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Cinematograficamente Falando ...

Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...

Cinematograficamente Falando ...

Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...

Bem bom que seria ...

Hugo Gomes, 08.07.21

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“A televisão pode ser a cores, mas quem opina, ainda opina a preto-e-branco"

A realizadora Patrícia Sequeira tem-se disponibilizado como uma porta-voz de cinema feminino nas nossas instâncias nacionais, tendo como particularidade uma direção propícia para o chamado e por vezes cobiçado grande público. Começou nestas andanças com o cerco estabilizado de "Jogo de Damas" ("fechando" quatro mulheres numa remota habitação, todas elas motivadas por conflitos pendentes), passando para "Snu", biografia de uma personalidade tangente da nossa política e por fim, encontrando na cinebiografia de uma das primeiras girl bands europeias - As Doces - como uma desconstrução à indústria musical, especialmente na criação de estrelas femininas, com "farpas" lançadas ao conservadorismo imperativo em Portugal nos anos 80. 

O olhar faz-se pela própria limitação, gerada pela insuficiente reconstituição histórica, condicionando o filme a voos curtos e a uma certa miopia formal. Contudo, é nestes espaços, ou melhor, a falta deles, que Patrícia Sequeira cria uma antítese à objetificação da mulher na ala do entretenimento, recorrendo às mesmas direções desse olhar para tecer tais críticas ferozes. Mas mesmo assim, as palavras solicitam a sua dimensão e é então que deparamos com um terceiro ato completamente desprovido de subtileza e guiado por ativismos de campanha, com isso transportando o filme para objetivos primários, deixando nos bastidores a sugestão bem-sucedida até então fomentada. 

Que pena, "Bem Bom", durante as suas primeiras performances, demonstra ritmo para dar e vender, e ousadia temática para sair da mera esquematização cinematográfica de que as ditas biopics musicais estabeleceram, só que a conformidade assumiu o seu controlo, aliás a sua rebeldia reformou para ceder ao exemplo “correcto”. Por sua vez, o quarteto é um primor (Bárbara Branco, Lia Carvalho, Carolina Carvalho e Ana Maria Ferreira), ostenta dinamismo e química, e é com elas que o tempo é partilhado com maior agrado.

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