Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Cinematograficamente Falando ...

Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...

Cinematograficamente Falando ...

Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...

2 ou 3 coisas que eu sei da cinefilia (ou possivelmente nenhuma) ...

Hugo Gomes, 07.05.23

2-or-3-Things-I-Know-About-Her121.webp

Espero que Godard não se revire na sua tumba devido a esta semi-apropriação, mas dou por mim a pensar no pouco, ou cada vez menos, se fala de Cinema nos dias de hoje. Cismamos numa sociedade gradualmente divorciada do Cinema enquanto ato ou evento cultural, sociológico e até mesmo político (para além do ativismo que se têm diluído com o capitalismo feroz), ou pela transladação de muitas dessas características aos produtos sob a máscaras de falsas-séries ou de "televisão do século XXI", porém, nem essa degradação que falo, e outros falam incessantemente. Digamos, que este texto não é mais que um desabafo - daqueles que surgem a meio da nossa existência como uma crise qualquer, de natureza identitária, existencial ou até mesmo artística (dou-vos de bandeja, os “calhaus” para o meu “apedrejamento”) - até porque tenho encontrado no “cinéfilo” um sujeito cada vez irritante. 

Primeiro, sigo pela básica ordem que o cinéfilo é um “amante de cinema”, um ávido consumidor (palavra pejorativa, eu sei), ou mais que isso, um cultuador de filmes e todos os seus adereços, que através dessa sua experiência adquire ferramentas para um conhecimento para lá do comum dos mortais desses mesmos territórios. Eventualmente, deparo-me com essa figura cada vez abstracta, por um lado, colhedor de um ego absolutista (falar de Cinema é falar dele e apenas dele), por outro é a ideologia a dominar os palanques discursivos: ora como o cinema deve ser assim e não assado, e do outro campo quem acredita que cinema deve ser assado e não assim. Dou-me por mim a odiar a “toca do coelho” que em certo dia tropecei e de lá nunca mais sai (nem desejo o fazer), porque o que constato é esta embirração pelas nossas confortabilidades. O cinema de arrojo que muitos anseiam sentir e a segurança das estéticas que outros apelam enquanto unidade de espectador, nenhuma destas facções diluem, nem embatem em discussões harmoniosas. É um confronto bélico, de um contra o outro, subdivididos por ligas, ora a modernidade e o clássico, novamente inimigos, sem reconhecer as suas ligações venéreas. 

Talvez isto seja meramente cansaço da minha parte, ou … a cinefilia chegou a um estado de intensa exaustão. Conforme seja a realidade, o que poderemos estar todos de acordo é que pouco falamos sobre Cinema, e devemos falar mais sobre o dito Cujo.

Comentar:

Mais

Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.