A Cura ... ou como devemos amar "Morbius" nestas horas drásticas
Desejamos alternativas aos formatos impostos pela Disney no território do cinema-pipoca, mas o que deveríamos ter aprendido é que nem sempre o segundo prato corresponde à iguaria fantasiada.
“Morbius”, a anedota viral das últimas semanas, é um filme composto por odores de outros tempos (sem com isto lhe atribuir contornos saudosistas). Já no universo de super-heróis, subgénero que adquiriu uma seriedade dominante nos dias de hoje, sentimo-nos novamente à luz das produções corriqueiras (como aquelas da Marvel segunda liga a despachar fita como sucessos efémeros), revelando-se numa incompetência aos mais diferentes níveis, entre os quais a lição nunca aprendida dos malefícios do excesso de CGI e a qualidade retalhista dele. A esse ponto estético, estamos conversados, demasiado artificial para o seu próprio bem, cujos visuais sem afinco nos remetem aos jargões de “tal e qual como um videojogo”.
Porém, Daniel Espinosa (“Safe House”, “Child Nº44”) não só assinou um objeto obsoleto nesse ramo, como também “orgulha-se” de ser autor de um anonimato requentado. De enredo fácil e sem espessura, personagens de cartão (até Jared Leto e os seus "métodos" performativos aperceberam da 'treta' aqui em causa) e a incoerência narrativa ao rumo.
Não é, definitivamente, o filme a qual devemos pôr o nosso dente. Agora, cura para as insónias, isso é, um filme-salvador.