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Cinematograficamente Falando ...

Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...

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Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...

Rotações por minuto em coração português ... ou como Paulo Carneiro nos aproximou da nossa identidade

Hugo Gomes, 09.05.22

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Aviso à navegação: isto não é um filme sobre "tunning" ...

À segunda longa-metragem, Paulo Carneiro mantém-se fiel ao seu processo de utilização dos objetos-estudos como pretexto para abordar um alvo latente. O mesmo procedimento no qual “capturou” a aldeia transmontana que faz do título do seu anterior filme - Bostofrio (2018) - uma busca dos restos memorialistas do seu avô e por sua vez redescobrir-se como garantia desse desenvolvimento.

Desta forma nasceu "Périphérique Nord” (“Via Norte”), cujo alvo transferiu-se para os automóveis, ora alterados, ora modelados à imagem do seu condutor, o património acarinhado por imensos imigrantes portugueses, essa paixão pela máquina que cobre todo um desejo de decifrar a condição desses “afastados da terra-mãe”. Tal como “Bostofrio”, Carneiro estabelece um filme expositivo quanto à sua própria construção (“os melhores filmes são sempre documentários sobre a sua rodagem”, parafraseando Jacques Rivette) surgindo em cena e assumindo como protagonista perante os entrevistados, grande parte deles filmados em planos gerais que reforçam um tom de “cinema verité”.

Porém, é também essa “fratura exposta” que o filme ostenta um lado aparentemente desajeitado como se estivesse em plena improvisação, intercalando com os momentos noturnos rompidos pelas luzes dominantes dos néons ou da iluminação que assinala a “presença” da bomba isolada, à lá Edward Hopper, o qual o realizador estabelece como paragem para uma segunda fase da sua demanda. São histórias que conhecemos, e como tal, a empatia é automaticamente instalada, pregando a fundo pela panóplia de sentimentos vividos por estes portugueses longe de casa, que invejam a terra que os viu nascer (e que em certos casos os renegam), e que tudo fazem para saírem sucedidos em relação aos seus sacrifícios. No fundo, Paulo Carneiro viabiliza a nossa “Portugalidade”, a identidade exaltada oriunda de um país isento de qualquer força-motora para desafiar o restante Mundo, da mesma forma, como tal repara, os Curdos, os sem-pátria, prevalecendo um feixe identitário, o património que lhes resta. O realizador faz esse paralelismo em um diálogo cuidadoso e simples como qualquer conversa de boleia, aliás, boleia essa que o guiará para o ponto de partida.

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Périphérique Nord (Paulo Carneiro, 2022)

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Gas (Edward Hopper, 1940) Pintura

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Fotografia de Graham Miller

E é então que entramos naquele último plano: o mercado da Pontinha deixado à sua mercê no breu da noite, cartazes sobre uma Revolução passada e de heróis hoje imortalizados como símbolos de uma liberdade com promessas de unir sobreviventes de um regime e "desertores" adornam a cobertura desse espaço. A câmara prossegue o seu agendado travelling, revelando, escondido em fora-do-campo e num “know-how” antonioniano (não pude deixar de pensar naquela façanha de Jack Nicholson em “Professione: Reporter”, o flashback integrado que resgata o travelling para além da mera ostentação, do artifício) uma viatura “quitada” num pensado “pião” que desfaz o silêncio até então inviolável.

É exatamente no momento em que antecede aos créditos finais que a avaliação pesa nestes ditos “novos autores do cinema português”, se por um lado Ico Costa falhou na sua primeira longa’ (“Alva”, em 2019), Paulo Carneiro acerta na “mouche”, resumindo a sua jornada numa só cena. O 25 de Abril e a liberdade de fuga representado nos venerados símbolos, o Portugal “vazio” figurado no mercado “abandonado” e o objeto-estudo no qual se esconde esse orgulho lusitano preste a “libertar-se” das suas amarras. As imagens são a língua própria do cinema e o realizador sabe bem disso.

Em 2018, apontei Paulo Carneiro como um dos nomes promissores do nosso cinema, ao segundo filme mantenho posição.

Em memória da Gisberta, Paulo Patrício revela o seu nome

Hugo Gomes, 08.05.22

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Em 2006, Gisberta Salce Júnior, descrita por quem a conheceu como uma “mulher radiosa”, entraria em destaque nos noticiários de todo o país, e não por felizes razões. O corpo desta mulher-trans é encontrado num poço de um edifício abandonado do Porto, tinha 45 anos na altura. Contudo, foi a natureza do caso que “alimentou o mediatismo noticioso” e suscitou debates sobre a relação de Portugal com a comunidade transexual, até porque a autópsia revelou tortura ao longo de vários dias, e os culpados rapidamente foram identificados, tratando-se de um grupo de 14 jovens entre os 12 e os 16 anos.

Passados 16 anos, o caso continua a ecoar na nossa sociedade, mantendo-se como uma das bandeiras nas anuais marchas de luta pelos direitos LGBT. Paulo Patrício, diretor de animação, retorna ao caso com a recolha de depoimentos de ambos os lados desta história - os agressores e as vítimas desses “crimes de ódio” – num processo de inibição do visual do real e substituindo-a por uma animação de rotoscopia-avatar que afasta o documentário da mera estrutura “talking head” e se apresenta como uma experiência estética e de conexão emocional com o espectador. Mas são os testemunhos, os ditos desabafos, ora cansados, ora emocionalmente devastados, a história recontada, entre outros, a servirem de contornos deste “O Teu Nome é”, um filme que opera mais que um tributo, um olhar a uma mulher de vida efémera, a sua martirologia e as reflexões aí extraídas.  

O Cinematograficamente Falando … falou com Paulo Patrício sobre o processo, a ideia, a vivência e o subestimado poder da animação.  

Gostaria de começar com a seguinte questão, ou diria melhor, pensamento. Passados 16 anos desde a morte de Gisberta, o que mudou ou que ainda está para mudar na nossa sociedade [referindo à realidade portuguesa] em relação à comunidade transexual?

Legalmente, sendo que o caso também contribuiu para isso, mudou muita coisa e a comunidade conseguiu, de facto, adquirir direitos que permitem uma maior integração. Infelizmente, as leis não resolvem tudo. Daí que, socialmente, tenha muitas reservas em relação a mudanças concretas e plenas.  

Desde logo, o estigma persiste. A percepção que temos pode não ser essa, mas os casos de violência directa e indirecta (sobretudo esta) continuam. O olhar de lado e a laracha mal-intencionada ainda fazem parte do quotidiano desta comunidade.   As políticas públicas são risíveis, já os serviços sociais – e vou generalizar – podiam estar melhor preparados para lidar com questões de género ou identidade. Um plano de tolerância zero em relação à discriminação dentro das escolas, está muito longe de ser verdadeiramente cumprido. Faltam políticas de formação e esclarecimento. No que diz respeito à saúde mental, um aspecto que me preocupa muito no que toca a esta comunidade, os apoios são pouco efetivos. A vulnerabilidade, descriminação e a opressão, por muito que tudo tenha mudado, continuam lá e por resolver. Isso só acontecerá com um trabalho contínuo e coletivo.

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Como lhe surgiu a ideia para este filme e o porquê de reunir os “dois lados da moeda” em termos de testemunho (falo obviamente da inclusão dos relatos dos agressores)?

Se eu sou plural, a curta-metragem também tinha que o ser. A minha única preocupação foi essa: pluralidade de vozes e pontos de vista. A inclusão dos testemunhos dos agressores encaixa-se aí e é crucial para um melhor entendimento do caso. Não é uma tentativa de normalização ou desculpabilização, mas uma contribuição para um debate mais alargado. A brutalidade e o preconceito fazem parte do que aconteceu, mas o falhanço redondo, entre outras coisas, das instituições, da malha e suportes sociais também. Sem esses testemunhos, isso não seria compreensível e o resultado seria outro, provavelmente engajado ou polarizado. Coisa que não faz o meu feitio.  

Um filme é um processo, e na maioria das vezes, não acaba como começa. Há uma personagem que desabafa, “como é que foi possível?!”, mesmo que tenhamos progredido, olhando para o que vai acontecendo em termos sociopolíticos, a questão que ela coloca em relação aos crimes de ódio continua a ser muito pertinente. Inicialmente, a curta estava centrada na violência e qual era o ponto sem retorno, mas com o tempo, desviou-se para os diferentes pontos de vista das personagens, das experiências, contradições e memórias que cada uma delas tem sobre o caso, mas também sobre questões como discriminação, condição social, preconceito e pobreza. Ou seja, o ponto de vista passou a ser mais importante que o ponto sem retorno.

Foi de fácil acessibilidade a recolha destes testemunhos? Houve resistências da parte de algum dos lados?

Ainda que por motivos diferentes, a resistência partiu desde logo dessa coisa muito humana que é evitar remexer e reavivar memórias e emoções. Também foi pedido o anonimato, como é óbvio. Foi muito complicado e muito espaçado no tempo, aproveito para – mais uma vez, porque nunca é demais – agradecer o trabalho da jornalista Ana Cristina Pereira, sem ela teria sido quase impossível conseguir estes testemunhos.

O porquê da sua opção em abordar esta pós-história numa animação?

Bem, esta resposta prende-se com a anterior: inicialmente seria um híbrido, imagem real com animação, como a maioria dos entrevistados não queria ser filmado, a animação ocupou o lugar da imagem real. Durante as entrevistas não fiz qualquer recolha ou registo, portanto, aquelas personagens não são de todo representações de quem estava à minha frente. Por outro lado, vem no seguimento de outra curta de animação documental, “Surpresa”, onde também é abordado um tema nada fácil.   

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Repescado um filme ainda presente nas nossas salas - “Flee” - que prossegue num idêntico modus operandis de transmitir o seu conteúdo documental em animação, como encara essa possibilidade de transferir o terreno animado do mero “recreio para crianças” para uma forma expressiva de dinamizar as vivências dos mais marginalizados?

Com toda a naturalidade, porque não sou paternalista em relação à animação. Serve para tudo e é tão legítima como qualquer outra forma ou expressão artística.  

Sente que o seu filme tem a capacidade de conscientizar? Foi esse o fundamental propósito do filme?

O cinema não muda o mundo, muito menos a realidade. Quando muito, com sorte, pode mudar uma pessoa. Uma coisa é certa, se temos a cabeça redonda, não é para ter ideias quadradas. E o cinema pode, eventualmente, ajudar a isso.  

Sobre a animação, e vincando no panorama nacional, gostaria que me salientasse as dificuldades de trazer este registo ao nosso país e de trabalhá-lo. Acrescento que durante o Festival Monstra, o qual o seu filme também integrou a programação, foram ouvidos diversos desabafos de que a Animação em Portugal é encarada injustamente como uma segunda divisão do audiovisual. Subscreve?

Pior: há até quem ache que a animação não é cinema, mas um género ou coisa equivalente. Entendo de onde vem isso da segunda divisão, porque a maioria da animação, de facto, raramente entra na esfera do político ou tem pertinência social. E quando entra e tem, não é levada muito a sério, parece que foi obra do acaso. 

Apesar das dificuldades, estamos muito abertos a produzir este e outros géneros de animação, temos bons filmes e colhemos frutos em festivais nacionais e internacionais. O nosso problema é que tirando algumas bolsas de resistência, eles não chegam ao grande público nacional, o que é de lamentar.  

E quanto a novos projetos?  

Agora estou dedicado a fazer circular “Sweet Spot”, uma performance de cinema expandido ao vivo, realizada em parceria  com Jorge Ribeiro, onde estabelecemos um diálogo recorrendo a diversos meios e técnicas, cruzando música ao vivo, projecção vídeo, animação, pintura e desenho ao vivo e em tempo. Para o ano, terei uma mini-documentário experimental e de baixo orçamento, sobre os pequenos negócios de imigrantes que tentam florescer à margem das lojas turísticas. De resto, estou a desenvolver um outro sobre dança contemporânea.

Takes Festival Política 2022: relembrando as pessoas nem que seja por escrito

Hugo Gomes, 04.05.22

Alcindo 

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Há um cuidado redobrado em tecer uma crítica que seja a um documentário da natureza deste "Alcindo'', filme que começou por ser um projeto de mestrado é agora convertido numa assumida produção de remexer consciências. Partindo do brutal assassinato de Alcindo Monteiro - vítima do ódio radicalista de um bando de skinheads decididos a causar o caos no Bairro Alto, naquela fatídica noite de 10 de junho de 1995 - Miguel Dores tenta interligar mais um punhado de casos anteriores e posteriores para prevalecer a sua tese de racismo estrutural. Contudo, é naquele momento em que o advogado de defesa da família de Alcindo, mapeando aqueles bairros de Lisboa com os dedos, descrevendo todas as vítimas e os desacatos envoltos até chegar à figura-chave e o homicídio cuja sua resolução iria mitigar a expansão da extrema-direita nos próximos anos, que encontramos o dito filme.

Neste caso, possivelmente iludido com o método académico de apontar para pista A, B e sucessivamente até a sua teoria não possuir mais ponta alguma de questionabilidade, Dores conseguiria dizer tudo aquilo que pretendia em poucos tópicos, aliás focando somente no crime, a sua investigação e o seu julgamento. Ao invés disso, é um puxar de acontecimentos, numa estrutura “salta-pocinhas”, dando a sensação de chover no molhado quanto ao tema.

Esta seleção, corte e concisão, não impediria de “Alcindo” ser um “dois em um”, um relato de um crime hediondo que envergonha um país ainda seguro da sua “hospitalidade” (no qual confunde com empatia e por sua vez uma prova à nossa sistemática abjeção racial), ao invés disso navega “não por outros mares”, mas por outras correntes com esperanças da vinda de ventos de cariz emocional. Ou seja, para uma tese no pretexto de abordagem a um caso criminal, Miguel Dores cede ao sentimentalismo como perfeita arma de empatia, só que esquece da exatidão desse mesmo arsenal.  

 

O Teu Nome É

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Em paralelo com "Flee", de Jonas Poher Rasmussen, o nosso “O Teu Nome É” subscreve a animação como um velcro concentrado de histórias e delas sublinha a sua Humanidade além das fronteiras do real.

Funcionando como um documentário que reúne depoimentos de simpatizantes e agressores do caso Gisberta Salce Júnior (transexual brasileira torturada durante vários dias por 14 adolescentes num edifício abandonado, acabando por morrer, em 2006), Paulo Patrício tenta descortinar mais do que uma verdade, desvendar a consciência perante esse crime e as repercussões do mesmo. É um embate de olhares, de gestos e de trincheiras perante um só monumento - à memória de Gisberta - e através desses ditos e feitos costurar uma teia de relações a algo mais subconsciente que os corpos. A animação transveste o que poderia ser uma estética de reportagem / investigação, atribui uma nova pele, novas expressões e dinamismo ao credo. O que para muitos poderá ser uma distração, para outros é o processo de retirar Gisberta do rótulo de “mais um caso”, auferindo-lhe uma vida para além da sua morte.

A animação assume o seu papel, e acima disso, reivindica o seu direito de existência fora do conceito de “miudagem” e no panorama português, o qual, mesmo sob a alçada de grandes mestres a níveis mundiais (José Miguel Ribeiro, Abi Feijó, Regina Pessoa e a ascendente Laura Gonçalves), continua a ser renegado à segunda liga pelas mais variadas instituições, personalidades e cultos intelectualizados.

 

A Nossa Bandeira Jamais Será Vermelha

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O atual cenário político tem impulsionado o cinema brasileiro a expressar as suas reflexões, críticas e descontentamentos, seja na ficção por discursos diretos ou metáforas distópicas, seja no documentário, com principal enfoque ao "impeachment" de 2016.

Nesse sentido, a juntar a exemplares como o cru “O Processo” de Maria Augusta Ramos (2018) ou o embelezado “Democracia em Vertigem" de Petra Costa (2019), chega-nos “A Nossa Bandeira Jamais Será Vermelha” do jornalista Pablo Lopez Guelli, título apropriado de um slogan presente em várias manifestações de extrema-direita brasileira (ou somente fruto do medo instalado por um demonizado “comunismo”), um prisma focado na tendenciosidade da imprensa brasileira, e como estas influenciam a política brasileira assim como as vontades coletivas. Tendo depoimentos de Noam Chomsky e de Glenn Greenwald, um dos fundadores do jornal online The Intercept, o filme de Guelli esquematiza o oligopolismo dos media ao longo da sua história, especializando nos cruciais tópicos que levaram à ascensão de Jair Bolsonaro à presidência. Através desse desencantamento inquisitor, esboça o paradoxismo da nova presidência em que as “fakes news” e outros meios alternativos de propagação de “notícias” (entre aspas para não existir dúvidas) adquiriram uma emancipação frente à incentivação da imprensa oficial brasileira.

Por sua vez, o documentário, persistindo numa estrutura esperada do seu formato (imagens de arquivo, manchetes de jornais e “talkings heads”), tende em glorificar os meios independentes (que se assumiram como "mídia ninja”), não com isso especificando as diferenças destas com as veículos de manipulação noticiosa. “A Nossa Bandeira Jamais Será Vermelha” sabe apontar o dedo mas é pouco esclarecedor na sua abordagem.   

Doutor Estranho Amor e a Loucura controlada

Hugo Gomes, 03.05.22

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O regresso de Sam Raimi ao terreno do cinema de super-heróis (“Darkman”, a trilogia de “Spider-Man”) é o pretexto, mais que suficiente, para respondermos com expectativa a mais um capítulo de um universo montado e pensado ao milímetro. Contudo, mesmo com os seus elementos presentes ao virar-da-esquina (a conotação mais negra e a rédea mais estendida às estâncias do terror e da série B), é a sua convivência com um guião preguiçoso e uma produção megalómana e glutona (tal como “Spider-Man 3” é de notar dois e diferentes filmes em conflito na sua cerne) que não fundamentam milagre algum.

Doctor Strange in the Multiverse of Madness” é aquilo que os fãs desta saga (palavra caída em desuso após a dominância do termo “universo partilhado”) pretendem, nada a desapontar por estas bandas (ou dimensões) para esse público-alvo, excepto a falta de carinho pelas personagens, nomeadamente aquelas retornadas em forma de cameo (mal habituados à nostalgia honrosa e por vezes ternurenta de “Spider-Man: No Way Home”) e pela cedência fácil aos mandamentos mais que entranhados de uma “casa” como a Disney. Aliás, por mais que tentássemos encontrar espessura neste festim de CGI, o que deparamos é inconsequência como um tramado reino moral.

Confesso-vos, esperava sentir uma vibe aqui, e senti até aos últimos cartuchos uma esperança de reconquistá-la … pois, em vão. No fim de contas, Elizabeth Olsen torna-se definitivamente o melhor e igualmente o pior desta “Loucura” de nome, porque é nela que se reflete mais Raimi e ao mesmo tempo o síndrome da utopia disnesca.

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