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Cinematograficamente Falando ...

Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...

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Quando só se tem cinema na cabeça, dá nisto ...

O choque entre mortais

Hugo Gomes, 12.05.16

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Mohamed Diab, conhecido no seu país como um revolucionário desde a primeira longa-metragem (“Cairo 678”), aciona os motores para um registo de cerco, compondo os mais variados lugares-comuns numa “bandeja” ao serviço de uma ingénua mensagem política.

Em “Clash” deparamos com um Egipto de 2013, dois anos depois da sua revolução (da Primavera Árabe que romanticamente gostamos de invocar), um cenário de guerra civil entre manifestantes e apoiantes da Irmandade Muçulmana, um conflito que perdura e na maior das hipóteses, e que perdurará durante longos anos. O palco é bélico, mas o filme não tende a aprofundar esse mesmo cenário. Sendo, sobretudo, um filme honesto na sua premissa, “Clash” aposta nas limitações de um “carro-cadeia” para expandir a sua intriga. Esse mesmo local torna-se pouco a pouco numa espécie de “conference room” de todo um conjunto de ideologias políticas.

Eis uma espécie de “Dr. Strangelove”, de Stanley Kubrick, com o confronto ético de “12 Angry Men”, de Sidney Lumet, e com claras alusões ao thriller de rígidas limitações ao instinto de sobrevivência das suas personagens, aqui carenciadas por conflitos realmente relevantes. É pena que todo este episódio sirva como uma espécie de panfleto cinematográfico, e um daqueles bem inocentes que só alimenta uma ideia cada vez mais “impossível” de harmonia isenta de qualquer "statement" ou doutrina. Com isso, vale a pena salientar “Clash” pela sua proposta, uma construção narrativa que não aponta originalidade, mas que atinge um ritmo infalível. Mohamed Diab apenas falha pela sua própria natureza, o seu jeito revolucionário ingénuo. Sobre temas destes, necessitávamos mais frontalidade e punho, e menos “we are the world”!

A História da Eternidade: no Cinema o tempo pára, mas a vida continua …

Hugo Gomes, 06.05.16

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Nos primeiros momentos, a morte toma o seu lugar na inospitalidade do cenário. Aí o tempo parou, mas as histórias entrelaçadas neste funeral anónimo florescem: a vida, seja ela qual, continua, seguindo o seu caminho entre os grãos que descem vagarosamente na sinistrada ampulheta. Nessas primeiras sequências é possível perceber o interesse do realizador Camilo Cavalcante em não ligar-se a estados temporais mas sim a crónicas desencontradas, enredos que encontram refúgio numa aldeia que, por sua vez, encontra-se “congelada” no referido tempo.

A História da Eternidade” é uma parábola a esse mesmo tempo, que destrói tudo e ao mesmo tempo faz renascer nova vida. É nessa vida depois da morte que o filme interage em mais um “conto de faroeste” disfarçado que, em união com o recente Boi Néon (de Gabriel Mascaro), não oculta a rebeldia aos parâmetros estabelecidos da masculinidade. O ambiente religioso e conservador é apenas “sol de pouca dura“, até porque o enredo tem tanto de perverso como de mágico, confiando cegamente na sugestão, na memória, para expelir uma teia de infinidades. Entre espaços é ouvido Fala, cantado por Ney Matogrosso, a confirmar a pureza das artes performativas em consolidação com o másculo do seu teor indisciplinado. A sequência imergida nesta musicalidade invoca outro tributo quanto à narrativa desta história intemporal – o primitivismo – a ligação tenra entre Homem e a Natureza, entre o moderno civilizado e o folclore digno de um ancestral druida.

Camilo Cavalcante, mesmo sob a “cartada” de sugestões, não engana o espectador perante os seus concretizados truques de magia, os planos completamente panorâmicos que rodopiam as suas personagens desmascarando ilusões que, no entretanto, poderiam ser impostas e induzidas. “A História da Eternidade” remete todo esse jogo de misticismo, onde no final, no calor do conflito que cerca entre o grupo de personagens, é novamente o tempo, que é posto em prática, funcionando numa só vez, para apagar o irreversível e embarcar as personagens numa nova oportunidade.

Sim, é tudo uma questão do tempo, que voa ou opta pela imobilidade. Porém, conforme seja o seu “movimento“, o cinema continua a ser feito. Refletindo sobre esses espaços temporais que tão importantes foram para a evolução de uma arte. Simplesmente mágico!

"Porquê que lutamos?": Jean-Gabriel Périot responde.

Hugo Gomes, 03.05.16

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Une Jeunesse Allemande" foi um dos filmes mais elogiados da passada edição do Indielisboa, um relato inteiramente composto por imagens de arquivo que demonstra a ascensão da Facção do Exército Vermelho, fundada por Andreas Baader e Ulrike Meinhof. Jean-Gabriel Périot foi o mentor dessa estrutura documental e agora é uma das figuras centrais da edição deste ano do mesmo festival que o havia acolhido. Falei com o realizador que tem demonstrado um intenso trabalho a nível de pesquisa, funcionado em prol da “mãe” de todas as questões – Porquê que lutamos?

É a sua primeira vez em Portugal?

Não, é a terceira vez.

Como se sente ao saber que um festival de cinema dedica uma secção especialmente para si?

Posso dizer que fico feliz por ver um festival a passar os meus filmes. Digamos que quando um festival decide dedicar-me a uma retrospectiva e criar uma espécie de “relação” comigo é no mínimo … estranho.

O seu trabalho é quase exclusivamente à base do found footage, mas a questão é como surgem as suas ideias? Olha para uma imagem e elas “falam” consigo?

Tirando algumas exceções, a ideia nunca vem das imagens, e sim dos livros. Quando interesso-me por um assunto comecei por ler bastante, investigo, pesquiso e só depois da ideia formada é que dirijo-me para os arquivos, ou seja, já existe filme antes das imagens. Só houve um que fugiu à regra, “Eût-elle été criminelle…“, o qual eu segui primeiramente aos arquivos. Mas tirando isso, eu começo por inteirar-me num tópico e só depois é que surge o meu “assalto” aos arquivos.

Os seus filmes têm uma forte componente política, por norma eles abordam a luta contra qualquer coisa. Esta sua vontade de demonstrar a insurreição, o combate, a manifestação, surgiu em algum ponto da sua vida, ou simplesmente você é um rebelde que odeia autoridades?

Na verdade, eu realmente odeio autoridades! (risos)

Mas por alguma razão?

Apenas não percebo porque é que algumas pessoas pretendem ser superiores, esse é um verdadeiro problema da autoridade. Por exemplo, eu sou um realizador, por isso poderia superiorizar-me perante os outros, mas para conseguir criar ou manter uma relação com os eles devo manter ao mesmo nível e não assumir como uma autoridade. O mesmo se passa com os políticos ou os chefes de estado, ninguém é superior a ninguém. Mas sei muito bem que precisamos de organização, porém, precisamos ainda mais de partilhá-la. Não cabe a uma pessoa decidir o destino de todos os outros.

E foi então que começou a fazer filmes sobre a luta contra a autoridade de qualquer forma?

Nem sempre isso se aplica aos meus filmes. Mas, por exemplo, mesmo quando deparamos com a resistência, a luta assim por dizer, questionamo-nos do “porquê que as pessoas lutam“. Penso que é uma questão de energia.

Então é essa a questão que procura nos seus filmes, o porquê de nós lutarmos?

Sim, é essa a questão que procuro. Por vezes, quando lutamos, libertamos muita energia e essa mesma energia quebra as nossas rotinas de vida. O universo não é perfeito, mas penso que encontramos o nosso lugar como ser humano enquanto resistimos a algo.

No caso da sua longa-metragem, “Une Jeunesse Allemande”, acredita ter feito um manifesto?

Não, pois penso que quando fazemos um referido manifesto o fazemos de maneira positiva. Se fizesse um manifesto comunista, por exemplo, seria algo do género “nós mudaremos o Mundo, mas ele teria que ser assim”. “Une Jeunesse Allemande” é mais um filme sobre História a ser feita. Assistirmos a tantas pessoas falharem que é como um completo conjunto de fracassos. Nada muda. Julgo que neste filme é mais uma questão “do que fazer” e não “do que recusar“. Tudo resume-se a uma invocação de resistência.

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Une Jeunesse Allemande (Jean-Gabriel Périot, 2015)

Referiu numa entrevista que prefere partilhar os seus filmes aos alcances de todos, mas no caso “Une Jeunesse Allemande” não funcionou bem assim. Quer explicar o porquê dessa decisão?

Simplesmente não tem a ver comigo, mas sim com a produção. Porque o cinema é arte e também indústria, e para fazê-lo é preciso dinheiro, então arranjei quem o financiasse e esses mesmos produtores querem o seu dinheiro de volta. É assim que funciona, trata-se de um produto, não se pode divulgar gratuitamente na internet, essas pessoas [produtores] querem a sua “fatia“. Obviamente que para mim, enquanto realizador, é preferível partilhar os meus filmes de maneira que todos possam vê-los.

Foi curioso referir o seu filme como produto, por norma os realizadores evitam esse mesmo adjetivo.

O problema do cinema é que ela é uma indústria. Político, autoral, etc, faz tudo parte da indústria. Como eu fiz muitos filmes sem dinheiro, os festivais sempre foram importantes para a divulgação dos meus filmes, exceto, obviamente, a internet. Mas quando iniciei não havia internet e mesmo assim ela não é suficiente. Por exemplo, eu próprio não gosto de ver filmes na internet, prefiro ir a um cinema ou até mesmo ter um DVD. Mas como realizador preciso de ir a todo o lado. É um preço a pagar para quem deseja fazer filmes.

E quanto a novos projetos?

Vou apostar num filme de ficção acerca de Hiroxima.

Ficção? Quer falar melhor sobre esse projeto?

De certa maneira será uma metáfora sobre o que Hiroxima “aprendeu“. Passei algum tempo na cidade, em preparações para o meu “200,000 Phantoms”, ouvi os seus habitantes, os sobreviventes da catástrofe, os testemunhos. Com tal experiência senti-me mais livre, o facto de ter em minha posse este tipo de História e o conhecimento gerado por este. Uma História preciosa, e igualmente frágil, porque os sobreviventes tentam lutar para serem felizes, mesmo tendo em conta tudo aquilo que passaram. Ou seja, terem a possibilidade de serem felizes, combatendo tudo aquilo que poderá destruir o mundo. Este filme trará não uma questão política, mas sim de como lidamos com o tempo.

Melodia de Van Halen comanda colectânea de juventude

Hugo Gomes, 02.05.16

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Dazed and Confused”, que por cá obteve o título de “Juventude Inconsciente”, reivindicou um efeito proustiano nos espectadores de 1993, ano em que a obra estreou nos cinemas. É que este espontâneo filme do “hiperativo” Richard Linklater trouxe-nos à memória, algo mais que um retorno à década de 70 com todos os seus “adornos” e marcos, mas sim a juventude de cada um. Sem ser específico nesta detenção de recordações, “Juventude Inconsciente” teve como enredo um grupo de jovens a viverem o seu último dia de aulas de liceu, depois disto só mesmo a Universidade, o destino que muitos destes partilham num dia pleno de “liberdade“. Disposto por uma rebeldia única, cujas intrigas encontram-se endereçadas nas espontaneidades destas personagens “abertas” e “intermitentes” (o espectador apenas sabe tão pouco de cada uma delas, e o que conhece é somente aquilo que as personagens estão dispostas a distribuir).

São 24 horas descritas de pura imersão neste mundo inconsequente, onde a folia é a palavra de ordem e o futuro, algo não desejado e ainda disforme. Mas passados 23 anos, surge uma sequela que só vem a confirmar o quanto Linklater não gosta de estar parado. Contudo, este “Todos Querem o Mesmo” (tendo como título original “Everybody Wants Some!!”, como tributo à homónima  música de Van Halen) está mais próximo do anterior “Boyhood” do que propriamente da referida prequela. Até porque a edição neste capítulo tem uma presença mais prejudicial no próprio decorrer temporal na narrativa.

Enquanto que em “Juventude Inconsciente”, a “intriga” foi nos entregue como um cartão de visita para um dia na vida destas personagens, em “Todos Querem o Mesmo”, a proposta torna-se mais ambiciosa e simultaneamente mais simples de transcrever para o grande ecrã: o último fim-de-semana de férias de um caloiro universitário, que porventura foi uma das personagens destaque do filme de 1993. Esse, e mais uma personagem repetente que surge lá pelo meio, são as únicas ligações “vivas” com a anterior de Linklater.

Neste fim de semana que antecede a mais um ciclo de rotinas, “liberdade” é vendida, como é de esperar, ao redor de três elementos – álcool, droga e sexo. Porém, ao contrário do que esses trindade de fatores poderia culminar, provavelmente uma qualquer “canção” de rockstar, a verdade em que em Todos Querem o Mesmo, o teor é ingénuo, apenas descontraído e isento de qualquer julgamento vindo para lá do politicamente correto ou da propaganda de mocidade. A sensação é simples, é como se as personagens e o próprio espectador experienciasse pela primeira vez essas ditas experiências ao som de uma coletânea musical dos anos 80.

Mas voltando ao tema da edição: devido à narrativa centrada em três dias, onde vemos jovens a serem inconsequentemente jovens, o filme possui uma maior manipulação quanto à edição e a respectiva influência no tempo decorrido. Entre outras, a edição torna-se mais omnipresente, visto que chega a funcionar em prol das emoções das personagens, como por exemplo, o slow motion e cabelos “ao vento” tão digno das enésimas comédias adolescentes. Chegamos até a sentir saudades da entrega ao natural de Juventude Inconsciente, provavelmente uma das propostas mais bem-vindas do cinema pseudo-neorealista dos anos 90.

Mas existe todo aquele senso nostálgico digno de Richard Linklater, um homem que tão bem filma atos de camaradagem como de puro hedonismo juvenil. Talvez a culpa desta “inferioridade” nesta revisão, não seja do realizador, da reciclagem das histórias, da sua esperada edição, da falta de naturalismo apresentado, mas sim dos anos. Como sabem são os 80 e não os libertadores e rebeldes 70, como se costuma dizer. Não sei se tal terá alguma influência, mas é certo que a surpresa dissipou, o que vemos é uma aventura que se gostaria de recordar, infelizmente sem esses referidos momentos “proustianos“.

Um café com Vincent Macaigne: conversa com o "furacão" e ator de "Deux Amis"

Hugo Gomes, 01.05.16

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Une histoire américaine (Armel Hostiou, 2015)

O “furacão” Macaigne, como é assim apelidado pela imprensa, esteve em Portugal por alturas do Indielisboa. O festival lisboeta dedicou-lhe uma retrospetiva sobre o seu incansável trabalho como ator, produtor e realizador, e salientou o seu tremendo contributo para com as novas gerações que atualmente surgem no cinema francês. Falei com este “Herói Independente“.

É a sua primeira vez em Lisboa?

Sim, esta é a minha primeira vez. Tenho andado por aí a ver a cidade e Lisboa é realmente um local bonito … e bastante louco.

Como se sente ao saber que um festival lhe dedica uma retrospetiva?

Como eu me sinto? Bem, é bastante estranho porque eu não me sinto assim tão velho.

Acredita que as retrospetivas são para “velhos”?

Não nesse sentido, eu acredito que quando um festival dedica-te uma retrospetiva, é sinal de que algo precisa de mudar na tua carreira, ou seja, a partir daqui devo fazer algo diferente.

E ao saber que o festival dedicou-lhe uma retrospetiva em conjunto com a de Paul Verhoeven?

Bem, faz-me sentir bem pior em relação à velhice (risos). Agora a sério, é uma honra estar lado a lado com este cineasta, como homenageado num festival.

Em “Eden”, de Mia Hansen-Løve, Vincent interpreta uma personagem que a certa altura aclama o “infame” “Showgirls”, de Verhoeven, como uma obra-prima. Já viu o filme e partilha a mesma opinião da sua personagem?

Sim, eu vi o filme, mas posso dizer que não concordo com a palavra “obra-prima”. Essa frase é exclusiva da minha personagem, não partilho dessa opinião.

Em 2013, com três filmes em competição no Festival de Cannes, consideraram-no numa espécie de revelação do cinema francês, um novo “Depardieu” para ser mais específico. Foi, de certa maneira, nessa altura que se tornou uma presença habitual da mesma cinematografia. O que lhe fez interessar repentinamente pelo cinema?

Quanto à minha presença em Cannes, não foi bem isso que aconteceu. Apenas entrei em três filmes que porventura conseguiram integrar a seleção de Cannes, não fui nenhuma revelação como a imprensa apelidou. Todos os anos existe sempre um ator ou uma atriz que entra em mais do que um filme em Cannes e pronto, temos a revelação do ano. Quanto ao meu interesse no cinema, não foi algo que nasceu de repente, já possuía esse interesse há muitos anos, desde os meus tempos no Conservatório Nacional, apenas não havia ainda encontrado o melhor momento para fazer parte da indústria.

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Eden (Mia Hansen-Løve, 2015)

Um dos seus trabalhos mais recentes foi na produção "Les Deux Amies", no qual foi dirigido e contracenou com Louis Garrel. É bem verdade que vocês já se conheciam? Como foi trabalhar com Garrel como realizador?

Eu conhecia Louis Garrel desde os tempos do Conservatório Nacional, participamos em algumas peças juntos e desde então tornamo-nos amigos. Entretanto entrei na sua curta de “La Règle de Trois” e a coisa até correu bastante bem. Algum tempo depois convidou-me para integrar o elenco da sua primeira longa-metragem, “Les Deux Amies”, e obviamente aceitei. Louis tem muito talento e divertidas ideias fixas. Mesmo tendo sido o seu primeiro grande filme, soube perfeitamente lidar com todo o tipo de situações que poderia prejudicar qualquer “novato“. Digamos que o cinema está no seu gene.

Já que refere o Conservatório Nacional, para si qual é o mais desafiante, o teatro ou o cinema? Qual deles prefere?

São dois “palcos” completamente diferentes. No teatro, o espectador vê o presente e o ator representa o momento. No cinema, é uma questão de memória, o espectador vê uma interpretação ultrapassada, apenas gravada. Ao contrário do teatro, o cinema mexe no passado das coisas. Outro exemplo é quando adotamos uma personagem no teatro e esta tem tendência a alterar-se em cada sessão, existe um improviso evidente. No cinema, a personagem é trabalhada e depois de filmada é tudo aquilo que está exposto e pronto.

Voltando ao ponto da imprensa, esta refere-lhe que de certa maneira está a levar o cinema francês para uma Nova Vaga. Concorda?

Não me considero como tal, por vezes a imprensa exagera nos títulos e nas descrições. Apenas gosto de representar e estou aberto para qualquer proposta, seja cinema de autor ou filmes de alto orçamento. Aliás, eu entrei recentemente em "Les Innocentes", de Anne Fontaine, que é um filme grande.

O que tem a dizer sobre o estado atual do cinema francês?

É uma indústria muito diversificada, são vários os filmes gerados por ano, penso que sejam mais de mil, não tenho a certeza. É muito difícil avaliar qualquer tipo de estado.

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La Fille du 14 juillet (Antonin Peretjatko, 2013)

Quanto a novos projetos?

Neste momento encontro-me em plenas filmagens de “Les Philosophes”, um filme de Guilhem Amesland, e estarei no elenco de “La Loi de la Jungle”, que foi rodado na Amazónia e é escrito e realizado por Antonin Peretjatko que é o mesmo de “A Rapariga de 14 de Julho”.

Existe a possibilidade desse último filme estar em algum festival?

Julgo que não, “La Loi de la Jungle” tem estreia marcada para julho.

Gostaria de regressar a Cannes?

Sinceramente, Cannes é um ótimo festival para filmes, mas para mim é muita confusão, uma pessoa não consegue desfrutar aquilo direito. Prefiro festivais mais pequenos como este aqui. Uma pessoa pode ver filmes, conviver, fazer turismo com a maior das tranquilidades e isso é precioso.

Se recebesse algum convite para Hollywood, aceitaria?

Claro que sim, mas duvido que me convidem até porque tenho grande dificuldade em falar inglês.

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