A mulher atrás da operação!
A maior caça ao homem do seculo XXI dá origem a um dos filmes mais polémicos do ano, Zero Dark Thirty, o regresso da realizadora vencedora de um Óscar, Kathryn Bigelow e o seu igualmente galardoado argumentista, Mark Boal, ao regresso do cinema bélico de ambiente conspirador da chamada “guerra ao terror do Oriente”. Depois de The Hurt Locker, um retrato de heróis e combatentes da Guerra do Iraque, como a necessidade do clima de conflito para a vivência dos norte-americanos, a dupla vai mais longe recriando passo-a-passo a arriscada e longa operação da CIA na captura daquele que se considera o maior terrorista do nosso tempo, Osama Bin Laden, supostamente líder da organização Al-Qaeda, Afeganistão.
Controvérsia á parte, Bigelow dirige um intenso thriller, a sua visão algo suja mas realista demonstrando que não ficou perdida desde The Hurt Locker – Estado de Guerra (2008) Confirma-se que a realizadora é uma exímia admiradora do cinema de acção e conhecedora dos mais variados cânones do espetáculo cinematográfico sem recorrer a facilidades comerciais nem a habitual abanar da bandeira, Zero Dark Thirty é misterioso, tão misterioso como o próprio caso que adapta, e implacável em não se reprimir dentro de território polémico.
Contudo 00:30 Hora Negra (titulo traduzido) não foi feito para se tornar num filme-sensação, um oportunista a todo o calor, a nova obra de Kathryn Bigelow é acima de tudo uma imagem de autonomia feminina, a envolvente que esperávamos de uma realizadora que própria se vingou em comarca ditamente masculino, por isso é de esperar que encontremos muito da autora na protagonista Maya (Jessica Chastain), uma mulher agressiva, persistente, obcecada (não de forma exagerada) e decidida em marcar diferença, mesmo que seja subvalorizada no seu meio (talvez muito devido ao seu género sexual). No fundo é uma personificação de Bigelow na sua própria história de acção.
O que apenas falha na fita é a certeza da narrativa em afirmar a credibilidade do caso, caso esse, que tem gerado dúvidas em todo o Mundo e até mesmo na comunidade norte-americana, todavia não será o mistério do seculo XXI que resumirá a qualidade de Zero Dark Thirty (titulo derivado de uma linguagem militar remetente a um certa hora, meia-noite e meia para ser exacto). Uma admirável obra a confirmar a solida realizadora que é Kathryn Bigelow.
“'I’m the motherfucker that found this place, sir.”
Real.: Kathryn Bigelow / Int.: Jessica Chastain, Jason Clarke, Joel Edgerton, Jennifer Ehle, Mark Strong, Kyle Chandler, Edgar Ramirez, James Gandolfini
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