queria explorar, sabes? Em vez de dar uma resposta, queria explorar essa temática. Sim.
Deixe-me voltar às fotografias. Uma coisa que o seu filme procura mostrar é que nos primeiros passos da fotografia, despertavam reações curiosas, alguns sentiam medo delas e outros sentiam-se seduzidos. Na sua investigação sobre este filme e a relação com a fotografia, e a evolução da fotografia, como encontrou essa temática? E como a abordou no seu filme? E deixe-me colocar outra pergunta sobre o formato de enquadramento que usou, o 1.33. Será que a aproxima das fotografias antigas?
Sim, sim, é praticamente a mesma coisa. O formato de tela que estamos a utilizar é o mesmo da câmara 8x10 que o Lucas está a carregar. Estamos a ver o filme através dos olhos do Lucas, ou seja, através da sua lente. Isso foi algo que achei muito interessante, só que surgiu mais tarde, pois já estava a trabalhar com o formato e a filmar algumas cenas. Foi um formato que realmente gostei, antes deste filme, tive problemas com o formato na minha obra anterior - "A White, White Day" (2019) - que era mais amplo, o Super 35. Tive dificuldade em aproximar-me dos rostos, estava insatisfeito com a brancura da moldura. Quando comecei a diminuir essa brancura, senti que era mais estimulante enquadrar as cenas. Também fiquei mais entusiasmado com o som, com os alto-falantes esquerdo e direito. De repente, sentia como se estivesse a perceber o que estava ao virar da esquina. Não sentia isso com o formato amplo, era como se visse demais. Com este, conseguia esconder coisas na escuridão, e isso me intrigava.
Agora, tentando responder à pergunta sobre as reações às fotografias. A fotografia já existia antes, numa versão muito antiga chamada daguerreótipo. Agora, não me lembro como é chamada a primeira, mas essa veio depois. É um processo completo, extremamente complexo. É preciso carregar um sistema inteiro nas costas, que basicamente é apenas a câmara. Além disso, outra pessoa carrega o laboratório portátil. Mover-se com isso é muito difícil. Se um fotógrafo chegasse a uma cidade, por exemplo, e usasse essa câmara para tirar algumas fotos, todas elas seriam tiradas no mesmo local. Ele simplesmente colocaria a câmara ali, depois ali e também ali. E assim verias um pouco dessa área. Então, sim, é um processo difícil porque os produtos químicos são extremamente perigosos. Além disso, durante o processo de revelação, podem ocorrer imprevisibilidades.
É uma questão bastante complexa, mas foi interessante perceber que, ao olharmos para fotografias antigas, muitas vezes pensamos: "Oh, toda a gente parece tão zangada e séria", sabes? Isso acontece porque era necessário ficar imóvel durante bastante tempo. É difícil sorrir durante um longo período. Por isso, muitas vezes as pessoas apresentavam expressões mais neutras nos rostos ou até mesmo pareciam zangadas. Além disso, algumas pessoas não queriam ser fotografadas, pois acreditavam que a fotografia roubaria as suas almas ou algo do género. No entanto, havia também aqueles que se sentiam atraídos pela ideia de serem retratados, de deixarem uma marca no mundo e de terem uma imagem de si mesmos para ser lembrada após a morte. Havia tantas possibilidades. E acho que essa foi uma das razões pelas quais me envolvi tanto neste tema. Senti que havia infinitas oportunidades para escrever e explorar. Portanto, essa foi uma das razões para o personagem ter uma câmara.
Fiquei impressionado com o retrato dado às mulheres do seu filme. São mais livres e mais fortes do que supomos que as mulheres daquela época fossem, não sendo oprimidas pela igreja luterana. E até mesmo a Anna (Vic Carmen Sonne) tem uma ligação calorosa com o padre. Lembra-me das mulheres de hoje na Islândia, elas são incríveis. Elas são exatamente assim, mulheres muito fortes.
Sim, mas é engraçado porque eu cresci na Islândia, então, era comum deparar-me com mulheres fortes e, de certa maneira, emancipadas nas diferentes literaturas nativas que lia. Se lermos literatura antiga islandesa, sempre encontramos esse tipo de mulheres. Nas sagas vikings, as mulheres eram extremamente poderosas e deixavam uma marca enorme em cada história, em cada narrativa. Muitas vezes, torna-se a razão de existência da trama e muitos dos filmes vikings que têm surgido partem de decisões tomadas pelas mulheres. Portanto, há muitas personagens femininas fortes ao longo da tradição islandesa e na literatura, desde os tempos antigos até aos dias atuais.
No seu filme, trata-se de uma comunidade cristã. E sabemos que a religião cristã oprime as mulheres, mas elas não nos soam são oprimidas.
Sim. Quer dizer, naquela época, havia dois tipos de religião que entravam na Islândia, o luteranismo e o catolicismo. Antes disso, eram os pagãos, mas as pessoas na época não eram realmente crentes pagãos, então, para eles, estas duas igrejas eram algo novo. Mas não era tão exagerado como muitos pensam, porque muitas pessoas tinham que lidar com a sobrevivência naquela região. E sabes, muita habilidade nesse sentido na Islândia.
Nessa época - 1870 a ‘85 - havia uma grande percentagem da população que simplesmente saiu da Islândia. Não quero estar aqui a dizer números errados, mas pelo menos 30% de todo o país evacuou a Islândia porque simplesmente não era habitável. Algo que sempre vivenciei enquanto vivia lá, é o sentimento de não termos mudado tanto ao longo do tempo. Quando leio … acabei de ler os diários de um pintor francês. São diários muito antigos. Mas quando os leio, me conecto a eles 100%. Ele está falando sobre as mesmas coisas em que estou pensando. Ele não é diferente de mim. E é tão estranho o quão estranho mudamos tão pouco. E é assim que consigo trabalhar com o cinema, baseando-me nas minhas vivências e experiências da minha vida atual. Claro, tirando inspiração do passado e dos seus detalhes, mas o temperamento vem do tempo contemporâneo.
Na estreia de “Godland” em Cannes, mais precisamente na secção Un Certain Regard, muitos críticos compararam o seu filme com “There Will Be Blood” (2007) de Paul Thomas Anderson. Mas algo que reparei no seu trabalho, desde o “Winter Brothers” (2017), a sua primeira longa-metragem, é que o seu estilo é bastante austero, e digo até minimalista, o que fez invocar Robert Bresson, nomeadamente o seu “Diary of a Country Priest” (1951). Não sei se faz parte das suas influências.
Absolutamente, quero dizer, Bresson é uma das minhas principais influências, mas é uma influência tardia. Quero dizer, cresci bastante com o cinema ocidental. Como sou da Islândia, e a Islândia é um país muito ocidentalizado. É europeia? Sim. É nórdica? Sim, mas também é muito americana. Então, os filmes que são assistidos aqui são muito americanizados. Cresci vendo filmes muito tradicionais, diria muito hollywoodianos. Só mais tarde descobri que, espera aí, as coisas que estão acontecendo na Europa com o cinema autoral europeu são como... não consigo expressar o quão fortes são. Descobri muito tarde esse cinema e realmente me impressionei. Não sei nem quantos anos eu tinha quando vi o primeiro filme de Bresson que me deixou completamente maravilhado. Na verdade, vi o seu último filme - "L'Argent" (1983) - fiquei simplesmente impressionado. Então, assisti, de seguida, a todos os seus trabalhos e absolutamente adorei. Amo os filmes dele. Então, sim, podemos considerar ele como uma grande inspiração. Enorme, aliás.
Gostaria que me falasse sobre a sua colaboração com o ator Elliott Crosset Hove, que desde “Winter Brothers” tem-se tornado numa faceta do seu cinema.
Sou alguém que simplesmente gosta de trabalhar com pessoas que admiro. Prefiro trabalhar em locais que conheço, por isso gosto de trabalhar aqui perto da minha casa. Aprecio as áreas próximas da minha cidade natal. Vivo na costa sudeste da Islândia, a cerca de cinco horas de Reykjavik, no meio do nada. Quando se conhece bem as pessoas, quando se encontra atores com quem se tem uma ótima conexão, automaticamente começa-se a pensar neles quando se avança para um novo projeto. É difícil para mim não pensar neles. Tornam-se quase uma espécie de equipe. Gosto disso!
Algumas pessoas pensam que se deve sempre buscar novas pessoas, mas eu não vejo as coisas dessa forma. Encaro a vida de um cineasta como uma obra completa. Não é apenas um projeto. Gostaria de crescer. Gostaria que os meus colaboradores crescessem e que crescêssemos juntos, trabalhando em projetos em conjunto. Quando se faz um filme, muitas vezes parece que apenas arranhamos a superfície das coisas. Exploramos um pouco, mas depois acaba e o filme termina. Então, queremos fazer outro e ir mais fundo. Voltamos novamente e vamos mais fundo desta vez. E depois queremos fazer outro e ir ainda mais fundo. Estamos sempre a tentar explorar coisas novas, a escrever novas cenas para os nossos atores. E quando se conhece as pessoas, é muito mais divertido escrever. Para mim, é muito mais emocionante, pessoalmente.
O que pode dizer sobre este impulso que o cinema islandês nos últimos anos?
Sim, é bastante estranho. Mas acho que é... Quer dizer, nós temos uma história tão rica em narrativas, temos uma tradição única em contar histórias. Somos contadores de histórias por natureza. Seja através da escrita ou como também através do cinema, é como um sonho tornado realidade, uma coisa maravilhosa de se fazer parte, de certa forma. Mas também é surpreendente para mim, porque, quando penso na quantidade de pessoas aqui, fico chocado, sabe? É como se não fizesse muito sentido. Parece que temos artistas e escritores em todos os lugares. Em todos os lugares. Sim, exatamente! E isso é muito especial. Mas também é como dizem sobre a Islândia, parece que todo mundo na Islândia já teve uma banda? [risos] Se você perguntar a alguém se ele já esteve numa banda, ele automaticamente vai dizer "sim, claro, eu estive numa banda quando era pequeno". É apenas algo comum. É estranho, mas é verdade.
Quanto a novos projetos? Não posso deixar de reparar nos post-its alinhados atrás de si, está a preparar qualquer ‘coisa’?
Sim! Bem, sinto que estou em uma espécie de encruzilhada. Quando terminei a faculdade de cinema na Dinamarca, já tinha três filhos e precisava sustentá-los, precisava criar um lar para nós de alguma forma. Então levei muito a sério esta ‘coisa’ de ser cineasta. Disse para mim mesmo - “Ok, se vamos fazer isto dar certo e se eu vou ganhar a vida com isto, o que é difícil, tenho que levar isto muito a sério”. Desta forma comecei três projetos, todos eles se tornaram filmes. O primeiro foi "Winter Brothers", o segundo foi "A White, White Day", e agora sinto-me que cheguei a essa encruzilhada. Estou a trabalhar nos meus próximos três [risos] há alguns anos. Então, estou tentando entendê-los. A descobrir o que “raio” eles são e para onde estou indo com isso. De momento, estão indo bem, julgo numa direção interessante. “Godland” está a ajudar a despertar o interesse nas pessoas. Acho que isso é o mais importante, é claro, que as pessoas vejam o filme … que as pessoas ao redor do mundo vejam o filme. A segunda coisa mais importante é que esse interesse está a alavancar o próximo, porque estamos sempre pensando no trabalho.