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Cinematograficamente Falando ...

Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...

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Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...

... e o Titanic afunda-se!

Hugo Gomes, 28.08.22

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India Song (Marguerite Duras, 1975)

Eu faço pleonasmos constantemente. Acredito que quando digo “o Titanic afunda-se” e o Titanic afunda-se, é muito mais intenso do que não dizer nada. Em “India Song”, a dada altura, disse “há gritos de remadores pelo Ganges”, os chamamentos de barco para barco, de pescador para pescador, e eu digo-o, digo que são os pescadores do Ganges, os ruídos de Calcutá. Enquanto os ouvimos. Depois de os termos ouvido, de preferência , imediatamente a seguir. E isso, sinto-o muito violentamente. Decuplica o som. Mas não há nada mais oposto ao escrito que a palavra magistral. A palavra da lei. Por exemplo, repara, o que eu oporia mais ao escrito, mais do que a imagem, é a palavra política. A palavra do poder.

- Marguerite Duras para Jean-Luc Godard, conversa datada de 1979 transcrita no livro “Diálogos: Marguerite Duras - Jean-Luc Godard” (tradução de António Gregório e Joana Jacinto, SR Teste Edições)