Armados em espiões
Após a sofisticada reinvenção da mais célebre criação de Arthur Conan Doyle - “Sherlock Holmes” - e a sua subsequente sequela pouco bem-sucedida, Guy Ritchie apresenta um thriller "retro-tech" baseado na famosa série televisiva “The Man From U.N.C.L.E.”, transmitida entre 1964 e 1968. Neste projecto, Ritchie afasta-se momentaneamente do seu inconfundível toque estético, que havia sido exageradamente caricaturado em “Game of Shadows" (a mencionada sequela de “Sherlock Holmes”), mas preserva o seu apurado gosto musical.
“The Man From U.N.C.L.E.”, em sintonia com o recente “Kingsman” (Matthew Vaughn), extrai a sua aparentemente inesgotável energia de uma colecção musical eclética, que está sempre em perfeita harmonia com a ação. Esta seleção, em conjunto com o habitual e engenhoso humor britânico de Ritchie, proporciona várias sequências lúdicas de comédia física e sugestiva. Naturalmente, nada de completamente absurdo como em “Snatch: Porcos e Diamantes” (2000), uma vez que o contexto é diferente, e Ritchie foca-se em criar um filme de estúdio destinado às audiências estivais.
“The Man From U.N.C.L.E.” exala nostalgia nos seus poros, com um tratamento mais "retro" que o habitual. Uma colaboração entre CIA e KGB, recheada de sátiras e contrastes culturais da época, com Armie Hammer a representar o lado sovietico e Henry Cavill na mimetização de um 007 yankee, o buddy cop movie com ambições de cinema de espionagem, envolvidas em dinâmica jigajoga. Depois há Alicia Vikander, atriz sueca, recentemente “pirilampo” em “A Royal Affair” (Nikolaj Arcel, 2012) e no tratado à lá Philip K. Dick “Ex Machina” (Alex Garland, 2015), irradia uma luz capaz de contagiar os seus co-intérpretes masculinos. O restante é vintage, agradável e estiloso, um filme de estúdio com personalidade.
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