Glass: procurando um autor em M. Night Shyamalan
M. Night Shyamalan é um dos últimos autores norte-americanos do qual temos conhecimento … sim, autor (que venham então os enésimos artigos abaixo deste estatuto fora dos ditos “veteranos”, porque os sinais estão lá) … e Glass é perpetuamente um olhar autoral à massificação do cinema de super-heróis e o faz através da desconstrução. Essa, apoiada numa metalinguagem que evidencia a mitologia hoje atestada para ponto de partida nesta aproximação/afastamento desses mesmos universos.
É um filme inteligente … sim, é … que desafia até a própria pedagogia hoje alicerçada aos pseudos-“críticos” norte-americanos, habituados (ou melhor, mal-habituados), às fórmulas disnescas e ao fun check que a indústria proporciona. Glass é sobretudo esse dedo médio à falta de reflexão no Cinema de hoje. Contudo, é Cinema, fora dos modelos academicamente aceites da narrativa, ou seja, é mais que simples “historietas”, que te contempla com um técnica sinónima a uma emancipação por parte de Shyamalan. A fim de evitar o automatismo de Split, o realizador se assume rigoroso não no guião, mas no como entregá-lo através de uma narrativa visual, exemplo disso, a sala cor-de-rosa picotada com grandes planos de cada um destes peões, o substituto digno da vitrine prisional de Silence of the Lambs, as reavaliadas lições de suspense de Hitchcock.
Da categoria: filmes que tem vindo a crescer e o cinema é mais que telenovela