Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Cinematograficamente Falando ...

Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...

Cinematograficamente Falando ...

Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...

Uma cadência obstinada

Hugo Gomes, 17.02.23

jenny_02.webp

Albert Préjean e François Rosay em "Jenny" (Marcel Carné, 1936)

O cinema, essa arte paradoxal, privilegiada, diferente de todas as outras. O cinema, lugar dos pais mortos, desaparecidos, ausentes para uma ou duas de cinéfilos por vir. E eu só posso ser o mais obstinado, amarrado à própria “história” como um molusco ao rochedo.”

- Serge Daney entrevistado por Serge Toubiana  [Fevereiro, 1992], publicado sob o título "Perseverança" (edição portuguesa, com tradução de Luís Lima, publicado pela The Stone and the Plot)

À espera que a luz altere: uma conversa com Linh Tran.

Hugo Gomes, 16.02.23

Collage Maker-16-Feb-2023-12.14-PM.jpg

O grande vencedor da edição de 2023 do festival Slamdance, “Waiting for the Light to Change” é um filme sobre impasses, esperas, e introspecções. Cinco jovens decidem passar uma semana de retiro numa casa à beira de um lago, lá, para além das trivialidades do seu quotidiano, tentam lidar com as suas memórias e sentimentos reprimidos. Por detrás deste delicado filme encontramos Linh Tran, realizadora e argumentista, que aventura-se numa longa-metragem após trabalhos curtos de teor pessoal (como é o caso de “Dinner” [ver aqui]), nomeadamente focando na figura paternal. 

Vietnamita, radicada nos EUA, Linh Tran falou com o Cinematograficamente Falando … sobre a sua mais recente obra e a sua relação com o cinema, propriamente dito.

É sabido que o seu trabalho é bastante pessoal, já antes da longa-metragem [“Waiting for the Light to Change”], as suas curtas exploravam as questões das memórias familiares na tenra idade, e como elas metamorfoseiam o seu carácter. Serve do cinema como uma espécie de confissão? Talvez pela tendência do tema, existe no seu trabalho uma tentativa de ligar ao seu pai?

Penso que para mim, o cinema serve como um meio de atribuir um sentido ao mundo que me rodeia e com isso dando a possibilidade de conhecer a mim próprio. Ainda sou bastante jovem e ainda estou a tentar descobrir quem realmente sou e onde estou neste mundo. Embora os meus trabalhos sejam pessoais, as histórias geralmente assumem contornos fictícios, visto que estar demasiado próximo de uma história torna-se, por vezes, numa coisa assustadora e uma vez que as minhas histórias são bastante imediatas, sinto que pôr a minha vida a nu em frente da câmara pode ser prejudicial para o meu trabalho. O que nelas é pessoal são as personagens, normalmente sentem-se como eu me sinto, ou algumas delas assemelham-se a pessoas que se cruzaram na minha vida. Eu não diria que o cinema serve como uma confissão, talvez mais como uma introspecção.

O meu pai faleceu quando eu tinha 18 anos e estava longe de casa, e no meu trabalho mais recente examinei as minhas memórias com ele, mas isso é uma longa história para um outro dia.

Sobre “Waiting for the Light to Change”, em que momento sentiu-se preparada para avançar no formato de longa-metragem?

Antes de "Waiting for the Light to Change", nunca tinha estado no território da longa-metragem, por isso definitivamente não sabia no que me estava a meter. As circunstâncias eram especiais, uma vez que o filme foi feito como parte de uma iniciativa chamada Indie Studio na Universidade DePaul, onde encontrava-me a trabalhar para o meu AMF. Não pensei que estivesse pronta para fazer uma longa-metragem, mas largar tal oportunidade seria uma tolice, especialmente porque o orçamento do filme era suficientemente pequeno. Eu teria muito mais medo de fazer, digamos, um filme de um milhão de dólares. Mas muita produção cinematográfica funciona desta maneira, no risco, por isso, simplesmente saí e aproveitei esta oportunidade e percebi tudo ao longo do caminho.

1661798136781d21659d6c8ae06936de8.webp

Em “Waiting for the Light to Change” todas as personagens parecem estar reféns de eventos passados, são seres jovens com o futuro à sua frente, mas inquietos quanto a estes, preferindo-se refugiar em memórias. Existe no seu filme um retrato da juventude atual, uma juventude cada vez mais receosa dos dias que seguem?

Para ser honesta, só posso falar por mim, foi o que senti na altura em relação ao futuro, como um jovem de 25, 26 anos de idade. Sei que alguns dos meus amigos sentem o mesmo. Mas agora que vi o público ligar-se ao filme e relacionar-se com estas personagens, acho que não sou a única jovem a sentir-se dessa forma.

O filme parece também lidar com a questão da nostalgia, porque estas personagens tendem a ter uma percepção ilusória dos seus próprios passados. O cinema norte-americano atual encontra-se preso a esse tributo, seja em modo afetivo, seja, obviamente em modo industrial. Como lida com a nostalgia e como vê o retrato da nostalgia no cinema de hoje?

Uau, essa é uma grande questão! E a minha resposta sincera é que nunca pensei realmente em nostalgia. Só me senti nostálgica, e se sou completamente verdadeira, por vezes deixo-me levar por esse sentimento de nostalgia. Algumas pessoas não apreciam isso, e eu respeito. Mas ouço-vos falar do cinema americano a satisfazer esse sentimento ou esse conceito. Acho que é um resultado desta era digital? Sinceramente, não sei.

Quanto a novos projetos? O prémio em Slamdance serve como motivação para avançar rapidamente em novos projetos?

Com certeza, é sempre sobre o próximo projeto, não é? Tenho vindo a desenvolver um filme que é muito mais pessoal, e bastante próximo de mim. Mais uma vez, é um filme que explora outro tipo de relação feminina, uma entre irmãs. Esperemos que o prémio me ajude a consegui-lo.

Ato III: Tár, a caçadora de monstros

Hugo Gomes, 15.02.23

MV5BYzBlMGQ3OGItOGM3My00YzZhLTgyNDMtMTA0MTBkZjExNW

Tár (Todd Field, 2022)

whiplash-especial.jpg

Whiplash (Damien Chazelle, 2014)

Tár” encosta-se à segunda longa-metragem de Damien Chazelle - "Whiplash" (2014) - previsivelmente pelo seu tema central, a música e como alberga posições de Poder perante os demais. No caso do filme que garantiu o Óscar a um sinistro J.K. Simmons (“Not quite my tempo”), a relação cercava entre um professor e um aluno, e por essa base uma protética concepção militarista, que envergonharia qualquer requisito de “conto underdog” ou de motivação profissional. Já a obra de Todd Field, o Poder, igualmente presente no estatuto, leva a Tár a balancear na sua própria moralidade, os tons cinzentos afligidos na sua auto-consciência artística, a levam a cometer uma postura antiética em prol das suas pessoais satisfações. A linha perpendicular de ambas obras é mesmo essa figura do “maestro” e a sua dominância perante as orquestras (e as vidas destas), a única perante a nota de ruptura, “Whiplash” deseja transparecer uma experiência e nela “cavalga” num “simulacro”, enquanto em “Tár” mantemo-nos num retrato abrangente sobre um estado de modernidade e de pós-modernidade. 

Porém, muito falamos de Tár [a personagem de Cate Blanchett], a sua construção e desconstrução, como se o filme resumisse a um “character study” (ao menos se afasta do território unilateral do “filme de ator”), mas Todd Field, através do seu magnetismo - convém realçar o tom de realeza com que a protagonista se apresenta, e conectando-a à sua resiliência em manter um controlo absoluto do seu redor - para se especificar nos códigos adiante do thriller, mais do que a falsa-biografia que poderia facilmente cometer. Perante isso, “Tár” é um primo do estilo polanskiano, do embate da figura em queda e da atmosfera que adensa mais e mais, até que tudo se transforma num iminente alerta, um perigo subliminar que parte do interior da personagem e não do seu exterior. 

Polanski, figura controversa e ainda mais aqui invocada como “comparação” a um objeto reflector da “cancel-culture”, operou por essa via da miragem, no qual personagens são ameaçadas por manifestações dos seus próprios medos, seja Catherine DeNeuve [“Repulsa”, 1965] cuja repudia pelo sexo e a ideia deste transforma todo o seu apartamento numa câmara de horrores, seja Mia Farrow [“The Rosemar’s Baby”, 1968] que a suspeita satânica no seu recém-nascido a guia para uma espiral de loucura conspiracional, ou as sombras com que Johnny Depp [“The Ninth Gate”, 1999] lida no seu “trabalhinho” de bibliotecário. São alguns dos exemplos, como poderia aventurar-me em mais (“Knife in the Water”, “Chinatown”, “Death and the Maiden”, “The Ghost Writer”), é um efeito quase conspiracional com que as personagens lidam com os seus medos, ora entende-se fobias ou inesperados e imediatos receios. Field, por sua vez, contenda Lydia Tár à sua decadência, primeiro incitando uma suspeita (por exemplo, no fim da cena da masterclass, somos presentados com um plano POV, resultando na sugestão de um desconhecido voyeur), crescendo para elementos paranoicos (ruídos e notas soltas ouvidas pela própria personagem no silêncio da noite) para se ajustar nos medos convertidos numa só reação (o passado que amontoa-se e descortina o seu pavor na "insignificância").  

A esquadria de “Tár” funciona nessa vertente, o de criar um clima de “suspense” em todos os factores de alerta da personagem, daí surgir a opção do tempo de arranque (uma introdução em forma de mockumentário) diluído no tempo em que dedicamos a conhecer esta figura, para depois, ou aliarmos na sua ambiguidade (leia-se perversidade), ou distanciarmos, solicitando o castigo divino a tal carácter. A banda-sonora de Hildur Guðnadóttir, um misto de minimalismo com essências primitivas, melodias inesperadas que pavimentam um trajeto dessa ansiedade invisível, é uma obra musicalmente em construção, em busca de um projeto perfeito enquanto epifania. 

Felizmente, ou infelizmente, conforme a nossa justiça, a consagração nunca cumpre o seu propósito, estabelecendo esse medo concretizado e materializado, impondo um senso de ridículo numa audiência mascarada, enquanto que orquestras de gosto requintado dão lugar a servientes da cultura popular. Lê-se “Monster Hunter”, título de um franchise de videojogo que comunga jovens e adultos de várias estirpes, é a designação do círculo infernal onde Tár residirá como punição, mas pode também servir de separador ao que acabamos de presenciar até esta descida. “Caçadora de Monstros”, vencida pelas "monstruosidades" que jurou rastrear, sem aperceber da sua verdadeira faceta. 

Ato II: Quem tem medo de Lydia Tár?

Hugo Gomes, 13.02.23

1674574419764.jpg

"Don't be so eager to be offended. The narcissism of small differences leads to the most boring kind of conformity."

Todd Field, curioso e discreto cineasta americano [prova disso é o hiato entre a sua segunda longa-metragem, “Little Children”, e esta recente e terceira, “Tár”, de 16 anos] trespassa para além do conceito de “vida privada”, tentando com isso elaborar teses comportamentais acerca das suas personagens e do respectivo encaixe social. Nesse aspecto, com o thriller de Poder protagonizado por Cate Blanchett (sempre formidável quando o palco é dela e apenas dela) resulta num olhar atento à cadeia estabelecida no mundo das Artes e da nossa respectiva relação. A maestrina, ou “conductor”, como a própria aclama no calor da sua soberba, Lydia Tár é uma espécie de erva-rato (erva, essa, que consolida o veneno e o antídoto na mesma planta), provando uma artista genial, única no seu meio, acrescida pelo mérito, porém, corrompida pelos vícios do Poder suscitados por essa mesma escadaria.

É um teste de resistência, quer aos que acreditam na separação entre arte e o seu artista, ou na diluição entre ambas as partes e por essa via, o julgamento conjunto da personalidade e do seu ofício. Sequência central, como tem sido debatido e referido por aí, é aquela em que Tár orienta uma masterclass em Juilliard School, confrontando um aluno de ideias, digamos progressistas ou, “wokistas”, choque encontrado na sua percepção ao trabalho de Bach, negando a sua canonização devido a “problemas matrimoniais” (palavras de Tár, não nossas). Há toda uma reação em favor a Tár, até porque a sua articulação e argumento sombreia as frases feitas e de reação primária do jovem, que a maestrina e formadora por um dia, resume alcunhando-o de “robô”. A disputa intelectualizada, e convém sublinhar desigual, termina num empate técnico, de um lado, o ‘rapaz’ humilhado e desconsiderado, por outro, Lydia Tár gratuitamente ofendida por um “progressista” que sob o fervor emocional regride, convertendo-se naquilo que teoricamente mais odeia.

Daqui, passamos para o percurso da protagonista, antevendo a hipótese de comandar a cultuada Orquestra Filarmónica de Berlim. Durante esses preparos, os fantasmas circundam ao redor da sua figura, seja de um jeito literal, levando-a a “ouvir estranhos sons” durante o breu da noite, ou figurativamente, através de casos de assédio ressurgidos do seu passado com vias de abalroar o presente (e futuro). Porém, nada nos é servido na infusão da ambiguidade, não há provas contrárias dos seus antecedentes, e como tal, Field termina todas as dúvidas quando vislumbramos o instinto manipulatório revelado em Tár, até mesmo nas ‘pequenas coisas’ como no episódio em que lida com a bullie da sua enteada. Portanto, a maestrina é uma culpada a merecer julgamento? Diria antes que o julgamento está presente a quem o procura em “Tár”, a questão aqui é mais abrangente que uma cerimónia de apedrejamento, é uma clarificação ao chamado “cancel-culture”, às suas imbricações, como a sua natureza.

O final, digno de nota, demonstra que existe outras vias ao tal cancelamento, remoendo no fenómeno como uma implicação capitalista, e como a sociedade mais que tudo, demonstra-se sequestrada por esse impiedoso sistema, é natural que a ficcionada Lydia Tár não viva para testemunhar a sua derradeira consagração. Num futuro, alguém, numa masterclass classicista discutirá a ou não canonização da mesma, de igual forma que a personagem e o jovem “robotizado” embatiam no legado de Bach.

Só que tal lugar não está reservado à nossa existência, só à nossa espectralidade, portanto, banda-sonoras de videojogos por entre um “desrespeitado” público em cosplays é o “calabouço” possível.

Ato I: reagindo a Lydia Tár ...

Hugo Gomes, 13.02.23

Tar-3-1280x720.png

A reação a “Tár” é um fenómeno normal e expectável (até mesmo lisonjeador à vitalidade da obra), há uma ideia - a derradeira - em conquistar um moderado para uma das extremidades, como se a ambiguidade fosse apenas um utensílio de proveito para uma das longitudes do que propriamente uma virtude observacional ao panorama aí gerido.

Tar”, é isso mesmo, um “filme-moderado” … e atenção, não é por essa designação que cairemos na redutora designação de "passivo-inofensivo". O filme de Todd Field (com uma década em gestação), comporta-se como um agressivo ponta-de-lança nas conturbações dos chamados tempos modernos, a nossa contemporaneidade algo digna de um palanque cronista e jogado à mercê das anotações, tendo como cenário (ou temática), a Arte como um todo absolutista ou um total de nada maleável às vontades da sua cultura corrente.

Sendo assim, a minha reacção a “Tár” prende-se em dois pontos; o primeiro, interior, a surpresa em constatar que numa indústria gradualmente distante do conteúdo adulto manifeste maturidade na concepção de uma obra desta Natureza (quer seja pelos diálogos ricos e pouco explícitos, a cadência em “lume brando”, ou o desrespeito pelo espectador enquanto ser onipresente na narrativa), e segundo, exterior, pelo facto [conforme seja o lado da barricada], de se solicitar o derrame do sangue de Lydia Tár, ficcional e genial maestrina interpretada por Cate Blanchett (composta por camadas sob camadas), como peça-modelo do Poder instaurado no campo das Artes. Uma corajosa personagem para o contexto nos dias de hoje, mulher e ainda por cima lésbica, cuja sua perversão fala na mesma língua da sua força-criadora, consolidando uma figura centrada nos seus caprichos vilipendiosos e na tortura artística que a remete num lugar de solidão interiorizada.

Portanto, é fácil deparar com vozes masculinas repudiando o “mau carácter” de Lydia, do qual não se encontra muito longe das composições de anti-heróis do sexo masculino que habitam e abundam a nossa cultura popular, porém, é através dessas características hoje feitas reféns de um “wokismo” capitalista e endurecidas com impunidade crítica (a abusadora não é o habitual “homem branco heteronormativo de meia idade”, portanto, o julgamento de um dos lados da “trincheira” é abrangido à força artística do filme como compensação) que Todd Field amplia o espectro da sua iminente crítica - não se trata de género, nem identidades, trata-se de Poder, e como tal ninguém está imune da sua corrupção.

Contudo, este jogo de duas faces instala esse efeito de dupla interpretação, onde cada um vê consoante a sua sensibilidade, como nos fizeram crer, felizmente “Tár” é uma espécie de palimpsesto, duas melodias na mesma nota sem com isto ser necessariamente uma questão de leitura ou de perspetiva, ou diríamos melhor, numa inquisição de perguntas e não de resposta. O Cinema não tem obrigação de responder a nada, por isso quem procura decifrar a autenticidade do seu simbolismo perde instantaneamente o seu efeito aqui. 

A ressureição da Crítica de Cinema?

Hugo Gomes, 09.02.23

328435926_899288654451046_7680803205290902654_n.jp

Foto retirada do Facebook da Ifilnova - Instituto de Filosofia da Nova

Será que a crítica de cinema está mesmo morta? Como muitos desejam decretar? Aclamei, numa masterclass da Universidade da Beira Interior, em 2022, de que a Crítica de Cinema necessitava reconfigurar-se aos novos tempos e a solução seria “regredir”, ou seja regressar ao seu romantismo. Acredito que no futuro não haverá espaço para a crítica de cinema nos jornais e em outros órgãos de comunicação, porque neste jogo de poderes e  influências existe o sonho de tornar a crítica num “braço estendido" do marketing, portanto, é quase imperativo devolver a este ofício a sua capacidade e liberdade de pensar. Como tal, com curiosidade, essa vertente que me conquista mais e mais, integrei o curso de quatro dias na FCSH, uma atividade do OutLab/IFILNOVA, sobre isso mesmo … Crítica de Cinema.

Após três aulas, orientadas por Daniel Ribas, Luís Mendonça e Teresa Vieira, constatei, e com bastante agrado, a afluência das mesmas por jovens, ultrapassando, obviamente, o estabelecido limite de 30 integrantes. Sim, provou-se que a Crítica de Cinema não está enterrada, e ainda consegue ter a capacidade de cativar essa camada jovial, o próprio futuro da arte (porque sim, é uma arte, e o crítico o seu artista, mas isso poderá ser outro debate) está bem entregue à sua supervivência. Novos nomes surgirão com certeza, infelizmente não operarão nos tradicionais meios, mas também é necessário rompê-los, quer os Poderes estabelecidos, quer as ideologias que têm sido confundidas como Cinema (refiro obviamente a homogeneidade por vezes descrita do “que é o Cinema”).

Porque a Crítica mantém o cinema vivo, no sentido em que possa ser pensado, discutido e interpretado (multi-interpretado, para sermos exatos), preserva os cânones, questiona-os, e rompe-os. É a formação de um novo olhar, e acima de tudo, um aliado fiel à Sétima Arte.

Que venham daí esses novos Críticos, há muito para fazer!