Anti-Heróis, Asteriscos e Canseiras
Lá vamos nós, a resistir e a resistir, à Marvel Studios / Disney e ao seu plano de resiliência para contrariar as teorias da fadiga do subgénero, até porque há um universo partilhado por explorar, mesmo quando a confusão instalada é mais do que evidente. Contudo, voltemos aos carris, desta vez, sob promessas de mal-comportamento e até de saúde mental envolvida, “Thunderbolts*” (o asterisco é uma revelação dentro da narrativa, nada de surpreendente além de uma vitamina para fãs) persiste na barra dos anti-heróis sem escolha, forçados, dadas as circunstâncias, a salvar o mundo … ou melhor, aquele cantinho que se dá pelo nome de Estados Unidos da América.
Mesmo na sombra da coincidência do timing (as madeixas de Julia Louis-Dreyfus têm tanto de Tulsi Gabbard, a eleita Diretora de Inteligência Nacional por Trump) … o argumento, no fundo, é desinspirado, recorrendo aos óleos habituais para soar flexível e fluido. Joga-se a cartilha da “saúde mental” à moda disnesca, a nova exploração emocional para captar a familiaridade de milhões e, voilà, o mesmo espectáculo de sempre. Para uns, será o irresistível, a fórmula que funciona e prospera; para outros, o regresso do estúdio e da sua narrativa aos eixos.
Mas onde “Thunderbolts*” vinga é na artimanha das personagens, nos actores sem star system que os emancipe verdadeiramente … o funcional dentro desta história de sempre, mais antiga do que Kevin Feige. Não há nada de esplendoroso, por muito que se deseje pintar ou vender pelos “pseudo-críticos” ao serviço de uma métrica. É tudo Florence Pugh show; o resto cumpre os requisitos, para que no fim nos sintamos satisfeitos com um espectáculo sem consequências nem inquietação.
Mas vejamos… para o bem da saúde mental! Que canseira.